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Ações de Bradesco e BB podem avançar com IPO da Visanet

Os dois bancos são os principais acionistas da empresa de cartões; já a Redecard pode sofrer pressão de venda

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h34.

O tão aguardado IPO (oferta inicial de ações, na sigla em inglês) da Visanet pode favorecer a valorização das ações do Bradesco e do Banco do Brasil, os dois principais sócios da maior empresa de processamento de transações com cartão do Brasil. Já os papéis da Redecard, vice-líder nesse mercado, podem sofrer com uma possível pressão vendedora por parte de investidores interessados em comprar ações da concorrente.

Ainda não há data para a realização do IPO. Até agora, a Visanet só registrou na Comissão de Valores Mobiliários seu pedido para a abertura de capital. A CVM costuma levar 20 dias úteis para analisar a documentação, mas o cronograma do IPO também depende de outros fatores. Um pedido de documentos adicionais pela CVM ou uma conjuntura desfavorável no mercado poderiam adiar a oferta. A empresa, no entanto, tem até o dia 28 de outubro para realizar o IPO com a apresentação dos dados de seu balanço do segundo trimestre. A pós essa data, a Visanet teria que entregar o balanço de julho a setembro para fazer a oferta de ações. Para a corretora do Unibanco, o mais provável é que o IPO ocorra em cerca de um mês e meio.

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A quantidade de ações da Visanet que será vendida também não foi definida, mas já se sabe que a oferta será secundária. Isso significa que os atuais sócios da Visanet - Bradesco (39,76% do capital), Banco do Brasil (32,02%), Santander ABN Amro (14,03%), Visa (10%) e outros (4,19%) - vão vender parte das ações que possuem na empresa. A Fator Corretora acredita que serão negociadas 25% das ações da Visanet - ou o mínimo suficiente para ela fazer parte do Novo Mercado da Bovespa.

Como o valor contábil da Visanet é muito baixo (616 milhões de reais), o mercado tem usado os múltiplos da Redecard (cerca de 19 bilhões de reais) para avaliar qual seria o preço justo para as ações da empresa. A Fator acredita que a Visanet vale aproximadamente 22,5 bilhões de reais e o Unibanco fala em cerca de 21,45 bilhões. Caso os quatro principais sócios vendam a mesma quantidade de ações, é bastante provável que Bradesco e BB registrem um ganho extraordinário de mais de 1 bilhão de reais com a operação. "O IPO é certamente um gatilho para as ações de Bradesco e BB", diz o Unibanco, que acredita que o valor dessas participações na Visanet ainda está "escondido".

O mesmo aconteceu com as ações de Itaú e Unibanco no ano passado, quando os dois bancos e o Citibank venderam ao mercado parte de suas ações da Redecard. Analistas dizem que ainda é cedo para tentar avaliar qual seria o potencial de valorização das ações de BB e Bradesco com o IPO. Para a Fator, o ganho vai depender das condições de mercado na data da operação. Até por esse motivo a corretora colocou sob revisão sua recomendação e preço justo para as ações das duas instituições financeiras.

Para a Redecard, no entanto, a operação pode não ser tão positiva. A Planner Corretora acredita que parte dos investidores podem dividir suas carteiras de ações do setor de cartões entre as duas empresas. O Unibanco lembra que, devido à boa performance das ações da Redecard em agosto, parte dos investidores pode aproveitar para embolsar os ganhos e usar os recursos para participar do IPO.

O presidente da Redecard, Roberto Medeiros, tem, no entanto, uma visão diferente da do mercado. Ele acredita que a Redecard tem um valor maior do que o atual e que o IPO poderá servir para deixar isso claro aos investidores. Em entrevista ao Portal EXAME, Medeiros afirmou que a chegada da Visanet dará ao mercado uma base de comparação que ainda não existe. O executivo também lembrou que o mercado costuma comparar os múltiplos da Redecard com o de empresas como a Visa, a MasterCard e American Express, que também trabalham com cartões, mas em uma área de atuação completamente diferente.

O mercado de cartões

A Visanet é responsável por processar as transações com cartões da bandeira Visa. Em 2006, a empresa tinha participação de 45% no mercado de pagamentos por meio eletrônico, contra 34% da Redecard, 6% da American Express e 3% da Hipercard. Tanto a Visanet quanto a Redecard dizem ter 1,3 milhão de estabelecimentos credenciados a receber pagamentos com cartão. A Visanet, entretanto, leva vantagem sobre a rival nos estados do Norte e Nordeste, principalmente devido à maior capilaridade do BB e do Bradesco nessas regiões.

O grande potencial do mercado de cartões brasileiro é considerado por analistas um dos principais atrativos para o investimento na Visanet. Enquanto no Brasil apenas 17,6% do consumo privado é feito com cartões, esse número chega a 37% nos Estados Unidos e a 41% no Reino Unido. O crescimento do comércio eletrônico, a maior segurança nas transações com cartões e o risco zero de inadimplência devem favorecer a continuidade da substituição do cheque no Brasil nos próximos anos.

A principal fonte de receitas da Visanet e da Redecard vem das taxas pagas pelos comerciantes. Para cada 100 reais movimentados com cartão de crédito, em média 2,80 reais são divididos entre as bandeiras (Visa, Mastercard e outras), os bancos emissores do plásticos e a empresa que processa as transações (Visanet e Redecard). Essa taxa é considerada pela Fator Corretora uma das mais altas do mundo e permite que as empresas que processam as transações obtenham uma das maiores margens de lucro entre todas as companhias brasileiras com ações em bolsa. Outras fontes de receita de Visanet e Redecard são o aluguel de terminais de pagamento e a antecipação do depósito do dinheiro transacionado em cartão para os lojistas.

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