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Crédito ao consumidor deve quebrar a barreira dos R$ 100 bi até julho

Se o ritmo de crescimento das operações continuar como nos dois últimos meses, o recorde;será rompido ainda neste mês, de acordo com a Partner Consultoria

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h34.

Na pior das hipóteses, o saldo total de crédito ao consumidor ultrapassará a barreira de 100 bilhões de reais em julho, volume inédito para a economia brasileira. Mas, se o ritmo de crescimento das operações continuar como nos dois últimos meses, o limite será rompido ainda neste mês. A previsão é do diretor da consultoria Partner, Álvaro Musa, baseado em dados do Banco Central (BC). "Houve uma expansão bastante acelerada do crédito, principalmente nos últimos seis meses", afirma ele.

Em maio, o saldo total de crédito foi de 97,2 bilhões de reais ( veja quadro abaixo ). A cifra é 2,1% maior que a de abril e 15% maior que a de maio do ano passado. O crédito pessoal, cujo saldo foi de 35,8 bilhões de reais, foi o que mais cresceu no último mês (3,5%) e no confronto com maio de 2003 (25,5%). Para Musa, a contratação de crédito pessoal para quitar dívidas antigas não é suficiente para explicar a demanda por este produto. "É verdade que parte dos consumidores estão trocando dívidas antigas, mais caras, por dívidas novas, mas o volume real de crédito está crescendo. Não há apenas uma troca, mas dinheiro novo chegando", diz. Como comparação, Musa cita que, no início do Plano Real, em 1994, o saldo total de crédito era de 25 bilhões de reais.

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As operações consignadas (aquelas com desconto em folha de pagamento) também ajudaram a elevar a participação do crédito pessoal. Segundo dados do BC citados pelo executivo, essa modalidade aumentou 22,8% de janeiro a abril, alcançando 6,9 bilhões de reais.

Na outra ponta, o cheque especial é o único produto de crédito em queda neste ano. Em maio, o saldo de crédito gerado pelo cheque especial foi de 10,3 bilhões de reais. A cifra é 0,9% menor que a de abril e 1,2% inferior à de maio de 2003. "O cheque especial foi o produto que menos cresceu nos últimos quatro anos", diz Musa, para quem os consumidores aprenderam a buscar opções mais baratas de crédito.

Juros

A elevação do volume de crédito demandado pelos brasileiros é influenciada pela gradual queda da taxa básica de juros (Selic), que se reflete em reduções menos acentuadas das taxas na ponta do consumior. Mas Musa afirma que há, também, um outro motivo para o aumento do crédito: a confiança dos tomadores. "Tomar crédito, principalmente nas classes C, D e E, tem mais ligação com a confiança no futuro do que com taxas de juros", diz.

Segundo dados da Partner, a taxa média de juros cobrada dos consumidores, em maio, foi de 62,4% ao ano. Isso indica uma redução de 0,9 ponto percentual sobre abril. As linhas de crédito pessoal e de aquisição de bens registraram ligeiras altas, que Musa atribuiu ao aquecimento sazonal de demanda. Em maio, o comércio é aquecido sobretudo pelo movimento do Dia das Mães.

A Partner foi fundada em 1991 e elabora mensalmente índices de acompanhamento de crédito. Seus números são deflacionados pelo Ìndice de Preços ao Consumidor (IPC). A pesquisa também exclui o crédito imobiliário, por não ser diretamente destinado ao consumo.

Saldo de crédito ao consumidor (maio de 2004)
Produto
Saldo (em R$ bilhões)
Variação mensal (em %)
Variação no ano (em %)
Cheque especial
10,3
-0,9
-1,2
Crédito pessoal
35,8
3,5
25,5
Veículos
33,2
1,6
16,9
Aquisição de bens
5,4
0,6
15,7
Cartão de crédito
7
3,2
5,8
Outras
5,4
1,8
-6,2
Total
97,2
2,1
15
Fonte: Partner e Banco Central
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