São Paulo - As ações de siderúrgicas brasileiras, no nível mais barato em um ano, estão atraindo os fundos de investimento com melhor desempenho no País, com a perspectiva de que a presidente eleita Dilma Rousseff tome medidas para proteger o setor da concorrência estrangeira.</p>

A Máxima Asset Management e a GAP Asset Management compraram ações da Gerdau SA este mês, diante de especulações de que Dilma vai subir o imposto sobre as importações. A aceleração das obras em preparação para a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016 vai elevar a demanda, impulsionado as “massacradas” ações de siderurgia, Felipe Casotti, que ajuda a administrar R$ 1 bilhão na Máxima, disse numa entrevista por telefone do Rio de Janeiro em 11 de novembro.

“Esses são programas de investimento muito grandes que geram otimismo com o setor”, Casotti disse. O fundo Máxima Participações Institucional teve retorno de 39 por cento este ano, o sexto melhor desempenho entre 381 fundos voltados somente para ações e com pelo menos R$ 100 milhões em ativos que são acompanhados pela Bloomberg. “Impostos maiores de importação são sem dúvida algo positivo para o setor.”

Diante que o aumento da concorrência e os custos mais elevados prejudicaram os lucros, Dilma pode tomar medidas “protecionistas” em favor das siderúrgicas quando assumir o cargo em 1º de janeiro, o Barclays Plc e o Bank of America Corp. afirmaram em relatórios a clientes este mês. A Gerdau, maior siderúrgica da América Latina, teve queda de 3,1 por cento no lucro líquido do terceiro trimestre, com a disparada dos preços de minério de ferro e carvão, os principais insumos para o aço usado na construção de carros, plataformas petrolíferas e estádios de futebol.

Desempenho inferior

A Gerdau e a Usinas Siderúrgicas de Minas Gerais SA, segunda maior siderúrgica brasileira, tiveram desempenho inferior ao do Índice Bovespa -- que avançou 14 por cento neste segundo semestre -- com preocupações de que as margens estão encolhendo.

A ação da Gerdau perdeu 11 por cento desde 30 de junho e é negociada a 11,8 vezes o lucro divulgado, após atingir 11,5 vezes no mês passado, o nível mais barato desde junho de 2009. A Usiminas teve queda de 14 por cento no período e é negociada a 11,6 vezes o lucro após ter caído a 11,2 vezes no mês passado, o menor patamar desde setembro de 2009. O Ibovespa é negociado a 14 vezes o lucro e chegou a ser negociado em 12,8 em maio, o nível mais barato desde março de 2009.

“As ações tinham caído muito”, Marcelo Mollica, que ajuda a administrar cerca de US$ 2 bilhões na GAP, disse numa entrevista em 11 de novembro. O fundo Ações da instituição sediada no Rio de Janeiro subiu 23 por cento este ano, superando cerca de 92 por cento dos fundos da mesma categoria. “O mercado tende a uma reação exagerada. Há uma perspectiva muito positiva para a demanda no mercado doméstico por anos à frente”, disse ele.

‘Combate a irregularidades’

Dilma também pode pressionar governos estaduais a ajudar o setor, Mollica disse. Trabalhadores da indústria do aço processaram os estados do Paraná e de Santa Catarina, alegando que os governos estão prejudicando o emprego ao não taxar algumas importações, de acordo com um comunicado no website do sindicato.

Um assessor de imprensa que faz parte da equipe de transição de Dilma e pediu para não ser identificado por causa da política interna se recusou a fazer comentários para esta reportagem.

Ações da Gerdau e da Usiminas se recuperaram no último mês após a Receita Federal ter afirmado em 22 de outubro que busca o “combate a irregularidades” que permitem que o valor declarado das importações de aço seja inferior ao custo das matérias- primas. Os impostos sobre importações serão baseados em preços predeterminados quando o valor declarado for menor, segundo a Receita.

Um assessor de imprensa da Gerdau se recusou a fazer comentários e pediu para não ser identificado devido às regras da empresa. Um assessor de imprensa de uma empresa externa que representa a Usiminas também se recusou a comentar. Ele também pediu para não ser identificado por causa da política da companhia.