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Tesouro reduz oferta de títulos para fugir de alta nas taxas

O governo tem planos de vender até R$ 40 bilhões em títulos em agosto, o menor volume desde fevereiro

O governo impôs novo imposto no mercado de câmbio, para tentar conter a valorização do real, depois de triplicar a tributação de investidores estrangeiros no ano passado (Divulgação/Banco Central)
DR

Da Redação

Publicado em 2 de agosto de 2011 às 10h08.

Nova York e São Paulo - O Tesouro Nacional reduziu os leilões primários de títulos de dívida, depois que a alta da inflação levou as taxas de juros pedidas pelo mercado ao maior nível em dois meses.

O governo tem planos de vender até R$ 40 bilhões em títulos em agosto, o menor volume desde fevereiro, de acordo com comunicado do Tesouro do último dia 29. Em julho, a instituição leiloou R$ 24,6 bilhões em papéis, metade do teto estabelecido para o mês, após o rendimento das Notas do Tesouro Nacional da série F com vencimento em 2021 subir para 12,57 por cento no último leilão, no dia 21.

Enquanto o rendimento desses papéis avançou 0,37 ponto percentual em julho, no México, os custos de captação recuaram. A taxa dos títulos mexicanos com prazo até 2024 desabou 0,42 ponto percentual, ou 42 pontos-base, para 6,79 por cento no mesmo período.

O receio de que o Banco Central não suba a taxa básica de juros o suficiente para conter a inflação mais alta em seis anos provoca a venda dos títulos de dívida. Além disso, o governo impôs novo imposto no mercado de câmbio, em sua mais recente tentativa de conter a valorização do real, depois de triplicar a tributação de investidores estrangeiros no ano passado. A moeda brasileira teve o maior ganho em relação ao dólar entre as moedas de economias emergentes desde o fim de 2009.

“O Tesouro reduz as vendas de títulos porque a demanda está em queda”, disse Ures Folchini, chefe de renda fixa no Banco WestLB do Brasil SA. “Restrições que o governo vem colocando sobre a entrada de investidores estrangeiros no País têm tirado esses investidores das aplicações de renda fixa. Isso gera um efeito ruim sobre a curva de juros.”


Perspectiva para inflação

O governo anunciou em 27 de julho Imposto sobre Operações Financeiras de 1 por cento sobre algumas operações com derivativos de câmbio, enfraquecendo o real e acentuando a venda de títulos. No dia seguinte, o Comitê de Política Monetária removeu da ata da reunião de 20 de julho o compromisso de subir os juros por “período suficientemente prolongado”, levando operadores do mercado de juros futuros a apostar que o Copom encerrou os aumentos da Selic em 2011. O BC elevou o juro básico em 175 pontos-base este ano.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 avançou 6,75 por cento nos 12 meses até o meio de julho, rompendo o teto da meta do governo pelo quarto mês seguido. A meta é de 4,5 por cento, com tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo. Economistas sondados pelo BC na semana passada aumentaram as projeções para o IPCA em 2012 para 5,3 por cento, comparado a 5,28 por cento na semana anterior e 4,5 por cento em janeiro.

No leilão de 21 de julho, o Tesouro vendeu NTN-F com vencimento em 2017 a uma taxa de 12,71 por cento, a mais elevada desde abril, e 17 pontos-base acima da taxa apurada no leilão anterior, em 7 de julho. No mercado secundário, o rendimento dos papéis subiu 37 pontos-base em julho para 12,95 por cento.

‘Não é a melhor hora’

“Agora não é a melhor hora para vender títulos porque os custos de financiamento estão subindo cada vez mais”, disse Carlos Thadeu de Freitas Gomes, ex-diretor do BC que hoje atua como economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio, em entrevista do Rio de Janeiro.

Os juros da dívida pública estão aumentando por causa da “volatilidade” dos mercados financeiros globais, disse o subsecretário do Tesouro, Paulo Valle, em e-mail enviado em resposta a perguntas da reportagem. O governo refinanciou 80 por cento da dívida que vence este ano, reduzindo a necessidade de leilões adicionais, disse Valle.

No segundo semestre, o Tesouro terá mais flexibilidade para administrar a dívida, disse Valle.

