Como investir em 2011, segundo o BofA Merrill Lynch
Banco acredita que investidor deve migrar para bolsa ou aproveitar os juros altos dos papéis de renda fixa de longo prazo
Da Redação
Publicado em 15 de dezembro de 2010 às 05h36.
O Bank of America Merrill Lynch divulgou suas estratégias de investimento para 2011. O banco está otimista com as bolsas dos países emergentes, dos Estados Unidos e da Alemanha. Mas o Brasil não é um dos emergentes favoritos. O banco acredita que se darão melhor os investidores que deslocarem dinheiro para China, Índia, Indonésia e Rússia.
Nem por isso o Brasil deixa de ser uma alternativa interessante. A área de pesquisas do banco acredita que o Ibovespa poderá chegar a 88.000 pontos até o final do próximo ano - o que representa um potencial de alta de 28%. Para os analistas, as melhores opções de investimento na bolsa ainda estão ligadas ao consumo interno. Essas ações subiram bastante neste ano - o Ibovespa só não andou devido às quedas de empresas com peso importante no índice, como a Petrobras e as siderúrgicas. Já os setores de varejo, construção, bancos, educação e saúde, entre outros, tiveram um excelente desempenho.
O BofA acredita na continuidade do movimento de valorização desses papéis porque os lucros das companhias listadas na BM&FBovespa devem crescer em média 24% em 2011. Já as empresas do setor de commodities não devem ter um desempenho tão ruim quanto neste ano, mas ainda assim não serão os destaques da bolsa.
O banco acredita que o petróleo até deve voltar para o patamar de 100 dólares em 2011, mas que o preço médio do barril deve ficar em 85 dólares - algo próximo à cotação atual. O preço das matérias-primas deve ser sustentado pela forte demanda - inclusive inflacionária - dos países emergentes. Por outro lado, joga contra uma alta maior das commodities a expectativa de valorização mundial do dólar. O banco acredita que o euro deva ser cotado a 1,20 dólar ao final do ano que vem. Já no Brasil, a moeda americana deve fechar o ano em 1,85 real - com valorização, portanto.
Renda fixa
Na área de renda fixa, o BofA Merrill Lynch indica investir em contratos de DI futuro para janeiro de 2013 e janeiro de 2014. Virgilio Castro Cunha, diretor da área de pesquisas para a economia brasileira, acredita que é a hora certa para se posicionar em contratos mais longos porque os juros devem subir menos que o esperado pelo mercado e começar a cair já em 2012.
A expectativa do BofA Merrill Lynch é que a Selic suba nas três primeiras reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central e alcance 12,25%. Para a maioria do mercado, no entanto, o BC deve elevar os juros para 12,75%. Cunha discorda porque acredita que a elevação dos depósitos compulsórios para os bancos e o efeito defasado dos aumentos dos juros de 2010 vão desaquecer a economia sem a necessidade de um aperto monetário tão grande.
Caso o ruído político em torno da saída de Henrique Meirelles do comando do BC não tivesse sido tão grande, ele acredita que o banco poderia até mesmo manter a taxa inalterada que mesmo assim a inflação voltaria a ficar próxima da meta. "O novo presidente do BC terá de elevar os juros por uma questão de credibilidade. A inflação está muito concentrada nos preços dos alimentos, mas essa pressão deve se dissipar no começo do próximo ano", diz. O economista indica a compra dos contratos de DI futuro em dias de divulgação de índices altos de inflação para obter as melhores taxas de juros.
Na área fiscal, o mercado vai esperar para ver quais medidas serão adotadas pelo novo governo. O ministro Guido Mantega, da Fazenda, já chegou a prometer um superávit primário maior do que a meta de 2011, de 3,1% do PIB. No entanto, o mercado quer ver medidas concretas antes que haja a redução dos juros futuros. Os investidores gostariam de ver aprovado o aumento do salário mínimo para 540 reais, como determina a lei. Também esperam o anúncio de contingenciamentos do Orçamento de 2011.
Essas medidas seriam suficientes para reverter a má impressão criada pelo aumento dos gastos do governo nos últimos anos. A avaliação é que mesmo nos anos em que cumpriu a meta fiscal, a equipe econômica pôde contar com aumentos na arrecadação. Agora seria a hora de cortar gastos.
Mesmo com juros mais altos e menor incentivo governamental para a economia, o BofA Merrill Lynch prevê um crescimento do PIB de 4,1% para 2011 - ou um pouco abaixo da média mundial, de 4,2%. O resultado global será puxado pelos países emergentes, que terão expansão de 6,4%.
EUA
O BofA Merrill Lynch acredita que a economia americana vai crescer apenas 2,8% no próximo ano. O Federal Reserve só deve começar a retirar os estímulos econômicos quando o desemprego der sinais claros de que entrou em uma trajetória descendente. É provável que a primeira alta de juros só aconteça em 2012.
Outra boa notícia é que a última eleição legislativa, em que o presidente Barack Obama perdeu cadeiras na Câmara e no Senado, serviu para que o governo democrata adotasse uma postura mais amigável aos negócios e decidisse cortar impostos. O único problema grave dos EUA, na verdade, seria na área fiscal. Até o momento, o governo ainda não apresentou um plano que indique uma solução de longo prazo para a crescente dívida pública.
Apesar disso, as bolsas dos EUA vão subir no próximo ano porque os preços das ações estão bastante deprimidos. A previsão é de que o S&P possa chegar a 1.400 pontos ao final de 2011 - um potencial de alta de cerca de 13%. O mercado de títulos de renda fixa concentrou as atenções dos investidores nos últimos dois anos, mas, agora, com spreads tão baixos, seria a hora de os investidores gradativamente voltarem ao mercado de ações.