Suíça quer ser paraíso do chocolate, não dos mercados financeiros
Uma proposta de mudança nas regras da indústria dos hedge funds pode afugentar os investidores do país
Da Redação
Publicado em 31 de julho de 2012 às 21h02.
São Paulo – Cada país tem os seus estereótipos. Os do Brasil, para os estrangeiros, são os óbvios futebol e carnaval. Na Suíça , o chocolate, os bancos e a frouxa regulamentação financeira. Mas o último começa a cair. Pelo menos é essa a vontade dos reguladores do país, que começam a franzir a testa para a indústria dos hedge funds e prometem torná-la uma das mais exigentes do mundo.
Os hedge funds são tipos de produtos financeiros com um perfil mais arriscado e que utilizam de derivativos e outras operações estruturadas para conseguir rendimento.
Apesar dos famosos bancos, como o UBS e o Credit Suisse, a presença de hedge funds era pequena até poucos anos atrás. A situação começou a mudar com o aumento da regulação sobre esses tipos de fundos após a crise financeira. A atuação deles foi apontada como nociva para a economia e responsável pelo aprofundamento dos problemas financeiros. Enquanto alguns países, como a Inglaterra, apertavam as regras, a Suíça surgiu como opção.
Os gestores que saíram de Londres para a Suíça em busca de uma regulação mais “light” se deparam com mais uma nova barreira. O que chama atenção é que as regras suíças serão, em alguns pontos, mais rígidas que as propostas pela União Europeia na chamada AIFM (Alternative Investment Fund Manager Directive). Ambas as legislações devem começar a valer a partir do ano que vem.
Reação
Como era de se esperar, os representantes do setor torceram o nariz. “Os padrões internacionais precisam ser alcançados, mas o CISA não precisa necessariamente ser transformado em uma camisa de força da União Europeia para o mundo inteiro”, disse Martin Thommen, presidente da SFA (Swiss Fund Association) e diretor geral do UBS Global Asset Management, em um press release.
Segundo as novas regras, um gestor que tiver um fundo sediado nas Ilhas Cayman e quiser acessar o dinheiro suíço, por exemplo, precisará de um representante seu no país europeu. Além disso, o país da sede da empresa deverá ter um acordo com a Suíça. “É uma enorme mudança em um país onde a regulação para os administradores não existia”, ressaltou David Butler para o Financial Times. O executivo é fundador da Kinetic Partners, consultoria que ajudou na mudança de mais de 50 gestores de Londres para Suíça nos últimos cinco anos.
Na semana passada, a Reuters revelou que o famoso hedge fund especializado em fusões e aquisições Tyrus Capital está com planos de levar a sua sede de Londres para Mônaco com o objetivo de escapar do olhar mais cuidadoso dos reguladores. Fosse há alguns anos a opção poderia ser a Suíça. O alento aos gestores é que o chocolate suíço, ao menos, não precisará ser banido das operações.
São Paulo – Cada país tem os seus estereótipos. Os do Brasil, para os estrangeiros, são os óbvios futebol e carnaval. Na Suíça , o chocolate, os bancos e a frouxa regulamentação financeira. Mas o último começa a cair. Pelo menos é essa a vontade dos reguladores do país, que começam a franzir a testa para a indústria dos hedge funds e prometem torná-la uma das mais exigentes do mundo.
Os hedge funds são tipos de produtos financeiros com um perfil mais arriscado e que utilizam de derivativos e outras operações estruturadas para conseguir rendimento.
Apesar dos famosos bancos, como o UBS e o Credit Suisse, a presença de hedge funds era pequena até poucos anos atrás. A situação começou a mudar com o aumento da regulação sobre esses tipos de fundos após a crise financeira. A atuação deles foi apontada como nociva para a economia e responsável pelo aprofundamento dos problemas financeiros. Enquanto alguns países, como a Inglaterra, apertavam as regras, a Suíça surgiu como opção.
Os gestores que saíram de Londres para a Suíça em busca de uma regulação mais “light” se deparam com mais uma nova barreira. O que chama atenção é que as regras suíças serão, em alguns pontos, mais rígidas que as propostas pela União Europeia na chamada AIFM (Alternative Investment Fund Manager Directive). Ambas as legislações devem começar a valer a partir do ano que vem.
Reação
Como era de se esperar, os representantes do setor torceram o nariz. “Os padrões internacionais precisam ser alcançados, mas o CISA não precisa necessariamente ser transformado em uma camisa de força da União Europeia para o mundo inteiro”, disse Martin Thommen, presidente da SFA (Swiss Fund Association) e diretor geral do UBS Global Asset Management, em um press release.
Segundo as novas regras, um gestor que tiver um fundo sediado nas Ilhas Cayman e quiser acessar o dinheiro suíço, por exemplo, precisará de um representante seu no país europeu. Além disso, o país da sede da empresa deverá ter um acordo com a Suíça. “É uma enorme mudança em um país onde a regulação para os administradores não existia”, ressaltou David Butler para o Financial Times. O executivo é fundador da Kinetic Partners, consultoria que ajudou na mudança de mais de 50 gestores de Londres para Suíça nos últimos cinco anos.
Na semana passada, a Reuters revelou que o famoso hedge fund especializado em fusões e aquisições Tyrus Capital está com planos de levar a sua sede de Londres para Mônaco com o objetivo de escapar do olhar mais cuidadoso dos reguladores. Fosse há alguns anos a opção poderia ser a Suíça. O alento aos gestores é que o chocolate suíço, ao menos, não precisará ser banido das operações.