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Como o PIBinho e o desânimo na economia mexem com seu bolso

Especialistas recomendam mais cautela ao investir na Bolsa e foco em aplicações que permitem o resgate imediato dos recursos

Mais dinheiro no bolso: Com a economia enfraquecida e a taxa Selic em alta, a Bolsa perde atratividade (Dreamstime.com)
DR

Da Redação

Publicado em 28 de abril de 2014 às 07h53.

São Paulo – Foi divulgado nesta terça-feira o PIB do terceiro trimestre de 2013, que registrou uma queda de 0,5% em relação ao segundo trimestre.  Além da retração no PIB, na semana passada foi anunciado que as contas do governo central tiveram déficit primário de 10,5 bilhões de reais em setembro, o pior resultado desde 1997. Diante dos fracos resultados, como ficam os investimentos pessoais ?

EXAME.com consultou especialistas em finanças pessoais para comentar como o “PIBinho” e o desanimador cenário macroeconômico como um todo influencia a vida do pequeno investidor.

Segundo Luiz Krempel, CFP, planejador financeiro do GuiaBolso.com certificado pelo Instituto Brasileiro de Certificação de Profissionais Financeiros (IBCPF), uma das principais providências que o investidor deve tomar em função do cenário enfraquecido é o fortalecimento da sua reserva de emergência.

“O PIB mais fraco é reflexo do consumo das famílias. O endividamento está alto e o crescimento de renda do brasileiro vem desacelerando. É preciso ter uma preocupação grande em relação à reserva de segurança para esse cenário de confiança abalada do país. O desemprego pode ter leve uma alta e as pessoas devem se preparar para qualquer imprevisto aliado a isso”, afirma Krempel.

Essa reserva, também chamada no jargão das finanças pessoais de colchão financeiro, tem o objetivo de impedir que o poupador se endivide em uma situação imprevista, como a perda de emprego. Especialistas recomendam que o colchão equivalha a seis meses de renda ou mais.

Sérgio Goldman, sócio da gestora de patrimônio Maximizar, endossa a importância da reserva de emergência, mas não acredita que o risco de desemprego seja maior agora. “Eu acho que a taxa de desemprego ainda é muito baixa. Eu concordo que é importante ter uma reserva para eventuais notícias negativas, mas eu diria que o aumento do desemprego no geral tem um risco baixo”, diz.

Os especialistas ressaltam que a reserva de emergência deve ser formada por investimentos de alta liquidez, ou seja, que permitam o resgate a qualquer momento. Algumas das aplicações financeiras indicadas para isso, segundo eles, são a poupança e os fundos de renda fixa de curto prazo.

Cautela

Goldman e Krempel afirmam que a palavra de ordem neste momento é cautela. Eles defendem que o resultado do PIB não muda muito a vida do pequeno investidor, mesmo porque o fraco crescimento já era esperado, mas enfatizam que o momento exige um comportamento mais conservador nos investimentos, sobretudo em ações.

“A queda do PIB era relativamente esperada, então não há grandes surpresas que justifiquem muitas mudanças em relação aos investimentos, mas daqui para frente o que nós vamos ter é um cenário ainda mais negativo para a Bolsa como classe de ativos”, afirma Sérgio Goldman.

Segundo ele, mais do que o fraco crescimento da economia brasileira , pesam para o pior desempenho da Bovespa a deterioração das contas públicas e a retirada dos estímulos econômicos nos Estados Unidos por parte do FED , o banco central norte-americano.

“Duas palavras devem ser levadas em consideração: cautela e flexibilidade. Nós vamos ter um período de eventos importantes, com destaque para a retirada dos estímulos do FED. Em parte isso já esta no preço, mas quando efetivamente ocorrer vai haver novo impacto negativo para o investidor dos mercados emergentes", diz o sócio da Maximizar.


Para ele, o investidor tem duas opções: evitar totalmente a exposição a esse risco da Bolsa, investindo em ativos com baixíssimo risco, como a poupança e os fundos de renda fixa , mas abrindo mão de retornos maiores; ou montar uma carteira de investimentos balanceada que permita migrar de uma aplicação para outra com agilidade.

O Planejador do GuiaBolso.com acrescenta que além dos fatores já citados, a Bolsa também perde a atratividade por causa da taxa Selic mais alta, que beneficia as aplicações de renda fixa.

Por outro lado, Krempel ressalta que é preciso também cuidado para que o investidor não perca dinheiro saindo da Bolsa: “A Bolsa tem sido castigada há alguns anos, então as pessoas tendem a migrar todos os investimentos para a renda fixa, mas é preciso ter cuidado porque ao fazer isso o investidor pode perder um bom movimento de alta da Bolsa”, diz .

