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7 investimentos que podem se tornar "furadas"

Veja quais são os produtos em que o investidor deve pensar duas vezes antes de investir


	Mico: Alguns investimentos aparentemente bons, dependendo do objetivo, podem ser péssimos
 (Stock.xchng)

Mico: Alguns investimentos aparentemente bons, dependendo do objetivo, podem ser péssimos (Stock.xchng)

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Da Redação

Publicado em 13 de junho de 2013 às 07h48.

São Paulo – Como para tudo existem diferentes pontos de vista, é difícil afirmar que alguns investimentos são uma grande furada para qualquer pessoa. Mas, pode-se dizer que alguns chegam bem perto disso. 

Ainda que, com a evolução da regulamentação, seja mais difícil se deparar com aparentes bons negócios que se revelam fraudes, como o investimento em avestruzes ou em boi gordo, alguns produtos vendidos por aí ainda hoje continuam levando muitos investidores a perderem dinheiro.

Veja a seguir alguns produtos financeiros e investimentos oferecidos no mercado que são verdadeiros "micos" ou que podem até não ser tão ruins, mas em determinadas situações revelam-se as piores opções do mercado. 

1. Títulos de capitalização

Os Títulos de Capitalização (TC) são frequentemente citados como uma “furada” especialmente por serem vendidos como “bons investimentos”, sendo que, pela sua natureza, de investimento eles não têm nada. “Os títulos de capitalização são produtos regulamentados, mas são chamados de mico pela interpretação errada do investidor de que são um produto de investimento”, afirma Conrado Navarro, planejador financeiro da consultoria Dinheirama.

Os TCs funcionam como um jogo de loteria, por conta dos sorteios. Mas, contam com algumas “supostas vantagens”, segundo os bancos, que seriam o fato do cliente se condicionar a investir uma quantia determinada todo mês e ainda ter a rentabilidade da poupança antiga.

Ocorre que os TCs não rentabilizam todo o dinheiro aplicado. Apenas a chamada cota de capitalização é rentabilizada e o restante é destinado à cota de carregamento (espécie de taxa de administração) e à cota de sorteio, destinada aos prêmios. Em um típico título vendido no mercado, apenas 10% das três primeiras mensalidades vai para a cota de capitalização, do quarto ao 23º mês, 90% e, do 24º ao 48º mês, 97,98%. 

Além de nesse modelo boa parte da remuneração ficar para o banco, em muitos casos, o cliente só recupera o seu dinheiro depois de cinco anos.

2. Fundos com taxas de administração superiores a 3% ao ano

A recomendação de Paulo Bittencourt, diretor da Apogeo Investimentos, é que no caso de fundos que investem na renda variável, se aceite até 3% ao ano de taxa de administração. Mas, fundos de renda fixa, que não ganham muito mais do que a Selic, não devem ter taxas superiores a 1,5% ao ano.

Ele explica que com o rendimento de aplicações em renda fixa girando em torno dos atuais juros da taxa Selic, de 7,25%, se a taxa de administração for maior do que 4% ao ano, por exemplo, só sobra para o investidor 3,25% de rendimento. Isso sem contar o desconto do imposto de renda. Com esses 3,25% não é possível nem ganhar do aumento dos preços, já que a inflação (medida pelo IPCA) subiu 5,8% no ano passado.


Bittencourt comenta que nos últimos três anos a inflação acumulada foi de 19,38%. Nesse período, para ter um retorno real de 2% ao ano, o investidor deveria ter um rendimento de 26,26%. Por isso, com a inflação corroendo boa parte do investimento, o rendimento precisa ser ainda maior, e as taxas cada vez menores.

3. Planos de previdência caros ou para objetivos de curto prazo

Com os juros em baixa, especialistas também defendem que o plano de previdência não tenha taxa de carregamento (que desconta um percentual sobre cada aporte feito ao plano) e que as taxas de administração sejam menores do que 1,5%. Como esses planos não admitem estratégias muito arriscadas, e por isso não conseguem alcançar retornos tão altos, taxas caras podem prejudicar muito o rendimento.

“O plano de previdência só é válido quando a taxa de administração for muito baixa e quando a carteira puder ser balanceada com ativos de renda fixa e variável, para conseguir um maior retorno”, afirma Beto Veiga, consultor de valores mobiliários e autor de livros sobre finanças pessoais.

Segundo ele, planos da modalidade Plano Gerador de Benefício Livre (PGBL) - que permitem que os valores investidos sejam deduzidos no imposto de renda - podem até ser vantajosos se possuírem baixos custos, mas a modalidade Vida Gerador de Benefício Livre (VGBL) dificilmente será mais vantajosa do que outras aplicações.

O consultor financeiro e fundador da Academia do Dinheiro, Mauro Calil também ressalta que os planos de previdência podem ser muito ruins se usados como investimentos para o curto prazo por investidores que optem pelo sistema de tabela regressiva. Apesar de reduzir a alíquota de imposto de renda a 10% após 10 anos de investimento - menos que a alíquota mínima de 15% das demais aplicações -, para quem resgata antes de seis anos as alíquotas de IR são bem mais pesadas que as de investimentos normais.

