Analistas apostam que Bovespa se manterá acima dos 42.000 pontos
Barreira foi quebrada nas negociações de ontem
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h33.
A quebra do recorde de pontos pelo Ibovespa, nesta quinta-feira (23/11), mostrou que a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) pode, enfim, comemorar a recuperação do mercado de capitais brasileiro no ano e seguir para patamares mais altos daqui para a frente. De acordo com analistas, agora que os investidores superaram a volatilidade gerada pela economia dos Estados Unidos, o principal índice da bolsa brasileira deve fechar o ano acima dos 42.000 pontos.
O Ibovespa encerrou as negociações de ontem aos 42.069 pontos. O recorde anterior, de 41.979 pontos, havia sido registrado em 9 de maio, pouco antes de a Bovespa, assim como outros mercados, ser atingida por um temor de aumento de juros na economia americana. O medo causou uma migração dos investimentos em bolsas de países emergentes para títulos dos Estados Unidos, considerados mais seguros. Depois de confirmada a expectativa - o Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, realmente elevou a taxa de juros, hoje em 5,25% ao ano -, os investidores digeriram o novo cenário e voltaram a espalhar os recursos pelo mundo. Com isso, a Bovespa retomou o nível que havia deixado em maio. "Foi uma freada de arrumação. Passado esse susto, o mercado voltou e refez suas compras", diz Luis Otávio Leal, economista-chefe do banco ABC Brasil.
Agora, segundo Leal, as condições macroeconômicas do país e os bons resultados das empresas brasileiras podem levar a Bovespa aos 43.000 pontos ainda em 2006. Ele aposta principalmente nas empresas ligadas a consumo, já que as festas de fim de ano se aproximam. Um setor que também chama a atenção do analista é o de construção civil, beneficiado ontem por um anúncio de desoneração de impostos. "Eu estou bem otimista com esse setor. Tem um importante peso no PIB [Produto Interno Bruto] e emprega bastante mão-de-obra, e tanto a parte social quanto o crescimento da economia são pontos cruciais para o governo".
Mauro Giorgi, economista da corretora Geração Futuro, também acredita que a bolsa manterá trajetória positiva. Ele, no entanto, prefere ser mais comedido: "A Bovespa deve seguir em alta, mas vamos começar a entrar em uma zona cinzenta agora, à espera de novas medidas do pacote do governo para crescimento", afirma. Para Giorgi, é preciso que o governo traga propostas de melhoria na estrutura do país para que o investidor - principalmente o estrangeiro - tenha mais estímulo para apostar no mercado de capitais.
Ainda sem perspectivas de grandes anúncios por parte do governo, o analista acredita que a Bovespa conseguirá reverter o déficit de 797 milhões de reais no saldo de investimento estrangeiro registrado até outubro. Isso porque as empresas têm mostrado bons resultados, diz, especialmente as grandes como Vale do Rio Doce e Petrobras e as dos setores elétrico e siderúrgico. "Até 21 de novembro já conseguimos reduzir o déficit para 135 milhões de reais. Acho que no fim do ano a diferença vai cair a zero", afirma.