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DIs disparam após S&P rebaixar Brasil ao grau especulativo

As taxas dos contratos de juros futuros dispararam hoje, com investidores exigindo rendimentos maiores de papéis de dívida do Brasil após rebaixamento da S&P

A agência de classificação de risco Standard and Poor's (Eric Piermont/AFP)
DR

Da Redação

Publicado em 10 de setembro de 2015 às 17h10.

São Paulo - As taxas dos contratos de juros futuros dispararam nesta quinta-feira, com investidores exigindo rendimentos maiores de papéis de dívida do Brasil após a Standard & Poor's rebaixar o Brasil ao grau especulativo, aumentando a pressão para que o Banco Central volte a elevar os juros em breve.

O contrato para janeiro de 2017, por exemplo, fechou a 15,28 por cento, contra 14,90 por cento na véspera. Já o DI para janeiro de 2021 avançou 0,41 ponto percentual, a 15,15 por cento.

"Para o BC evitar mais fugas de capital, pode ter que elevar os juros", disse o operador da corretora Renascença Thiago Castellan Castro, ressaltando também que a reação do governo ao rebaixamento da S&P decepcionou. "A falta de um anúncio produtivo, corte de gastos, fez o humor azedar", acrescentou.

A agência de classificação de risco S&P rebaixou o Brasil para "BB+", contra "BBB-", dias após o governo prever inédito déficit primário em 2016. Além de remover o grau de investimento, a S&P sinalizou que pode colocar o país ainda mais para dentro do território especulativo, ao manter a perspectiva negativa para a nota de crédito brasileira, o que significa que novo rebaixamento pode ocorrer no curto prazo.

A decisão levou o dólar a disparar a até 3,91 reais nesta manhã, maior nível desde o fim de 2002, aproximando-se das máximas históricas.

O fortalecimento da moeda norte-americana tende a aumentar a inflação, uma vez que encarece importados. A alta dos DIs ganhou mais um impulso no fim da sessão durante entrevista do ministro da Fazenda, Joaquim Levy. Investidores esperavam anúncio de corte de gastos, medida que julgam necessária para o reequilíbrio das contas públicas do país, e tiveram essas esperanças frustradas.

Segundo operadores, a curva de DIs passou a apontar aumento de mais de 0,75 ponto percentual na Selic ao todo em 2015. Muitos agentes financeiros ressaltaram que essa precificação contém alguns exageros e deve ser reduzida nas próximas semanas, na ausência de grandes surpresas, embora a probabilidade de aumentos de juros no curto prazo não deva desaparecer por completo.

"A chance de o BC subir a Selic cresceu, mas muito disso é prêmio (de risco). O mercado está muito assustado", disse o estrategista de renda fixa da corretora Coinvalores, Paulo Celso Nepomuceno.

Essa impressão foi reforçada também pela ata do Comitê de Política Monetária (Copom) divulgada no começo desta manhã. Apesar de dizer respeito a informações anteriores à decisão da S&P, o BC fez menção aos elevados prêmios de risco nos mercados financeiros, ressaltando que a política monetária tem de se manter vigilante nesse cenário.

O banco BBVA afirmou em nota a clientes que a ata mostra que "mais entraves fiscais ou depreciação cambial adicional podem desencadear doses extras de aperto monetário".

No encontro da última semana, o BC interrompeu o ciclo de aperto monetário e manteve a Selic em 14,25 por cento ao ano.

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São Paulo - As taxas dos contratos de juros futuros dispararam nesta quinta-feira, com investidores exigindo rendimentos maiores de papéis de dívida do Brasil após a Standard & Poor's rebaixar o Brasil ao grau especulativo, aumentando a pressão para que o Banco Central volte a elevar os juros em breve.

O contrato para janeiro de 2017, por exemplo, fechou a 15,28 por cento, contra 14,90 por cento na véspera. Já o DI para janeiro de 2021 avançou 0,41 ponto percentual, a 15,15 por cento.

"Para o BC evitar mais fugas de capital, pode ter que elevar os juros", disse o operador da corretora Renascença Thiago Castellan Castro, ressaltando também que a reação do governo ao rebaixamento da S&P decepcionou. "A falta de um anúncio produtivo, corte de gastos, fez o humor azedar", acrescentou.

A agência de classificação de risco S&P rebaixou o Brasil para "BB+", contra "BBB-", dias após o governo prever inédito déficit primário em 2016. Além de remover o grau de investimento, a S&P sinalizou que pode colocar o país ainda mais para dentro do território especulativo, ao manter a perspectiva negativa para a nota de crédito brasileira, o que significa que novo rebaixamento pode ocorrer no curto prazo.

A decisão levou o dólar a disparar a até 3,91 reais nesta manhã, maior nível desde o fim de 2002, aproximando-se das máximas históricas.

O fortalecimento da moeda norte-americana tende a aumentar a inflação, uma vez que encarece importados. A alta dos DIs ganhou mais um impulso no fim da sessão durante entrevista do ministro da Fazenda, Joaquim Levy. Investidores esperavam anúncio de corte de gastos, medida que julgam necessária para o reequilíbrio das contas públicas do país, e tiveram essas esperanças frustradas.

Segundo operadores, a curva de DIs passou a apontar aumento de mais de 0,75 ponto percentual na Selic ao todo em 2015. Muitos agentes financeiros ressaltaram que essa precificação contém alguns exageros e deve ser reduzida nas próximas semanas, na ausência de grandes surpresas, embora a probabilidade de aumentos de juros no curto prazo não deva desaparecer por completo.

"A chance de o BC subir a Selic cresceu, mas muito disso é prêmio (de risco). O mercado está muito assustado", disse o estrategista de renda fixa da corretora Coinvalores, Paulo Celso Nepomuceno.

Essa impressão foi reforçada também pela ata do Comitê de Política Monetária (Copom) divulgada no começo desta manhã. Apesar de dizer respeito a informações anteriores à decisão da S&P, o BC fez menção aos elevados prêmios de risco nos mercados financeiros, ressaltando que a política monetária tem de se manter vigilante nesse cenário.

O banco BBVA afirmou em nota a clientes que a ata mostra que "mais entraves fiscais ou depreciação cambial adicional podem desencadear doses extras de aperto monetário".

No encontro da última semana, o BC interrompeu o ciclo de aperto monetário e manteve a Selic em 14,25 por cento ao ano.

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