Vulcabras acelera o pace, deixa Olympikus mais rentável e vê lucro crescer 41% no 2º tri
Fabricante de calçados esportivos chegou ao 12º trimestre consecutivo de crescimento de dois dígitos
Repórter Exame IN
Publicado em 1 de agosto de 2023 às 19h56.
Última atualização em 2 de agosto de 2023 às 10h07.
Se fosse um corredor, a Vulcabras seria um atleta que está melhorando seu pace intensamente. No segundo trimestre, a fabricante de calçados esportivos chegou ao 12º trimestre consecutivo de crescimento de dois dígitos. A marca Olympikus vem ganhando relevância no circuito de corridas e as marcas licenciadas Under Armour e Mizuno também estão melhorando seus números.
De abril a junho, o lucro líquido recorrente da empresa somou R$ 133,8 milhões, um avanço de 41% contra o mesmo período do ano anterior. Além disso, a receita líquida chegou a R$723,9 milhões, 10,2% a mais. Os números superaram as expectativas do mercado e até mesmo o que planejava a empresa. Se antes a meta de margem bruta era de 40%, ao passar dos 41% no segundo trimestre, a companhia elevou a barra.
“O trimestre chancela a empresa em um novo patamar. A complementariedade das marcas vem nos permitindo explorar a cadeia como um todo”, diz o CFO, Wagner Dantas, em entrevista à EXAME Invest. “Viemos sendo o ponto fora da curva edevemos manter esse pace ao longo de 2023”, diz.
Essa melhora de percepção do cliente sobre os produtos está ajudando a melhorar a precificação e colocar a empresa em um nível mais rentável. Os volumes vendidos cresceram 8% enquanto a receita por par ficou 14% maior.
“A Vulcabras conseguiu crescer num cenário muito mais adverso. Com o consumidor conseguindo mais renda e ambiente mais favorável, esperamos, sim, surfar também essa onda”, diz o CFO sobre a melhora da perspectiva macroeconômica. Nesta quarta-feira, o Banco Central anuncia se irá cortar ou não a taxa de juros.
Um dos maiores avanços nessa frente é a marca Olympikus, que colocou os pés em na categoria de performance e passou a ter tênis de maior valor agregado entre os mais vendidos, como as linhas Corre, Corre Vento e Grafeno. Hoje, 10% das vendas da marca vêm da categoria de corrida. “Uma das formas de crescermos ainda mais é entrando em novas categorias, como fizemos com Olympikus”, avalia Dantas. Agora, a marca começa a testar o mercado europeu, começando pela Espanha.
Neste trimestre, no entanto, o segmento de vestuário e acessórios mostrou queda de 11%. De acordo com Dantas, o recuo tem mais a ver com o clima: no inverno passado, as temperaturas foram mais baixas, o que ajudou mais nas vendas.
E-commerce ganhando tração
Parte cada vez mais significativa dos ganhos de eficiência da Vulcabras está vindo do crescimento acelerado de sua operação própria de varejo online. Esse canal cresceu 104% em receita e já representa mais de 7% das vendas totais - era pouco mais de 3% até o segundo trimestre do ano passado.
“É um canal DTC (direto ao consumidor) em que conseguimos margens brutas maiores. As despesas gerais e de vendas ainda são altas, mas vão se diluindo conforme vamos aumentando a operação”, explica Dantas.
Mais dividendos e próximos passos
Apesar do crescimento orgânico estar entre as prioridades da Vulcabras, o crescimento inorgânico não deixa de estar entre os alvos, dado que a empresa hoje tem dívida líquida de apenas 0,1x o Ebitda.
“A Vulcabras hoje atingiu uma envergadura de uma maneira que dificilmente não conversam conosco em novos negócios, mas só fazemos se tivermos conforto e segurança. Negócio novo só de longo prazo, para construção de valor.”
Assim, com caixa robusto, a empresa tem buscado remunerar o acionista. Nesse trimestre a companhia anunciou pagamento de R$ 0,15 por ação. “O destino do excedente de caixa deve ser transformado em incremento de payout. O caminho natural é aceleração da distribuição aos acionistas”, argumenta Dantas.