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Ação da Cemig sofreria com a compra da CPFL, diz Santander

Para o banco, piora dos múltiplos e risco de tag along devem gerar reação negativa dos investidores

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h34.

O mercado tende a reagir negativamente à eventual aquisição, pela Cemig, da fatia que o Grupo Votorantim detém na CPFL Energia. A avaliação é do banco Santander. Embora afirme que os papéis da Cemig continuam com boas perspectivas no longo prazo, dado seu caráter defensivo em um momento de crise, a instituição destaca que "a reação inicial do mercado poderia ser negativa" para a empresa, se o negócio fosse fechado. Os dois motivos para a queda dos papéis, no curto prazo, seriam a deterioração dos seus múltiplos, e o risco de que os minoritários pleiteiem o tag along - direito de receber, por seus papéis, o mesmo dos acionistas majoritários, em caso de troca de controle.

Na semana passada, a imprensa noticiou a intenção do Votorantim de vender os 14,3% que detém na CPFL por cerca de 2 bilhões de reais. Em dificuldades após reconhecer perdas financeiras com derivativos equivalentes a 2,2 bilhões de reais, o grupo usaria os recursos para reequilibrar o caixa. Além disso, o Votorantim também precisa de dinheiro para levar adiante a aquisição de 28% de capital detido pela família Lorentzen na Aracruz.

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O Votorantim participa da CPFL por meio da holding VBC Energia, na qual é sócia da Camargo Correa, que detém outros 14,3% da CPFL. Assim, a participação total da VBC na empresa é de 28,6%. A Camargo Correa possui o direito de preferência para a compra das ações da Votorantim, mas teria considerado o preço pedido pelos papéis alto demais, segundo o Estado de S.Paulo. A Cemig, que já manifestou recentemente o interesse em adquirir ativos em outros estados além de Minas Gerais, seria uma das interessadas no negócio. De acordo com o Santander, os 2 bilhões de reais pedidos pelo Votorantim estão em linha com o preço de mercado das ações ordinárias da CPFL ( CPFE3 , com direito a voto) - cerca de 30 reais por papel.

Impacto nos múltiplos

Segundo o Santander, o que mais desagradaria os investidores se a Cemig arrematasse dos papéis da CPFL é a deterioração de seus múltiplos. Atualmente, as ações ordinárias da Cemig ( CMIG3 , com direito a voto) são negociadas por 7,5 vezes o P/L estimado de 2010. O P/L indica a relação entre o preço do papel e o lucro líquido por ação. Os analistas costumam dizer que, de modo geral, esse indicador mostra em quanto tempo o investimento em um papel retorna. No caso da Cemig, isso demoraria 7,5 anos pelo critério do P/L.

Já as ações da CPFL são negociadas a 10 vezes o P/L estimado para 2010. Ou seja, demora mais para um investidor obter o retorno do que aplicou nessas ações. Para o Santander, se a Cemig adquirir a fatia do Votorantim na CPFL pelos termos divulgados na imprensa, o P/L da Cemig subiria de 7,5 para 7,7 vezes o P/L previsto para 2010. No jargão do mercado financeiro, isso significa que o papel ficaria "mais caro", porque seu prazo de retorno seria maior.

Dúvidas sobre o tag along

Outro motivo de preocupação é o eventual direito dos minoritários ao tag along. Caso esse instrumento seja válido no caso da venda das ações do Votorantim, o comprador poderia ver o valor do negócio multiplicar-se além dos 2 bilhões de reais estimados, ao arcar com a oferta aos minoritários. O valor de mercado da CPFL é de aproximadamente 14 bilhões de reais.

Em seu relatório, porém, o Santander minimizou o problema. "Consideramos este um risco menor, já que acreditamos que a reduzida fatia em questão poderia evitar os direitos de tag along aos minoritários", afirma o banco. Além disso, os minoritários talvez não se interessem em pleitear a oferta, pois o acordo estaria sendo negociado com base nos valores de mercado das ações, o que não traria um potencial de alta.

As ações da CPFL (CPFE3) encerraram esta sexta-feira (2/1) cotadas a 31,14 reais. Já as ações da Cemig (CMIG3) fecharam a sexta a 25,35 reais. O Santander afirma, porém, que as perspectivas de longo prazo da Cemig são positivas. "Reiteramos nossa visão positiva para os papéis, dadas as características defensivas da Cemig, em uma desaceleração econômica e sua avaliação atrativa", afirma o banco.

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