Outro ponto de atenção que o investidor deve ter ao alocar seus recursos na renda fixa é não ir com "muita sede ao pote" ao comprar títulos do Tesouro Direto , conforme defende Krempel. Segundo ele, ainda que as taxas estejam atrativas agora, a Selic deve subir ainda mais e os títulos pré-fixados - que sofrem influência da taxa -  comprados agora podem oferecer remunerações menores do que os títulos vendidos mais para frente, o que pode gerar prejuízos para o investidor que vender seu título antes do vencimento.

Equilíbrio

Para que não seja preciso abrir mão totalmente da busca por altos retornos em Bolsa, nem correr grandes riscos ao se expor demais a um mercado acionário em baixa, os especialistas orientam que os investimentos sejam diversificados.

“Em função das incertezas que devemos viver no próximo ano, a parcela alocada em ativos de liquidez deve ser maior, mas isso não impede que o investidor também aplique em ações focando o longo prazo. A melhor opção sempre será o balanceamento da carteira”, diz Sérgio Goldman.

Luiz Krempel recomenda que os investidores dividam seus investimentos em três frentes: a reserva de emergência; os investimentos com foco no longo prazo e na aposentadoria ; e os investimentos focados no médio prazo, voltados a objetivos como a realização de viagens ou a compra de um imóvel.

Segundo ele, os investimentos em ações devem fazer parte apenas da estratégia de longo prazo. Dessa forma, o investidor não precisa se preocupar tanto com cada movimento de oscilação da economia. “O investimento em ações deve ser feito em um prazo de cinco anos, pelo menos. Assim o investidor tem um cenário não tão momentâneo e fica bem colocado em um eventual movimento de alta na Bolsa, o que é super importante para a diversificação do portfólio”, comenta o planejador do GuiaBolso.com.

Ainda que as questões macroeconômicas devam ficar no radar do pequeno investidor para que sejam evitados prejuízos, a análise sobre os impactos da economia nos investimentos pessoais pode ser extremamente complexa.

“Para o leigo é muito complexo não só acompanhar como entender as interligações de todas essas notícias. Por isso, o mais importante para a pessoa física é ter um conselheiro que possa fazer esse trabalho para ela”, conclui Goldman.

Veja no vídeo a seguir por que o longo prazo é tão importante ao investir em ações.

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São Paulo – Foi divulgado nesta terça-feira o PIB do terceiro trimestre de 2013, que registrou uma queda de 0,5% em relação ao segundo trimestre.  Além da retração no PIB, na semana passada foi anunciado que as contas do governo central tiveram déficit primário de 10,5 bilhões de reais em setembro, o pior resultado desde 1997. Diante dos fracos resultados, como ficam os investimentos pessoais ?

EXAME.com consultou especialistas em finanças pessoais para comentar como o “PIBinho” e o desanimador cenário macroeconômico como um todo influencia a vida do pequeno investidor.

Segundo Luiz Krempel, CFP, planejador financeiro do GuiaBolso.com certificado pelo Instituto Brasileiro de Certificação de Profissionais Financeiros (IBCPF), uma das principais providências que o investidor deve tomar em função do cenário enfraquecido é o fortalecimento da sua reserva de emergência.

“O PIB mais fraco é reflexo do consumo das famílias. O endividamento está alto e o crescimento de renda do brasileiro vem desacelerando. É preciso ter uma preocupação grande em relação à reserva de segurança para esse cenário de confiança abalada do país. O desemprego pode ter leve uma alta e as pessoas devem se preparar para qualquer imprevisto aliado a isso”, afirma Krempel.

Essa reserva, também chamada no jargão das finanças pessoais de colchão financeiro, tem o objetivo de impedir que o poupador se endivide em uma situação imprevista, como a perda de emprego. Especialistas recomendam que o colchão equivalha a seis meses de renda ou mais.

Sérgio Goldman, sócio da gestora de patrimônio Maximizar, endossa a importância da reserva de emergência, mas não acredita que o risco de desemprego seja maior agora. “Eu acho que a taxa de desemprego ainda é muito baixa. Eu concordo que é importante ter uma reserva para eventuais notícias negativas, mas eu diria que o aumento do desemprego no geral tem um risco baixo”, diz.

