Bush anuncia medidas para conter a crise hipotecária americana
Apoio é focado em pessoas com hipotecas atrasadas ou que correm o risco de inadimplência; Federal Reserve também descarta apoio a bancos por meio de corte de juros
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h34.
Passado mais de um mês do início das turbulências internacionais causadas pela crise do mercado hipotecário americano, o presidente George W. Bush anunciou nesta sexta-feira (31/8), as primeiras medidas do governo para conter o problema. As ações serão concentradas em pessoas com hipotecas atrasadas ou que correm o risco de inadimplência. Embora Bush tenha admitido que o mercado de crédito cometeu excessos, a Casa Branca não estão prevê medidas para os bancos e fundos de investimento. "Não estamos estudando nenhum tipo de apoio ao sistema ou a Wall Street. O foco é o tomador de empréstimo", afirmou uma fonte do governo americano que acompanhou o pronunciamento.
Entre as providências anunciadas, está a permissão para que o Federal Housing Administration, órgão do governo americano responsável pela securitização de hipotecas, passe também a garantir os empréstimos de inadimplentes há, pelo menos, 90 dias. A mudança pretende ajudar essas pessoas a evitar ações de despejo, enquanto renegociam seus contratos em termos mais favoráveis.
Bush também vai pedir ao Congresso americano a suspensão temporária da Internal Revenue Service, uma taxa que penaliza os tomadores de crédito hipotecário com histórico de despejo, ou aqueles que refinanciam seus contratos para reduzir o montante.
A terceira medida destacada pelo americano The Wall Street Journal é uma ação conjunta da Secretaria do Tesouro e das agências de desenvolvimento urbano. A parceria visa a detectar pessoas que correm o risco de se tornarem inadimplentes no prazo de dois anos. Com base nessa pesquisa, serão propostos novos produtos de crédito, mais favoráveis a esse grupo.
Ao apoiar os tomadores de empréstimos, Bush pretende evitar que o sistema continue enfrentando solavancos nos próximos anos. Segundo o WSJ, há cerca de 2 milhões de contratos que precisarão se ajustar a taxas mais altas de correção nos próximos dois anos, devido à mudança de postura dos financiadores. E isso pode elevar o risco de inadimplência.
Sem corte de juros
O Federal Reserve, o banco central americano, também deu sinais de que não vai cortar a taxa básica de juros em seu encontro, marcado para 18 de setembro. A medida poderia ajudar o sistema financeiro do país e a indústria de fundos a se recuperar mais rapidamente da crise.
"Não é responsabilidade do Federal Reserve, e nem seria apropriado, proteger os investidores e financeiras das conseqüências de suas próprias decisões", afirmou o presidente do Fed, Ben Bernanke, na manhã de hoje.
Bernanke reconheceu, porém, que os desdobramentos da crise, que começou no mercado financeiro, podem afetar outros setores da economia, e que a autoridade monetária está atenta para o fato, de acordo com o jornal britânico Financial Times. "Se as condições atuais persistirem, a demanda por imóveis pode enfraquecer, com possíveis impactos sobre a economia em geral", afirmou.
Bernanke observou que os dados sugerem que a economia americana tem crescido moderadamente nos últimos meses, mas demonstrou incerteza sobre o futuro, ao afirmar que, diante da recente crise, os números citados podem não ser uma boa referência para projeções. Em seu pronunciamento, o presidente americano, George W. Bush, aparentou mais otimismo. "Essa situação ainda vai demorar algum tempo para ser resolvida, mas, no geral, a economia americana permanecerá forte o suficiente para enfrentar qualquer turbulência".