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Com juro alto, veja como se proteger da inflação e de perdas

Alta recente dos juros sacrificou aplicações atreladas à inflação; mas é possível rever investimentos para se proteger da inflação e evitar novas perdas


	Dragão da inflação: ainda é importante se proteger da alta dos preços, mesmo com a alta dos juros
 (Breno Ferreira/EXAME.com)

Dragão da inflação: ainda é importante se proteger da alta dos preços, mesmo com a alta dos juros (Breno Ferreira/EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 28 de abril de 2014 às 07h54.

São Paulo – As perdas que as aplicações de renda fixa atreladas à inflação vêm enfrentando com a alta da taxa Selic podem estar perto do fim. Mas o investidor – especialmente aquele com menos estômago – deve rever seus investimentos, uma vez que existem algumas opções para proteger o patrimônio da resistente inflação com menos riscos de perder dinheiro.

Após terem estado entre os investimentos mais rentáveis de 2012, os títulos do Tesouro Direto atrelados à inflação (NTN-B) e os fundos que investem neles (fundos de inflação) estão se desvalorizando em 2013, com as contínuas altas na taxa Selic. As NTN-B estão tendo quedas de até 25% no ano, dependendo do prazo, e os fundos de inflação caem, em média, 3,50%.

Onde investir agora

Segundo Arnaldo Curvello, diretor de gestão de recursos da Ativa Corretora, se a intenção do investidor é de fato se proteger da inflação (e não especular com a alta volatilidade dessas aplicações), ele deve ter em mente que, num cenário como o atual, é melhor comprar um título atrelado à inflação do que entrar em um fundo de inflação.

Isso ocorre porque, ao comprar uma NTN-B no Tesouro Direto, por exemplo, o investidor não será obrigado a realizar prejuízos quando o título estiver em queda. Se conseguir ficar com ele até o vencimento, esse investidor vai receber exatamente a remuneração acordada no início, sem perder dinheiro.

Já os fundos de inflação são obrigados a atualizar o valor das cotas diariamente, e elas oscilam conforme a oscilação do valor dos títulos que compõem sua carteira. Ao resgatar seu dinheiro em um momento de baixa, o cotista pode ficar no prejuízo.

Contudo, se precisar resgatar o dinheiro do Tesouro Direto antes do vencimento, o investidor incorre no mesmo problema. Se for um título longo, sua perda pode ser considerável, muito maior do que a perda em um fundo de inflação, que aplica em títulos de diversos prazos e dilui o risco. Por isso, o ideal, ao investir no Tesouro Direto, é fazer um mix de títulos de prazos e naturezas diferentes, que possam ganhar tanto com as perspectivas de alta da Selic (LFTs) quanto de queda (NTN-Bs, NTN-Fs e LTNs).

Carlos Haber, gestor de investimentos da Lecca, lembra que com a recente alta de juros, quem comprar NTN-Bs agora vai obter boas taxas de juros pré-fixados. Se no início do ano esses títulos pagavam algo como 3% ao ano mais IPCA, agora já pagam algo entre 5% e 6% ao ano mais IPCA. Interessante para quem vai levá-los ao vencimento. “Se a expectativa de retorno é de prazo mais longo, o investidor vai ter um bom rendimento com as taxas atuais”, diz Haber.

Atualmente também existem outras opções de títulos de renda fixa indexados à inflação, como as debêntures e os CDBs de bancos médios. Curvello diz que a Ativa apostou na emissão de uma Letra de Crédito do Agronegócio (LCA) indexada à inflação, uma vez que esse tipo de título é isento de imposto de renda. Emitidas por bancos, as LCAs se assemelham aos CDBs e servem para a instituição financeira captar recursos para financiar o agronegócio.


“Nosso produto tem liquidez antes do vencimento, mas nesse caso apresenta o mesmo risco de desvalorização das NTN-Bs. De qualquer forma, existe essa vantagem adicional da isenção de IR”, observa o diretor de gestão da Ativa.

Curvello acredita que não é hora de abandonar os produtos indexados à inflação, uma vez que esta se mantém resistente. A questão é apenas revê-los. Ele acredita que o processo de alta na taxa Selic, que tanto sacrifica esses investimentos, está chegando ao fim. “O ajuste nos juros daqui para frente deve ser mais pontual. Logo, a volatilidade dos fundos de inflação deve cair”, diz Curvello.

Segundo ele, o mercado já está esperando o fim do ciclo de alta dos juros. De acordo com o último Boletim Focus, do Banco Central, os analistas esperam uma Selic de 9,75% ao final de 2013, mesma cifra esperada para o fim de 2014. Por outro lado, novos cortes não estão no horizonte do mercado. “É consenso que o Brasil pode manter o juro de um dígito se fizer a lição de casa”, diz Carlos Haber, da Lecca.

Mesmo assim, o investidor nunca deve tirar da cabeça que o investimento em produtos de inflação é arriscado. Principalmente agora, que a economia brasileira está bambeando. O baixo crescimento econômico, a alta inflação, a falta de competitividade da nossa economia, a alta do dólar e a perspectiva de os Estados Unidos reduzirem os estímulos à economia realmente elevam o risco Brasil, e consequentemente nossos juros. “Quem investe em títulos públicos tem que entender que está investido em Brasil”, observa Curvello.

A forma mais segura de aplicar nesses produtos é por meio de títulos levados ao vencimento, principalmente os de prazos mais curtos. Lembrando que, no caso dos títulos privados, como CDBs e LCAs, é importante respeitar o limite de 250 mil reais por instituição financeira, uma vez que esse é o máximo coberto pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC) em caso de quebra do banco emissor. No caso das debêntures, não há essa cobertura.

Quem investe em um fundo de inflação deve resgatar?

Para quem ainda tem dinheiro aplicado em um fundo de inflação, Arnaldo Curvello aconselha a migrar para um título apenas se a desvalorização das cotas causar um desconforto muito grande. Ele lembra que, se a pessoa tiver perdido apenas parte dos ganhos, mas ainda estiver no azul, essa tática pode causar um efeito psicológico melhor. O problema é se o investidor estiver no prejuízo.

“Se esse investidor que está no vermelho sacar agora, não vai conseguir compensar seu prejuízo com a valorização do título”, observa Curvello. “Se ele estiver desconfortável com o risco, melhor diminuir ou zerar sua parcela investida no fundo. Mas se ele entendeu o risco e não se incomoda, sugiro que fique no fundo”, completa.

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