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Sem novos sinais da equipe econômica, juro mantém alta

Ao término da negociação normal na BM&FBovespa, o contrato de DI com vencimento em julho de 2013 encerrou a sessão com taxa de 7,22%


	Juros: o contrato para janeiro de 2014 marcou 7,73% (411.130 contratos)
 (Marcos Santos/USP Imagens)

Juros: o contrato para janeiro de 2014 marcou 7,73% (411.130 contratos) (Marcos Santos/USP Imagens)

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Da Redação

Publicado em 13 de junho de 2013 às 07h48.

Os investidores mantiveram nesta segunda-feira o movimento de forte alta das taxas de juros no mercado futuro, aposta que ganhou corpo na sexta-feira após as declarações do ministro da Fazenda, Guido Mantega, de que o Banco Central (BC) usaria a Selic e não o câmbio para controlar a inflação. Até que nova sinalização seja passada pela equipe econômica, está claro para os agentes que o governo está mais preocupado com a inflação do que com a atividade no momento e, nesse sentido, a fala do ministro foi vista por muitos analistas como o aval para que o BC mude a política monetária de expansionista para contracionista. Os contratos com vencimentos mais curtos já refletem a certeza de que o BC iniciará um aperto monetário na reunião de abril, elevando os juros básicos em 0,25 ponto porcentual, segundo cálculo de uma fonte de mercado. Até o fim do ano, a elevação seria superior a 1 ponto.

Ao término da negociação normal na BM&FBovespa, o contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em julho de 2013 encerrou a sessão com taxa de 7,22%, com 209.935 contratos, ante 7,17% no ajuste da sexta-feira. O contrato para janeiro de 2014 marcou 7,73% (411.130 contratos), de 7,62% no ajuste da sexta-feira. O DI com vencimento em janeiro de 2015 apontou máxima de 8,45% (248.730 contratos), de 8,29%. Na ponta longa da curva, o juro para 2017 terminou na máxima de 9,13% (102.090), de 8,99% de sexta-feira, enquanto o DI para janeiro de 2021 encerrou em 9,66% (13.350), de 9,61% do fim da semana passada.

Começa a se cristalizar também uma percepção de que a corrida para a eleição presidencial pode já estar influenciando as decisões da equipe econômica, diz uma fonte de mercado. A presidente da República, Dilma Rousseff, que deve tentar a reeleição, precisa mostrar uma economia mais pujante ainda neste ano, sob pena de perder votos. Por outro lado, não pode deixar a inflação fugir do controle, já que a perda de poder aquisitivo da população pode ser ainda mais danosa à popularidade da presidente, lembra outra fonte.

Enquanto isso, os olhos dos operadores continuam voltados para os índices de preços. No início do dia houve até uma leve correção de baixa das taxas mais curtas, na sequência da divulgação do Índice de Preços ao Consumidor - Semanal (IPC-S) mais fraco na segunda quadrissemana de fevereiro. Mas o movimento durou pouco e logo os investidores voltaram a apostar fortemente em alta da Selic.

A inflação medida pelo IPC-S desacelerou para 0,55% na segunda quadrissemana de fevereiro, de 0,88% na quadrissemana anterior, informou hoje a Fundação Getúlio Vargas (FGV). O item que mais contribuiu para a perda de força do indicador foi tarifa de eletricidade residencial, cuja queda passou de 9,00% na primeira leitura deste mês para 13,39% na leitura atual.

Houve ainda um movimento técnico relacionado à negociação de títulos do Tesouro Nacional indexados à inflação oficial no mercado secundário, que contribuiu para a alta das taxas. Já a pesquisa Focus, divulgada hoje pelo Banco Central, não trouxe novidades, com pequenas revisões nas previsões do mercado financeiro para variáveis como inflação oficial e crescimento econômico. Vale ressaltar, também, que o volume de negociação foi mais baixo hoje em função do feriado do Dia do Presidente nos Estados Unidos.

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