Minhas Finanças

Como inteligência artificial e educação reduzem o custo do seu crédito

Rebel consegue reduzir em 40% incidência esperada de inadimplência por meio de incentivo à educação financeira e juros mais baixos ao usuário endividado

André Bastos, executivo-chefe de Operação da fintech Rebel: uso de inteligência artificial para reduzir o custo de crédito dos clientes (Recel/Divulgação)

André Bastos, executivo-chefe de Operação da fintech Rebel: uso de inteligência artificial para reduzir o custo de crédito dos clientes (Recel/Divulgação)

MS

Marcelo Sakate

Publicado em 23 de outubro de 2020 às 06h00.

Última atualização em 24 de outubro de 2020 às 06h52.

A nota ou score de crédito calculado a partir do cadastro positivo é a chave para o acesso a crédito com melhores condições, com juros mais baixos. Mas pode ser a ponte para taxas muito mais elevadas. Um consumidor com 300 a 400 pontos no sistema que vai de 0 a 1.000 da Serasa Experian, por exemplo, se enquadra na segunda situação. É considerado um cliente de alto risco: em cada 100 tomadores, 30 vão ficar inadimplentes, segundo modelos com base em milhões de dados de comportamento. As dívidas tiram o seu sono e você não sabe por onde começar a se organizar? A EXAME Academy mostra o caminho.

Mas, para a fintech Rebel, essa equação não tem necessariamente esse resultado temerário. Em cada cem usuários da fintech com 300 a 400 pontos no score da Serasa, 18 acabam se tornando inadimplentes -- classificação dada a quem atrasa uma conta por 90 dias ou mais. Qual a explicação para a diferença de 40%? Educação financeira com inteligência artificial para avaliar com maior assertividade o risco de clientes e, assim, gerar juros mais baixos. É o que afirmam os empreendedores à frente da fintech.

"Queremos que o crédito seja encarado como uma alavanca para que as pessoas possam realizar seus objetivos, não que se transforme em uma bola de neve de endividamento", afirma André Bastos, executivo-chefe de Operações da Rebel.

A educação financeira oferecida pela fintech entra como um atalho para quem quer ter acesso a melhores condições de crédito. Assistiu aulas e consumiu conteúdo sobre finanças pessoais? Ganha pontos que se refletem em juros mais baixos em empréstimo. Parece arriscado? É uma conta que fecha, na medida em que o desenvolvimento de uma consciência financeira se traduz em pessoas que conseguem administrar melhor suas contas e, portanto, evitam atrasos de pagamento.

"Mostramos em que aspectos o cliente tem que melhorar, dentro de suas condições financeiras, para conseguir condições mais favoráveis de crédito", afirma Roberto Ono Filho, cientista-chefe de dados (Chief Data Scientist, em inglês) da Rebel.

Montanha-russa do cartão

Um dos exemplos de lição financeira é o gerenciamento do uso do cartão de crédito, para evitar que haja fortes oscilações de um mês para o outro com despesas que não fazem parte do custo fixo mensal. O objetivo é estimular a regularidade.

Segundo Ono, a análise de dados mostra que a maioria das pessoas que está com dívidas em atraso ou nome "negativado" -- ou prestes a ingressar nesse status -- não o fez por decisão própria, mas por não conseguir gerenciar sua situação financeira.

A estratégia da fintech também passa pela oferta de crédito em melhores condições do que a média de mercado, especialmente em linhas tradicionalmente mais caras. É o caso do cheque especial, cujas taxas de juros médias de mercado estão acima de 110% ao ano (equivalente a 6,4% ao mês). A Rebel oferece um empréstimo com carência de até 30 dias sem juros para o cliente pagar a dívida com o banco. Se não conseguir pagar a linha chamada de "tapa-buraco", assume uma dívida com taxas a partir de 2% ao mês.

"Um dos objetivos é evitar a criação de bolsões de segregação, retirando o viés negativo que foi colocado sobre essa pessoa", diz Ono. Segundo ele, o viés se reflete em juros muito mais elevados do que em outras modalidades, algo que alimenta um círculo vicioso e que dificulta a volta aos pagamentos em dia. "É um ciclo auto-destrutivo."

Não à toa, mais de 60 milhões de brasileiros estavam com dívidas em atraso antes mesmo da pandemia.

Segundo o cientista de dados da Rebel, o processo de reequilíbrio das finanças pessoais por meio de educação financeira e melhores condições de crédito começam em geral a apresentar melhorias mais perceptíveis entre seis e oito meses depois do início.

Em uma janela de doze meses, a Rebel consegue melhorar a condição financeira de três em cada quatro usuários, seja por meio da redução do custo de crédito ou da menor probabilidade de cair na inadimplência, algo que guarda correlação entre si.

Com mais de três anos de existência, a Rebel superou a marca de 100 milhões de reais em crédito concedido. No fim do ano passado, a fintech entrou na lista elaborada pela consultoria KPMG das 100 startups mais inovadoras do mundo.

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