Em dia de forte aversão ao risco no mercado, apenas três das 77 ações do Ibovespa fecharam no positivo nesta sexta-feira: Vivo (VIVT4), IRB Brasil (IRBR3) e Rumo (RAIL3), mas nenhuma com alta superior a 1%. Os ganhos ficaram em 0,93%, 0,49% e 0,05%, respectivamente. O mesmo cenário foi visto no acumulado da semana. Com o índice recuando 7,2% no período, na sua pior semana desde março, também apenas três papéis tiveram alta no período, Notre Dame Intermédica (GNDI3, +2,19%), Rumo (RAIL3, +1,16%) e Hapvida (HAPV3, +1,00%).

Do outro lado, ações da B2W (BTOW3), braço da Lojas Americanas no varejo digital, lideraram as perdas hoje do índice, com queda de 8,97%, após voltar a apresentar prejuízos milionários em seu balanço do terceiro trimestre. Na sequência, vieram os papéis da Cia Hering (HGTX3) e Via Varejo (VVAR3), com baixas de 6,80% e 5,97%, nesta ordem.

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No período, o prejuízo líquido da B2W ficou em 36,8 milhões de reais. E ainda que sua receita líquida tenha crescido 58,5% para 2,664 bilhões de reais e tenha reduzido o prejuízo, que era de 102,5 milhões de reais no mesmo período do ano passado, o resultado não agradou. 

Lojas Americanas

A Lojas Americanas (LAME4), controladora da B2W, também divulgou balanço na véspera e viu suas ações caírem 5,91%, figurando como a quarta maior queda do Ibovespa. No trimestre, a companhia teve lucro líquido de 49,9 milhões de reais, representando um aumento tímido de 3,5% em relação ao terceiro trimestre de 2019. Sua receita líquida aumentou 21% para 5,128,6 bilhões de reais. "Tiveram aspectos positivos nos balanços, mas o prejuízo contínuo da B2W e a redução das margens das Lojas Americanas acabaram pesando. Parte desse cenário acaba passando um pessimismo para o setor", diz Gustavo Bertotti, economista da Messem.  

Varejo Físico

Além das companhias com operações digitais bem estruturadas, as varejistas de moda também apresentaram forte desvalorização, com os papéis da Hering (HGTX3), mencionados acima. Já de fora do Ibovespa, as ações das Lojas Marisa (AMAR3), C&A (CEAB3), e Guararapes (GAR3) recuaram 7,22%, 6,13% e 7,28%, respectivamente. "O setor de vestuário ainda depende muito das lojas físicas e todas essa aversão ao risco trazida pela segunda onda de coronavírus acaba passando uma impressão ruim para os papéis", comenta Bertotti.

Aérea

Ainda pressionadas pela segunda onda de coronavírus que levou a Europa a novos confinamentos, as ações das companhias aéreas também fecharam em baixa hoje. Na bolsa, as ações da GOL (GOLL4) e da Azul (AZUL4) caíram 5,54% e 3,59%, respectivamente. Os papéis da CVC (CVCB3), que também dependem das reaberturas, recuaram 3,15%. Nem mesmo as ações da fabricantes de aeronaves Embraer (EMBR3) fugiu do pessimismo sobre o setor e caíram 1,31%.

Na semana, as ações da Gol, CVC Brasil e Azul lideraram as perdas do Ibovespa, com quedas de 20,23%, 18,51% e 16,79%, respectivamente.

Grendene

As ações da Grendene, (GRND3), das marcas Ipanema, Rider e Melissa, caíram 6,64%, após o lucro líquido da empresa cair 33,6% no terceiro trimestre para 110,8 milhões de reais. Por outro lado, a receita líquida teve alta de 8,3% para 630,8 milhões de reais. Segundo a empresa, o aumento da receita foi impulsionado por três fatores: auxílio emergencial; normalização da produção e boa receptividade das coleções primavera/verão.

Pesos pesados

Entre as ações com maior participação no Ibovespa, as ações da Petrobras caíram quase 2% em mais um dia de baixa dos preços do petróleo no exterior. Vale (VALE3) recuou 2,37%, mesmo com a alta do minério de ferro hoje. Já entre os grandes bancos, Itaú (ITUB4) foi o que menos caiu, 1,76%. Ontem, a instituição anunciou a nomeação de Milton Maluhy Filho como o novo presidente, em substituição a Candido Bracher. Em relatório, analistas do Credit Suisse comentaram que esperam que a transição seja tranquila, dado que o processo de escolha do sucessor estava em andamento há vários meses, com um plano de sucessão estabelecido há muito tempo. Os papéis de Bradesco (BBDC4), Banco do Brasil (BBAS3) e Santander (SANB11) caíram 3,03%, 3,75% e 4,01%, respectivamente.

Suzano

As ações da Suzano, que chegaram a subir mais de 5% com impulso do balanço do terceiro trimestre, considerado forte pelo mercado, também viraram para queda e fecharam com perdas de 0,24%.

A companhia informou em balanço que reduziu seu prejuízo líquido de 3,46 bilhões de reais para 1,16 bilhões de reais no terceiro trimestre. O lucro operacional da companhia foi de 2,17 bilhões de reais, que representa uma alta anual de 117%., enquanto a receita líquida cresceu 13% para 7,47 bilhões de reais. “Os resultados foram mais fortes e superaram as projeções de mercado. A taxa de câmbio mais elevada impulsionou a receita da Suzano, sobretudo no lado das vendas de celulose no exterior", avaliam analistas da Exame Research. A sua concorrente Klabin (KLBN11) encerrou com baixa de 0,38%.