Suzano ainda pode recuar mais após perda do grau de investimento
Empresa foi a segunda no Brasil a perder o grau de investimento num período de dois anos
Da Redação
Publicado em 16 de novembro de 2011 às 09h03.
Nova York - A desvalorização da Suzano Papel e Celulose SA no mercado internacional de dívida ainda pode estar longe do fim. Ela foi a segunda empresa brasileira a perder o grau de investimento num período de dois anos.
Os títulos em dólar da Suzano com vencimento em 2021 rendem 6,96 por cento, 76 pontos-base a menos do que títulos de empresas brasileiras com classificação de risco BB e 257 pontos- base a menos do que papéis de nível especulativo emitidos por fabricantes de celulose, segundo Credit Suisse Group AG e Bank of America Corp. O rendimento dos títulos da Suzano avançou 15 pontos-base, ou 0,15 ponto percentual, nos últimos 30 dias. Em 3 de novembro, a Moody’s Investors Service rebaixou a classificação da Suzano em dois níveis, de Baa3 para Ba2, dois níveis abaixo do grau de investimento.
O Barclays Plc prevê que os papéis da Suzano terão desempenho pior porque estão caros em relação a seus pares e porque a desaceleração da economia global afetará a demanda por celulose. A empresa com sede em Salvador multiplicou por sete os investimentos nos primeiros nove meses deste ano, enquanto o preço da celulose desabou 22 por cento desde junho.
“O plano de investimento deles seria difícil de administrar mesmo em tempos de preços recordes, e agora que os preços da celulose estão chegando ao fundo do poço, fica ainda mais difícil”, disse Autumn Graham, analista de dívida do Barclays, em entrevista por telefone de Nova York. “Nossa visão é que há poucos catalisadores positivos no curto prazo e que as métricas de crédito provavelmente vão piorar mais antes de haver uma melhora.”
Alavancagem
Os títulos da Suzano rendem 491 pontos-base a mais do que os papéis de vencimento similar do Tesouro americano. O títulos globais do governo brasileiro com vencimento em 2021 rendem 3,42 por cento, de acordo com dados compilados pela Bloomberg. A dívida com o mesmo vencimento da International Paper Co., maior produtora mundial de papel e celulose, paga 4,91 por cento.
Em 28 de outubro, a Suzano divulgou um prejuízo de R$ 426 milhões no terceiro trimestre, comparado a um lucro líquido de R$ 273 milhões no mesmo período de 2010. A desvalorização de 17 por cento do real aumentou o valor da dívida da companhia denominada em dólar.
A assessoria de imprensa externa da Suzano em São Paulo não retornou os três telefonemas e dois e-mails solicitando comentários para esta reportagem.
“Não tem nenhum problema de alavancagem no curto prazo”, disse Antonio Maciel Neto, presidente da Suzano, em teleconferência com investidores em 31 de outubro. Segundo ele, o horizonte de liquidez da empresa é muito bom e a Suzano tem trabalhado em iniciativas para reduzir a alavancagem de médio e longo prazo.
Participações
A empresa tem dito que pode vender participações em novos projetos e ativos para administrar seus níveis de alavancagem.
A companhia disse em seu relatório trimestral que a proporção entre a dívida líquida e os lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização, ou Ebitda, aumentou para 4,2 vezes no terceiro trimestre em relação às 2,2 vezes no mesmo período do ano passado.
O investimento da Suzano somou R$ 2,8 bilhões nos primeiros nove meses do ano, comparado a R$ 399 milhões um ano antes, de acordo com o website da empresa. A construção industrial na unidade da companhia no Maranhão está ajudando a elevar os gastos. A Suzano estima um custo total do projeto de US$ 2,9 bilhões, que elevará a capacidade de produção de celulose em 1,5 milhão de toneladas a partir de 2013. No plano de investimento anunciado em junho, a Suzano estimou que a proporção entre dívida líquida e Ebitda não superaria 3,5 vezes em 2011.
O índice BHKP para o preço global de celulose caiu por 22 semanas seguidas para 684, segundo dados compilados pela Bloomberg.
Preços e investimento
“É uma combinação de coisas que atingiram a empresa ao mesmo tempo”, disse Brian Oak, diretor-gerente da Moody’s em Nova York, em entrevista por telefone. “Os preços da celulose têm recuado e a empresa embarcou num programa de investimento bastante significativo. A combinação resultou numa alavancagem bastante elevada, além do que consideramos adequado para uma empresa com grau de investimento.”
O BES Investimento do Brasil SA, unidade do maior banco português de capital aberto, foi a última companhia brasileira a perder o grau de investimento. O banco foi rebaixado ao status “junk” em 8 de abril. A Moody’s elevou o nível de crédito de companhias brasileiras 25 vezes este ano.