“Mesmo no PGBL, o benefício fiscal vai ser bom apenas se o investidor aproveitá-lo por pelo menos 10 ou 15 anos consecutivos. Ao sacar os recursos em pouco tempo, você pode tornar ruim um plano que não era”, diz Calil.

4. Caderneta de poupança para o longo prazo

Para diversos objetivos a poupança é um produto muito interessante: é fácil de movimentar, é segura e isenta de imposto de renda. Mas se o investimento for de longo prazo e a intenção for fazer o patrimônio crescer, a caderneta será uma das piores opções.

Conforme explica Jurandir Sell Macedo, consultor de Finanças Pessoais do Itaú Unibanco e professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), quem investe na nova poupança para o longo prazo sai perdendo, pois além de seu rendimento atualmente poder não superar nem mesmo a inflação, o investidor deixa de ganhar mais em outros investimentos. “No longo prazo, um jovem que investe para a aposentadoria, por exemplo, deve colocar parte do investimento em ações porque em prazos maiores os riscos são muito baixos”, avalia. 


Mesmo a poupança com as regras antigas, que rende mais, teve um ganho real muito baixo no ano passado. O seu rendimento foi de 6,47%, mas, descontada a inflação do período, o ganho foi de apenas 0,6%, o segundo pior resultado da poupança em 10 anos.   

Em contrapartida, quem investiu no longo prazo em ações como as da Renner, que foi a ação que teve maior ganho frente ao IGP-M na última década, teve um rendimento de 5.485,4%. Obviamente, esse teria sido o tiro mais certeiro, o que nem sempre acontece, mas entre os baixíssimos e altíssimos rendimentos, é preciso encontrar um meio termo, mesclando o portfólio com investimentos mais e menos arriscados, sendo que quanto maior o prazo e apetite do investidor, mais arriscada deve ser a estratégia.

5. Bolsa para o curto prazo

Uma das primeiras regras para quem quer entrar no universo do mercado de ações é entender que a Bolsa não é um investimento para se fazer em poucos meses, ou mesmo poucos anos. Apenas com muita experiência, ou sorte, se obtêm resultados bons na Bolsa no curto prazo. 

“Assim como a caderneta de poupança para a aposentadoria, quem quer fazer uma viagem em julho e coloca o dinheiro na Bolsa está entrando em uma tremenda furada. Não há investimento que não sirva para ninguém, mas é uma grande furada usar investimentos não indicados ao seu perfil e objetivo”, afirma Jurandir Macedo. 

Em 2012, o Ibovespa, principal índice de referência da Bolsa, rendeu 7,4%, não muito mais do que a poupança antiga. Mas, no longo prazo, nos últimos dez anos (de 23/01/2003 a 23/01/2013) o Ibovespa teve alta de 452,69%. No mesmo período, a poupança rendeu 114,83%.

6. Pirâmides

Um exemplo de pirâmide é o caso do empresário mineiro Thales Emanuelle Maioline, que criou um fundo que prometia rendimentos de nada menos que 5% ao mês. Cerca de 2.000 investidores caíram no golpe. Com os aportes dos novos clientes, Maioline remunerava os cotistas antigos, em um esquema semelhante ao de Bernard Madoff, operador de Wall Street, que em 2010 revelou uma fraude bilionária em prejuízo de investidores americanos. Não por acaso, Maioline foi apelidado de "Madoff Mineiro".

Conrado Navarro diz que para evitar esse tipo de esquema, o investidor deve sempre estudar quem faz parte do quadro societário da instituição financeira, se eles são especialistas, qual é o portfólio da carteira de investimento e o histórico de rentabilidade do fundo. “Quando uma boa empresa diz que consegue mais de 15% ou 20% ao ano de rendimento, em um ano que a Bolsa rendeu 7,4%, não é incomum, nós vemos frequentemente empresas que extrapolam isso. Mas 5% ao mês com regularidade é algo muito acima dos melhores gestores do Brasil”, afirma.

7. Investimentos que se beneficiam de fatores sazonais

Qualquer investimento está sujeito a se beneficiar por questões sazonais, por isso não há um produto específico a se julgar nesse item. Mas, a ideia aqui é mostrar como identificar e evitar os fundos que foram bem ocasionalmente e têm alto potencial para se tornar um mico.

“Esses investimentos que têm um grande rendimento em um período, mas depois não têm mais graça são uma das maiores roubadas”, diz Beto Veiga. Ele explica que isso acontece, por exemplo, com fundos indexados a índices de inflação. “Depois que eles têm um ótimo rendimento, por causa da alta da inflção, o investidor entra na sequência achando que terá o mesmo retorno, mas é o que sempre se fala, retorno passado não traz garantia de retorno futuro”, comenta.

Veiga afirma que para evitar os fundos que 'já deram tudo o que tinham para dar", o investidor deve investigar o que gerou o bom retorno do investimento no passado. “Saber qual fundo rendeu mais não rende informação nenhuma. Mas, perguntando exatamente o que gerou o bom resultado, é possivel descobrir se o fundo rendeu apenas por um motivo sazonal”, afirma. Sabendo os motivos, o investidor pode então avaliar se o fundo se saiu bem por “sorte” ou se por méritos da sua estratégia, o que indica que ele poderá ter bons retornos também futuramente.

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