O prêmio exigido pelos investidores para deter títulos brasileiros em dólar em vez de bônus do Tesouro americano se manteve ontem em 157 pontos-base, de acordo com o JPMorgan Chase & Co.

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Nova York e São Paulo - O Tesouro Nacional reduziu os leilões primários de títulos de dívida, depois que a alta da inflação levou as taxas de juros pedidas pelo mercado ao maior nível em dois meses.

O governo tem planos de vender até R$ 40 bilhões em títulos em agosto, o menor volume desde fevereiro, de acordo com comunicado do Tesouro do último dia 29. Em julho, a instituição leiloou R$ 24,6 bilhões em papéis, metade do teto estabelecido para o mês, após o rendimento das Notas do Tesouro Nacional da série F com vencimento em 2021 subir para 12,57 por cento no último leilão, no dia 21.

Enquanto o rendimento desses papéis avançou 0,37 ponto percentual em julho, no México, os custos de captação recuaram. A taxa dos títulos mexicanos com prazo até 2024 desabou 0,42 ponto percentual, ou 42 pontos-base, para 6,79 por cento no mesmo período.

O receio de que o Banco Central não suba a taxa básica de juros o suficiente para conter a inflação mais alta em seis anos provoca a venda dos títulos de dívida. Além disso, o governo impôs novo imposto no mercado de câmbio, em sua mais recente tentativa de conter a valorização do real, depois de triplicar a tributação de investidores estrangeiros no ano passado. A moeda brasileira teve o maior ganho em relação ao dólar entre as moedas de economias emergentes desde o fim de 2009.

“O Tesouro reduz as vendas de títulos porque a demanda está em queda”, disse Ures Folchini, chefe de renda fixa no Banco WestLB do Brasil SA. “Restrições que o governo vem colocando sobre a entrada de investidores estrangeiros no País têm tirado esses investidores das aplicações de renda fixa. Isso gera um efeito ruim sobre a curva de juros.”


Perspectiva para inflação

O governo anunciou em 27 de julho Imposto sobre Operações Financeiras de 1 por cento sobre algumas operações com derivativos de câmbio, enfraquecendo o real e acentuando a venda de títulos. No dia seguinte, o Comitê de Política Monetária removeu da ata da reunião de 20 de julho o compromisso de subir os juros por “período suficientemente prolongado”, levando operadores do mercado de juros futuros a apostar que o Copom encerrou os aumentos da Selic em 2011. O BC elevou o juro básico em 175 pontos-base este ano.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 avançou 6,75 por cento nos 12 meses até o meio de julho, rompendo o teto da meta do governo pelo quarto mês seguido. A meta é de 4,5 por cento, com tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo. Economistas sondados pelo BC na semana passada aumentaram as projeções para o IPCA em 2012 para 5,3 por cento, comparado a 5,28 por cento na semana anterior e 4,5 por cento em janeiro.

No leilão de 21 de julho, o Tesouro vendeu NTN-F com vencimento em 2017 a uma taxa de 12,71 por cento, a mais elevada desde abril, e 17 pontos-base acima da taxa apurada no leilão anterior, em 7 de julho. No mercado secundário, o rendimento dos papéis subiu 37 pontos-base em julho para 12,95 por cento.

‘Não é a melhor hora’

“Agora não é a melhor hora para vender títulos porque os custos de financiamento estão subindo cada vez mais”, disse Carlos Thadeu de Freitas Gomes, ex-diretor do BC que hoje atua como economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio, em entrevista do Rio de Janeiro.

Os juros da dívida pública estão aumentando por causa da “volatilidade” dos mercados financeiros globais, disse o subsecretário do Tesouro, Paulo Valle, em e-mail enviado em resposta a perguntas da reportagem. O governo refinanciou 80 por cento da dívida que vence este ano, reduzindo a necessidade de leilões adicionais, disse Valle.

No segundo semestre, o Tesouro terá mais flexibilidade para administrar a dívida, disse Valle.

O prêmio exigido pelos investidores para deter títulos brasileiros em dólar em vez de bônus do Tesouro americano se manteve ontem em 157 pontos-base, de acordo com o JPMorgan Chase & Co.

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