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"É hora de ser prudente", diz vice-presidente do Citi

Em entrevista a EXAME, vice-presidente sênior do Citi diz que estamos no meio de uma correção dos mercados - a questão é quão profunda ela vai ser

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h34.

Existem semelhanças entre a situação da economia global hoje e o período que antecedeu a Primeira Guerra Mundial. A opinião é de Bill Rhodes, vice-presidente sênior do Citi e um dos principais arquitetos da renegociação da dívida externa dos países emergentes na década de 80. Leia a seguir os principais trechos da entrevista concedida a EXAME do escritório do Citi em Nova York:

EXAME - A turbulência atual dos mercados pode ter conseqüências mais sérias?

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Rhodes - Estamos no meio de uma correção dos mercados, mas ainda é cedo para dizer quão profunda ela vai ser. A severidade e a duração desse ajuste vai depender dos seus efeitos sobre o consumo dos americanos - segmento que representa dois terços da economia dos Estados Unidos.

EXAME - A alta recorde das bolsas de valores têm fôlego para continuar?

Rhodes - Na minha experiência, os ciclos de expansão nos Estados Unidos tendem a durar entre cinco e sete anos - e já estamos no sexto ano positivo. Vivemos numa tremenda bolha de liquidez, que sustenta essa expansão, mas que não vai durar para sempre. Em algum ponto, a música vai parar. Quem é inteligente está se preparando.

EXAME - A participação dos fundos de hedge e de capital de risco (private equities) na economia global é cada vez maior. Isso pode aprofundar o ajuste?

Rhodes - Ainda não está claro o impacto que isso pode ter. Há os que acham que os fundos de hedge, os private equities e os derivativos de crédito podem ajudar a diluir a crise, por darem muita liquidez aos mercados. Mas há os que acham que eles podem exacerbar a desvalorização se a liquidez secar. A verdade é que esses instrumentos ainda não foram testados numa crise financeira. Nas duas últimas grandes crises - a da Ásia, há exatos dez anos, e a da Rússia, em 1998 -, eles não tinham um papel central na economia mundial. É por isso que os bancos centrais e os reguladores estão preocupados com esses instrumentos.

EXAME - O que poderia causar uma crise na economia global?

Rhodes - O retrocesso da enorme onda de liquidez presente nos mercados mundiais, assim como o aumento do protecionismo e do nacionalismo. Vivemos um período parecido com o que antecedeu a Primeira Guerra Mundial. Hoje, como no início do século 20, o crescimento mundial é generalizado. A Ásia e os países emergentes estão crescendo, a Europa está voltando a crescer. O motor dessa prosperidade é o fluxo de comércio internacional, que pode ser ameaçado por movimentos nacionalistas ou protecionistas. Se tivermos um arrefecimento do comércio por alguma razão, a economia mundial poderá enfrentar problemas sérios.

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