Sob ameaça de intervenção, Petrobras fica para trás em rali do petróleo; ação despenca
Ações da estatal não conseguem acompanhar valorização da commodity e têm desempenho inferior às de outras petroleiras
Guilherme Guilherme
Publicado em 19 de fevereiro de 2021 às 09h16.
Última atualização em 19 de fevereiro de 2021 às 10h35.
Sem conseguir acompanhar a alta do petróleo, que já subiu 21,4% desde o início do ano, as ações da Petrobras (PETR3/PETR4) ficaram para trás no rali que impulsionou os papéis de praticamente todas as empresas do setor.
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Enquanto a PetroRio acumula 25,95% de alta no período, a estatal teve valorização inferior a 3,5% na bolsa. O desempenho também é pior que o de gigantes internacionais, como o ExxonMobil e Shell , que tiveram respectivas apreciações de 26,22% e 11,06%. A diferença entre o desempenho da Petrobras e de outras petroleiras deve ficar ainda maior após o pregão desta sexta-feira, 19, tendo em vista que as ações da companhia caem 5% nos primeiros minutos de negociação desta sexta-feira,19.
A razão para o pior desempenho da Petrobras se encontra em Brasília, de onde vem pressões contrárias à política de preços da empresa, que busca um alinhamento com a cotação do petróleo no mercado internacional.
Nesta semana, a estatal anunciou que iria aumentar em 10,2% o preço da gasolina nas refinarias e em 15% o do diesel. Na véspera, analistas do Goldman Sachs classificaram o ajuste como um “indício positivo e relevante”, “visto que o tema tem sido uma das principais preocupações dos investidores”.
O presidente Jair Bolsonaro , contudo, afirmou na noite de quinta-feira, 18, que o aumento é “fora da curva” e que “alguma coisa vai acontecer” com a estatal nos próximos dias - sem dizer o quê.
Na semana passada, no entanto, Bolsonaro havia prometido não intervir na Petrobras, após reunião com o ministro Paulo Guedes e o presidente da empresa, Roberto Castello Branco. O mercado, desconfiado, não comprou a ideia - e parece ter acertado.
Para amenizar os ânimos de caminhoneiros, que ameaçam uma nova greve, Bolsonaro anunciou a suspensão de tributos federais sobre o diesel por dois meses. A medida tampouco foi bem aceita pelo mercado.
André Perfeito, economista-chefe da Necton, a classificou em nota como um flerte com o “populismo fiscal”. Segundo ele, as “ameaças diretas à Petrobras forçará os investidores para alguma cautela”.