Exame Logo

É hora de comprar dólar, segundo especialistas

Tendência é de alta no longo prazo, e é possível que ocorram repiques nas próximas semanas

Dólar: a cotação, hoje em R$ 3,77, está se mantendo em baixa pela atuação do Banco Central e calmaria no exterior (moodboard/Thinkstock)
DR

Da Redação

Publicado em 27 de novembro de 2015 às 18h01.

São Paulo - O dólar está barato para quem precisa comprar moeda para viajar ou pagar compromissos futuros, afirmam especialistas.

A cotação, hoje em R$ 3,77, está se mantendo em baixa pela atuação do Banco Central (BC), que voltou a oferecer linhas externas e continua com a ração diária de contratos de swap cambial, que dão proteção para a alta do dólar.

Ao mesmo tempo, a calmaria no exterior ajuda a manter o real mais valorizado. Mas a tendência é de alta no longo prazo, e é possível que ocorram repiques nas próximas semanas.

Alguns fatores também podem manter o dólar mais baixo no curto prazo, explica José Raimundo de Faria Júnior, diretor da Wagner Investimentos.

Há a expectativa de entrada no país dos dólares das concessões de usinas hidrelétricas compradas pela chinesa dona da Três Gargantas, de cerca de R$ 10 bilhões, o da fatia da companhia aérea Azul adquirida por outra chinesa, e outros negócios como a compra anunciada hoje do Hospital Samaritano pela americana UnitedHealth, já dona da Amil.

Há ainda o projeto de repatriação de recursos, que apesar de ter sido adiado, ainda pode trazer algum fluxo positivo para o país nos próximos meses.

No cenário externo, o Federal Reserve (Fed, banco central americano) pode ser menos agressivo na alta dos juros e reduzir a alta da moeda no exterior.

Riscos de curto prazo

Para Faria Júnior, porém, a tendência de longo prazo da moeda continua sendo de alta, diante das dificuldades do país em ajustar suas contas fiscais, da possibilidade de rebaixamento da nota de crédito e da turbulência política , que se acentuou nesta semana com a prisão do líder do governo no Senado, Delcídio do Amaral (PT-MS).

Na semana que vem, novas pressões podem ocorrer, uma vez que está prevista a chegada de uma missão da Standard & Poor’s (S&P) para falar com o ministro Joaquim Levy e atualizar as informações sobre a economia brasileira .

A S&P já rebaixou o Brasil, que deixou de ser grau de investimento, mas mantém perspectiva negativa para a nota brasileira e não encontrará um cenário muito positivo para o ajuste fiscal.

Um novo rebaixamento da agência poderia levar as outras duas que ainda mantém o país com selo de bom pagador, a Moody’s e a Fitch, a reavaliar mais cedo a nota brasileira.

Bom para quem precisa de dólar

Ele diz que a recomendação não é para comprar como investimento especulativo, pois há o risco de a moeda cair no curto prazo pelo fluxo de entradas.

“Mas o momento atual deve ser considerado para compras, desde que seja realmente necessário, como hedge para empresas ou para viagens no caso de pessoas físicas”, afirma.

A recomendação é iniciar as compras agora e ir aumentando se a taxa cair. “Mas cuidado se ela subir acima de R$ 3,82″, diz.

Calmaria enganosa

O cenário atual, enganosamente calmo, pode mudar rapidamente, alerta o economista-chefe da NGO Associados, Sidnei Moura Nehme. Para ele, o momento recomenda precaução, com riscos de uma alta do preço da moeda americana “intempestiva e elevada, dada a fragilidade de sua sustentabilidade e também da estratégia que vem sendo usada para apreciar defensivamente o real”.

Nehme lembra que o BC, sem condições de subir mais os juros para segurar a inflação, está recorrendo a “práticas velhas”, de usar o preço da moeda americana como âncora para conter focos inflacionários, “já que a tendo liberado não alcançou os resultados esperados”.

Para ele, o bom resultado da balança comercial não é reflexo da alta do dólar, mas sim da queda na atividade, que reduziu as importações mais do que as exportações.

O estrategista do private bank de um banco estrangeiro, por sua vez, segue recomendando a compra de dólares para seus clientes nos níveis próximos de R$ 3,70.

Para ele, que pediu para não ter seu nome citado, o risco aumentou muito esta semana, após a desarticulação política provocada pela prisão de Delcídio do Amaral.

Além de dólar, ele recomenda papéis do Tesouro corrigidos pela inflação, as NTN-B Principal, mas as de prazo mais longo, além de 2020. As mais curtas já estão muito caras. E papéis prefixados acima de 15%.