Os especialistas ressaltam que a reserva de emergência deve ser formada por investimentos de alta liquidez, ou seja, que permitam o resgate a qualquer momento. Algumas das aplicações financeiras indicadas para isso, segundo eles, são a poupança e os fundos de renda fixa de curto prazo.

Cautela

Goldman e Krempel afirmam que a palavra de ordem neste momento é cautela. Eles defendem que o resultado do PIB não muda muito a vida do pequeno investidor, mesmo porque o fraco crescimento já era esperado, mas enfatizam que o momento exige um comportamento mais conservador nos investimentos, sobretudo em ações.

“A queda do PIB era relativamente esperada, então não há grandes surpresas que justifiquem muitas mudanças em relação aos investimentos, mas daqui para frente o que nós vamos ter é um cenário ainda mais negativo para a Bolsa como classe de ativos”, afirma Sérgio Goldman.

Segundo ele, mais do que o fraco crescimento da economia brasileira , pesam para o pior desempenho da Bovespa a deterioração das contas públicas e a retirada dos estímulos econômicos nos Estados Unidos por parte do FED , o banco central norte-americano.

“Duas palavras devem ser levadas em consideração: cautela e flexibilidade. Nós vamos ter um período de eventos importantes, com destaque para a retirada dos estímulos do FED. Em parte isso já esta no preço, mas quando efetivamente ocorrer vai haver novo impacto negativo para o investidor dos mercados emergentes", diz o sócio da Maximizar.


Para ele, o investidor tem duas opções: evitar totalmente a exposição a esse risco da Bolsa, investindo em ativos com baixíssimo risco, como a poupança e os fundos de renda fixa , mas abrindo mão de retornos maiores; ou montar uma carteira de investimentos balanceada que permita migrar de uma aplicação para outra com agilidade.

O Planejador do GuiaBolso.com acrescenta que além dos fatores já citados, a Bolsa também perde a atratividade por causa da taxa Selic mais alta, que beneficia as aplicações de renda fixa.

Por outro lado, Krempel ressalta que é preciso também cuidado para que o investidor não perca dinheiro saindo da Bolsa: “A Bolsa tem sido castigada há alguns anos, então as pessoas tendem a migrar todos os investimentos para a renda fixa, mas é preciso ter cuidado porque ao fazer isso o investidor pode perder um bom movimento de alta da Bolsa”, diz .

Outro ponto de atenção que o investidor deve ter ao alocar seus recursos na renda fixa é não ir com "muita sede ao pote" ao comprar títulos do Tesouro Direto , conforme defende Krempel. Segundo ele, ainda que as taxas estejam atrativas agora, a Selic deve subir ainda mais e os títulos pré-fixados - que sofrem influência da taxa -  comprados agora podem oferecer remunerações menores do que os títulos vendidos mais para frente, o que pode gerar prejuízos para o investidor que vender seu título antes do vencimento.

Equilíbrio

Para que não seja preciso abrir mão totalmente da busca por altos retornos em Bolsa, nem correr grandes riscos ao se expor demais a um mercado acionário em baixa, os especialistas orientam que os investimentos sejam diversificados.

“Em função das incertezas que devemos viver no próximo ano, a parcela alocada em ativos de liquidez deve ser maior, mas isso não impede que o investidor também aplique em ações focando o longo prazo. A melhor opção sempre será o balanceamento da carteira”, diz Sérgio Goldman.

Luiz Krempel recomenda que os investidores dividam seus investimentos em três frentes: a reserva de emergência; os investimentos com foco no longo prazo e na aposentadoria ; e os investimentos focados no médio prazo, voltados a objetivos como a realização de viagens ou a compra de um imóvel.

Segundo ele, os investimentos em ações devem fazer parte apenas da estratégia de longo prazo. Dessa forma, o investidor não precisa se preocupar tanto com cada movimento de oscilação da economia. “O investimento em ações deve ser feito em um prazo de cinco anos, pelo menos. Assim o investidor tem um cenário não tão momentâneo e fica bem colocado em um eventual movimento de alta na Bolsa, o que é super importante para a diversificação do portfólio”, comenta o planejador do GuiaBolso.com.

Ainda que as questões macroeconômicas devam ficar no radar do pequeno investidor para que sejam evitados prejuízos, a análise sobre os impactos da economia nos investimentos pessoais pode ser extremamente complexa.

“Para o leigo é muito complexo não só acompanhar como entender as interligações de todas essas notícias. Por isso, o mais importante para a pessoa física é ter um conselheiro que possa fazer esse trabalho para ela”, conclui Goldman.

Veja no vídeo a seguir por que o longo prazo é tão importante ao investir em ações.

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