Brasileiro nunca investiu tanto em renda fixa no exterior como em 2020
O mercado internacional de renda fixa representa mais de US$ 100 trilhões. Veja alguns motivos para considerar a inclusão desse ativo na sua carteira
Gabriella Sandoval
Publicado em 9 de novembro de 2020 às 10h30.
Última atualização em 9 de dezembro de 2020 às 10h37.
Os brasileiros estão investindo mais em renda fixa no exterior, de acordo com dados da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais). Em agosto de 2020, a categoria “renda fixa no exterior”, que contempla portfólios que aplicam acima de 40% em ativos estrangeiros, contava com um patrimônio líquido de 3,093 bilhões de reais.
Para se ter ideia, no mesmo período do ano passado, esse valor representava apenas 704,6 milhões de reais. De junho de 2019 até agosto desse ano, apenas em março – quando a pandemia do coronavírus passou a afetar o mercado brasileiro – é que não houve um crescimento das aplicações brasileiras no exterior. Mas por que será que o brasileiro está buscando investir o próprio dinheiro de maneira global?
Segundo Luis Otavio Oliveira, vice-presidente executivo da gestora de renda fixa PIMCO para América Latina e Caribe, o investidor está buscando dois fatores: diversificação e um aumento de retorno potencial. “O benefício que todo mundo entende muito bem é o da diversificação. A questão é tão simples como não colocar todos os ovos na mesma cesta”, diz. Oliveira cita o Joesley Day, em 2017, e a greve dos caminhoneiros, em 2018, como exemplos de eventos que ocorreram apenas no Brasil e desestabilizaram carteiras que estavam focadas somente no mercado local.
“Temos o Joesley Day, lá em maio de 2017, no qual o presidente (Michel Temer) foi pego em uma gravação com Joesley Batista uma semana antes da Reforma da Previdência. Isso teve um efeito muito forte nos mercados locais. A Bolsa despencou, a renda fixa teve perda significativa, o real desvalorizou. Então, você tinha um evento específico no Brasil e que afetava diretamente quem tinha recursos só no país”, explicou.
Já o segundo motivo, de acordo com Oliveira, é que o mercado internacional de renda fixa é muito mais amplo que o brasileiro. “Você está olhando para um mercado de mais de 100 trilhões de dólares. O mercado brasileiro tem menos de 3 trilhões de dólares. O investidor que aplica só no Brasil está deixando de fora 97% do mercado”, diz.
Sobre a PIMCO
A PIMCO é uma gestora global de recursos, com 1,92 trilhão de dólares de ativos sob gestão (dados de 30 de junho de 2020). A empresa foi fundada em 1971 na Califórnia e está presente em mais de 13 países, por meio de 17 escritórios.
“Evidentemente, uma empresa desse porte acaba fazendo de tudo. Mas o nosso DNA acaba sendo a renda fixa, motivo pelo qual somos conhecidos mundialmente. A PIMCO também é considerada uma formadora de opinião com a relação a indicadores macroeconômicos”, complementa Luis Oliveira.