Bolsa de valores, somente para quem tiver horizonte de investimento acima de dois anos. “E não é para comprar Índice Bovespa, é preciso procurar empresas menores, que estão atrativas”, diz.

Veja também

São Paulo - O dólar está barato para quem precisa comprar moeda para viajar ou pagar compromissos futuros, afirmam especialistas.

A cotação, hoje em R$ 3,77, está se mantendo em baixa pela atuação do Banco Central (BC), que voltou a oferecer linhas externas e continua com a ração diária de contratos de swap cambial, que dão proteção para a alta do dólar.

Ao mesmo tempo, a calmaria no exterior ajuda a manter o real mais valorizado. Mas a tendência é de alta no longo prazo, e é possível que ocorram repiques nas próximas semanas.

Alguns fatores também podem manter o dólar mais baixo no curto prazo, explica José Raimundo de Faria Júnior, diretor da Wagner Investimentos.

Há a expectativa de entrada no país dos dólares das concessões de usinas hidrelétricas compradas pela chinesa dona da Três Gargantas, de cerca de R$ 10 bilhões, o da fatia da companhia aérea Azul adquirida por outra chinesa, e outros negócios como a compra anunciada hoje do Hospital Samaritano pela americana UnitedHealth, já dona da Amil.

Há ainda o projeto de repatriação de recursos, que apesar de ter sido adiado, ainda pode trazer algum fluxo positivo para o país nos próximos meses.

No cenário externo, o Federal Reserve (Fed, banco central americano) pode ser menos agressivo na alta dos juros e reduzir a alta da moeda no exterior.

Riscos de curto prazo

Para Faria Júnior, porém, a tendência de longo prazo da moeda continua sendo de alta, diante das dificuldades do país em ajustar suas contas fiscais, da possibilidade de rebaixamento da nota de crédito e da turbulência política , que se acentuou nesta semana com a prisão do líder do governo no Senado, Delcídio do Amaral (PT-MS).

Na semana que vem, novas pressões podem ocorrer, uma vez que está prevista a chegada de uma missão da Standard & Poor’s (S&P) para falar com o ministro Joaquim Levy e atualizar as informações sobre a economia brasileira .

A S&P já rebaixou o Brasil, que deixou de ser grau de investimento, mas mantém perspectiva negativa para a nota brasileira e não encontrará um cenário muito positivo para o ajuste fiscal.

Um novo rebaixamento da agência poderia levar as outras duas que ainda mantém o país com selo de bom pagador, a Moody’s e a Fitch, a reavaliar mais cedo a nota brasileira.

Bom para quem precisa de dólar

Ele diz que a recomendação não é para comprar como investimento especulativo, pois há o risco de a moeda cair no curto prazo pelo fluxo de entradas.

“Mas o momento atual deve ser considerado para compras, desde que seja realmente necessário, como hedge para empresas ou para viagens no caso de pessoas físicas”, afirma.

A recomendação é iniciar as compras agora e ir aumentando se a taxa cair. “Mas cuidado se ela subir acima de R$ 3,82″, diz.

Calmaria enganosa

O cenário atual, enganosamente calmo, pode mudar rapidamente, alerta o economista-chefe da NGO Associados, Sidnei Moura Nehme. Para ele, o momento recomenda precaução, com riscos de uma alta do preço da moeda americana “intempestiva e elevada, dada a fragilidade de sua sustentabilidade e também da estratégia que vem sendo usada para apreciar defensivamente o real”.

Nehme lembra que o BC, sem condições de subir mais os juros para segurar a inflação, está recorrendo a “práticas velhas”, de usar o preço da moeda americana como âncora para conter focos inflacionários, “já que a tendo liberado não alcançou os resultados esperados”.

Para ele, o bom resultado da balança comercial não é reflexo da alta do dólar, mas sim da queda na atividade, que reduziu as importações mais do que as exportações.

O estrategista do private bank de um banco estrangeiro, por sua vez, segue recomendando a compra de dólares para seus clientes nos níveis próximos de R$ 3,70.

Para ele, que pediu para não ter seu nome citado, o risco aumentou muito esta semana, após a desarticulação política provocada pela prisão de Delcídio do Amaral.

Além de dólar, ele recomenda papéis do Tesouro corrigidos pela inflação, as NTN-B Principal, mas as de prazo mais longo, além de 2020. As mais curtas já estão muito caras. E papéis prefixados acima de 15%.

Bolsa de valores, somente para quem tiver horizonte de investimento acima de dois anos. “E não é para comprar Índice Bovespa, é preciso procurar empresas menores, que estão atrativas”, diz.

Acompanhe tudo sobre:Banco CentralCâmbioCrise econômicaDólareconomia-brasileiraMercado financeiroMoedasPolítica

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Minhas Finanças

Mais na Exame