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Síndrome de maio: Bovespa perto de fechar mês no vermelho pelo 10º ano

Enquanto lá fora existe a lógica do "venda em maio e corra", por aqui o mau desempenho do Ibovespa se deve a uma sequência de crises internas

Ibovespa: última vez que fechou positivo em maio foi em 2009 (Germano Lüders/Exame)
TL

Tais Laporta

Publicado em 26 de maio de 2019 às 07h30.

Última atualização em 26 de maio de 2019 às 07h30.

A poucos dias do final do mês, a Bolsa brasileira tem boas chances de completar uma década de maios ruins. A “síndrome do mês 5” acomete desde 2010 o maior índice de ações da B3, o Ibovespa, em linha com o que acontece em outros mercados no exterior.

O maior índice de ações do país acumula no mês uma queda de 2,8% até o fechamento desta sexta-feira (24), nos 93 mil pontos, bem abaixo da euforia dos 100 mil pontos em março. Ainda é possível reverter o quadro na última semana do mês. Se isso ocorrer, será o primeiro maio azul no Ibovespa em 10 anos.

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"Venda em maio e corra"

Enquanto lá fora existe uma lógica para esta maré negativa, por aqui os analistas atribuem o mau desempenho do Ibovespa no quinto mês do ano a uma sequência de coincidências neste período do ano.

A recomendação “sell in may and go away” (venda em maio e corra, em tradução livre) é comum em países no hemisfério norte. Por lá, maio é o mês que antecede a chegada do verão e também as férias prolongadas – período em que as bolsas têm um baixo volume de negócios.

É a hora ideal para fugir de Wall Street, visto que os preços costumam ficar mais instáveis e assustam o investidor mais cauteloso. Isso acontece devido à baixa liquidez (facilidade em comprar ou vender os papéis).

Para o mercado local, esse movimento não faz qualquer sentido. Maio é seguido pelo inverno no Brasil, e os investidores continuam na ativa. Então o que explica a má sorte do Ibovespa em maios recentes?

“Foi uma série de notícias ruins que eclodiram em maio no Brasil, em especial nos últimos três anos”, lembra o estrategista-chefe da consultoria de investimentos Levante, Rafael Bevilacqua.

Dias que marcaram a Bolsa

No ano passado, a greve dos caminhoneiros foi emblemática para o Ibovespa. O índice desabou mais de 10% no acumulado do maio, na esteira de uma crise de desabastecimento, com estragos que persistem até hoje na economia.

O dia 17 de maio de 2017 também deixou suas marcas na bolsa. Ele ficou conhecido como o Joesley Day, quando foi a público a delação premiada dos irmãos Batista, donos da JBS, envolvendo o então presidente Michel Temer. Naquele maio, o Ibovespa fechou perdeu mais de 4%.

“Tivemos três sequências de meses de maio com notícias políticas negativas”, recorda o consultor de investimentos Marcelo D’Agosto. "Virou uma superstição".

Agora, em 2019, a turbulência no cenário político, agravada pela falta de sintonia entre o governo Bolsonaro e o Congresso na articulação necessária às reformas fiscais, adicionou novas tensões ao mercado em maio.

Estrangeiros ainda em rota de fuga

Seja pelos tropeços da política ou pela tradicional retirada no mês, o certo é que os investidores estrangeiros viram em maio a oportunidade de fazer as malas e partir da B3. No acumulado de maio até o dia 22, eles sacaram de lá 5,5 bilhões de reais.

Donos de quase metade dos ativos negociados na bolsa brasileira, os estrangeiros explicam, em boa parte, a desempenho negativo do índice em maio.

Foi de longe o mês com maiores saídas de capital externo – frustrando as expectativas de que os estrangeiros voltariam às compras ainda no primeiro semestre de 2019. A saída de recursos no acumulado do ano já soma R$ 5 bilhões.

“A expectativa de uma entrada maior de capital externo não se concretizou, ainda está em banho maria”, afirma D’Agosto. “Todo mundo está esperando para ver o que acontece”.

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