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Wall Street apoia Romney apesar do avanço da bolsa

Tradicionalmente a entidade prefere os candidatos republicanos e nesta ocasião não foi diferente


	Mitt Romney no último debate presidencial das eleições de 2012: Wall Street percebe-o como "um dos seus"
 (Rick Wilking/Reuters)

Mitt Romney no último debate presidencial das eleições de 2012: Wall Street percebe-o como "um dos seus" (Rick Wilking/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 5 de novembro de 2012 às 18h21.

Nova York - Wall Street respalda majoritariamente o candidato republicano às eleições dos Estados Unidos, Mitt Romney, apesar de, durante o mandato do atual presidente e aspirante democrata, Barack Obama, a bolsa ter disparado mais de 60%, o quinto maior avanço em qualquer governo desde 1900.

''O mais irônico destes números é que se diz que uma das fraquezas de Obama é seu histórico econômico'', afirmou recentemente ao jornal ''The New York Times'' o cofundador do grupo de investimento Bespoke, Paul Hickey, que estudou a evolução da bolsa durante os últimos quatro anos.

''Apesar de a Bolsa de Valores não refletir completamente a situação da economia, é um indicador importante'', acrescentou Hickey, lembrando que afeta uma boa parte da população americana, já que cada vez mais fundos de pensões do país estão ligados à evolução do pregão.

O Dow Jones Industrial, o principal indicador de Wall Street, se situava ligeiramente acima dos 7,9 mil pontos em janeiro de 2009, quando Obama tomou posse, e agora supera a simbólica barreira dos 13 mil, o que representa um contundente avanço de 64%.

Segundo a Bespoke, essa alta é a quinta maior no governo de qualquer presidente americano, atrás apenas das registradas sob os mandatos de Franklin Roosevelt (superior a 230%, que foi seguida por uma intensa queda), Calvin Coolidge, Bill Clinton e Dwight Eisenhower.

No entanto, tradicionalmente Wall Street prefere os candidatos republicanos e nesta ocasião não foi diferente, o que fica patente nas contribuições realizadas por este setor ao financiamento da campanha de Romney através dos Super-PACs.

Essas entidades surgiram após a controvertida decisão do Supremo Tribunal em 2010 de permitir a criação de organizações que pudessem captar fundos ilimitados de pessoas e empresas para canalizá-las a objetivos políticos e o de Romney, chamado ''Restore Our Future'', se viu imensamente favorecido por investidores, seguradoras e empresas imobiliárias.


Segundo o ''Center for Responsive Politics'', uma entidade independente que estuda o financiamento da política nos EUA, mais da metade dos fundos do Super-PAC de Romney provêm do setor financeiro e a quantia total é 50 vezes superior aos destinados por esse setor ao Super-PAC de Obama.

''A retórica do presidente culpa Wall Street pelos problemas que temos e acho que este é um julgamento injusto sobre o papel das finanças na nossa economia'', comentou à ''CNN'' o presidente da empresa de investimento imobiliário Boston Properties, Mort Zuckerman, que deixou de apoiar Obama para votar em Romney.

Durante os últimos quatro anos Obama defendeu a regulação de Wall Street através da lei Dodd-Frank, que proíbe os bancos de fazer investimentos especulativos em benefício próprio, assim como a alta dos impostos aos mais ricos (que recebeu o apoio do multimilionário investidor Warren Buffett).

Por outro lado, Wall Street percebe Mitt Romney como um dos seus, em boa parte graças a seu papel à frente da empresa de capital risco Bain Capital; alguém que, se chegar à Casa Branca, flexibilizaria as regulações impostas ao setor financeiro desde a crise de 2008.

''É fundamental que o próximo presidente aprecie o fato de a prosperidade dos EUA estar motivada pela inovação e pelo trabalho duro do americano, cujo valioso esforço foi prejudicado pelo opressor peso da intervenção governamental nos últimos anos'', declarou ao site ''Politico'' o fundador do fundo de alto risco Citadel, Ken Griffin.

Em qualquer caso, Obama ainda reúne apoios entre setores de Wall Street que acreditam que sua Administração favoreceu as intervenções realizadas nos últimos anos pelo Federal Reserve (banco central americano), que esteve injetando dinheiro na economia e estimulando assim a alta da bolsa.

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