Nova York - A desvalorização da Suzano Papel e Celulose SA no mercado internacional de dívida ainda pode estar longe do fim. Ela foi a segunda empresa brasileira a perder o grau de investimento num período de dois anos.
Os títulos em dólar da Suzano com vencimento em 2021 rendem 6,96 por cento, 76 pontos-base a menos do que títulos de empresas brasileiras com classificação de risco BB e 257 pontos- base a menos do que papéis de nível especulativo emitidos por fabricantes de celulose, segundo Credit Suisse Group AG e Bank of America Corp. O rendimento dos títulos da Suzano avançou 15 pontos-base, ou 0,15 ponto percentual, nos últimos 30 dias. Em 3 de novembro, a Moody’s Investors Service rebaixou a classificação da Suzano em dois níveis, de Baa3 para Ba2, dois níveis abaixo do grau de investimento.
O Barclays Plc prevê que os papéis da Suzano terão desempenho pior porque estão caros em relação a seus pares e porque a desaceleração da economia global afetará a demanda por celulose. A empresa com sede em Salvador multiplicou por sete os investimentos nos primeiros nove meses deste ano, enquanto o preço da celulose desabou 22 por cento desde junho.
“O plano de investimento deles seria difícil de administrar mesmo em tempos de preços recordes, e agora que os preços da celulose estão chegando ao fundo do poço, fica ainda mais difícil”, disse Autumn Graham, analista de dívida do Barclays, em entrevista por telefone de Nova York. “Nossa visão é que há poucos catalisadores positivos no curto prazo e que as métricas de crédito provavelmente vão piorar mais antes de haver uma melhora.”
Alavancagem
Os títulos da Suzano rendem 491 pontos-base a mais do que os papéis de vencimento similar do Tesouro americano. O títulos globais do governo brasileiro com vencimento em 2021 rendem 3,42 por cento, de acordo com dados compilados pela Bloomberg. A dívida com o mesmo vencimento da International Paper Co., maior produtora mundial de papel e celulose, paga 4,91 por cento.
Em 28 de outubro, a Suzano divulgou um prejuízo de R$ 426 milhões no terceiro trimestre, comparado a um lucro líquido de R$ 273 milhões no mesmo período de 2010. A desvalorização de 17 por cento do real aumentou o valor da dívida da companhia denominada em dólar.
A assessoria de imprensa externa da Suzano em São Paulo não retornou os três telefonemas e dois e-mails solicitando comentários para esta reportagem.
“Não tem nenhum problema de alavancagem no curto prazo”, disse Antonio Maciel Neto, presidente da Suzano, em teleconferência com investidores em 31 de outubro. Segundo ele, o horizonte de liquidez da empresa é muito bom e a Suzano tem trabalhado em iniciativas para reduzir a alavancagem de médio e longo prazo.
Participações
A empresa tem dito que pode vender participações em novos projetos e ativos para administrar seus níveis de alavancagem.
A companhia disse em seu relatório trimestral que a proporção entre a dívida líquida e os lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização, ou Ebitda, aumentou para 4,2 vezes no terceiro trimestre em relação às 2,2 vezes no mesmo período do ano passado.
O investimento da Suzano somou R$ 2,8 bilhões nos primeiros nove meses do ano, comparado a R$ 399 milhões um ano antes, de acordo com o website da empresa. A construção industrial na unidade da companhia no Maranhão está ajudando a elevar os gastos. A Suzano estima um custo total do projeto de US$ 2,9 bilhões, que elevará a capacidade de produção de celulose em 1,5 milhão de toneladas a partir de 2013. No plano de investimento anunciado em junho, a Suzano estimou que a proporção entre dívida líquida e Ebitda não superaria 3,5 vezes em 2011.
O índice BHKP para o preço global de celulose caiu por 22 semanas seguidas para 684, segundo dados compilados pela Bloomberg.
Preços e investimento
“É uma combinação de coisas que atingiram a empresa ao mesmo tempo”, disse Brian Oak, diretor-gerente da Moody’s em Nova York, em entrevista por telefone. “Os preços da celulose têm recuado e a empresa embarcou num programa de investimento bastante significativo. A combinação resultou numa alavancagem bastante elevada, além do que consideramos adequado para uma empresa com grau de investimento.”
O BES Investimento do Brasil SA, unidade do maior banco português de capital aberto, foi a última companhia brasileira a perder o grau de investimento. O banco foi rebaixado ao status “junk” em 8 de abril. A Moody’s elevou o nível de crédito de companhias brasileiras 25 vezes este ano.