Exame Logo

Veja como investir para ter uma aposentadoria tranqüila

Especialistas apontam os investimentos mais indicados para manutenção do padrão de vida após a aposentadoria

EXAME.com (EXAME.com)
DR

Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h34.

Os solavancos da Bolsa provocaram algumas perdas, mas não chegaram a assustar o empresário Willian Pesinato, de 58 anos, que acumula suas economias em um fundo de previdência complementar há 25 anos. "Pretendo me aposentar aos 60, mas isso não quer dizer que vou parar totalmente, até porque eu acho que ainda tenho muita força. Claro que vou diminuir o ritmo e até os 70 resolvo quando parar de vez", conta animado.

Veja também

Pesinato dirige a empresa da família, que produz artigos médicos-hospitalares, e também é sócio em um posto de gasolina. Nos investimentos, sempre procurou ser muito conservador. "Meu fundo de previdência era daquele tradicional, só com renda fixa. Há uns quatro anos, o corretor recomendou que eu mudasse para um plano com 20% de renda variável para incrementar um pouco a renda."

Ele revela que nunca investiu diretamente em ações. O máximo que chegou a fazer nessa área foi aplicar em um fundo de renda variável. "Bolsa é uma coisa para quem entende e tem tempo para acompanhar as ações. Como não tenho tempo para ficar olhando, prefiro aplicar por meio de um fundo."

Pesinato não pretende tirar os recursos do fundo misto tão cedo. "Eu sei que renda variável é investimento de longo prazo. Agora que caiu, o melhor é esperar". O empresário avalia que, mesmo que sua renda caia quando parar definitivamente de trabalhar, poderá manter um padrão próximo do atual, pois terá menos gastos. "Os meus filhos já estão grandes, se virando. Não vou ter mais faculdade para pagar", exemplifica.

Manter o padrão de vida é uma das principais preocupações das pessoas ao se aposentarem. O segredo para perpetuar a renda está na preservação do patrimônio. "O ideal é a pessoa gastar mensalmente menos do que o rendimento proporcionado pelas aplicações", explica Rogério Betti, sócio da consultoria Beta Advisors. "Se ela fizer isso, os recursos nunca acabarão e ela ainda deixará recursos para seus herdeiros."

A recomendação consensual dos especialistas é que o capital seja aplicado majoritariamente em ativos de renda fixa. "Até é possível aplicar uma parcela pequena dos recursos em ações, desde que o patrimônio total seja suficientemente grande para garantir a renda por muitos anos e essa fatia em ações não faça falta lá na frente", pondera o diretor de investimentos do Banco Safdié, Otávio Vieira. Nesse caso, a preferência deve recair sobre papéis considerados defensivos e bons pagadores de dividendos. Outra opção nessa linha são os fundos de ações com capital protegido, que permitem aproveitar a maior parte da alta da Bolsa e resguardar o investimento das baixas.

Dentro do universo da renda fixa, a orientação é diversificar, sempre tendo a preservação do patrimônio em vista. "O montante equivalente à renda dos próximos 12 meses deve estar sempre em uma aplicação bastante conservadora, como um fundo DI ou de renda fixa", afirma Sergio Manoel Correia, da LLA Investimentos. "O restante pode ser diversificado em outros tipos de fundos, inclusive um pouco mais arriscados, como os multimercados, desde que o investidor saiba qual é o grau de risco do fundo."

Correia alerta, ainda, para a importância de guardar recursos em instituições diferentes, para minimizar o risco de gestão. "Se o gestor de um banco errar a mão por algum motivo, provavelmente todos os fundos daquele banco serão prejudicados. O ideal é colocar o dinheiro em duas ou três instituições."

Embora o Brasil não sofra mais com taxas de inflação exorbitantes como nos anos 80, o aposentado deve ter consciência de que a alta dos preços reduz o poder de compra no longo prazo, daí a importância de se investir em aplicações que superem os indicadores oficiais, como IPCA ou IGP-M. "O passivo de toda pessoa física é o custo de vida. E o custo de vida é indexado à inflação", explica Vieira.

Uma opção de investimento acessível à pessoa física é o Tesouro Direto. Nele é possível encontrar títulos públicos como a NTN-B, que é corrigida pelo IPCA mais uma taxa de juros e apresenta diversos vencimentos. Nesse caso, o investidor precisa planejar as compras dos papéis para casar os vencimentos com seu fluxo de desembolsos para renda. "O título público é uma excelente opção desde que você carregue até o vencimento. Resgatar antes da hora pode trazer perdas em função do comportamento dos juros", alerta Correia.

Previdência privada

A forma mais popular de acumulação de recursos para aposentadoria no Brasil hoje é o fundo de previdência. Boa parte da fama foi construída graças às vantagens fiscais do produto, que permite o abatimento do imposto de renda. Em tempos de grande volatilidade do mercado, outra ferramenta menos conhecida desses fundos também pode ser muito interessante para o poupador: a portabilidade.

"Hoje a portabilidade está na moda. Você tem portabilidade de celular, de plano de saúde. Talvez muita gente não saiba que a previdência privada foi uma das áreas pioneiras de aplicação da portabilidade", ressalta o presidente da Real Tokio Marine Vida e Previdência, Edson Franco.

Ele explica que existem dois tipos de portabilidade no segmento de previdência: a interna e a externa. A primeira permite a transferência de recursos entre fundos de previdência de uma mesma instituição, sem incidência de qualquer tipo de imposto ou taxa. Vale lembrar que os fundos comuns estão sujeitos a imposto de renda e IOF a cada resgate.

O investidor pode rever seu portfólio a cada 60 dias e transferir parte ou a totalidade dos recursos de um fundo 100% renda fixa para outro com exposição moderada à renda variável ou um mais agressivo, com até 49% de ações na carteira. "Ele pode começar mais agressivo e, conforme for se aproximando da aposentadoria, migrar os recursos para um fundo mais conservador", afirma Franco.

Já a portabilidade externa possibilita a transferência de recursos entre instituições diferentes de previdência. Esse recurso permite ao investidor buscar gestores que apresentem melhor desempenho. No entanto, esse tipo de migração está sujeita ao pagamento da chamada taxa de carregamento na aplicação e no resgate, e cujo percentual varia de uma instituição para outra.

Não deixe a crise atrapalhar sua aposentadoria

Acompanhe tudo sobre:[]

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Minhas Finanças

Mais na Exame