Sem reforma da Previdência, dólar ficará em R$ 5 em 2019, diz BTG
Para o BTG Pactual, o pior cenário para projeção de câmbio considera a reforma da Previdência focada apenas nos funcionários públicos
Karla Mamona
Publicado em 28 de novembro de 2018 às 14h56.
Última atualização em 28 de novembro de 2018 às 15h00.
São Paulo - O dólar pode chegar em R$ 5 em 2019, caso a reforma da Previdência, tão esperada pelo mercado financeiro, seja diluída. Este é o pior cenário projetado pelos analistas do BTG Pactual em um relatório publicado na última terça-feira.
Para que a moeda brasileira sofra esta depreciação frente ao dólar e seja negociada em R$ 5 reais, a equipe econômica do banco considerou um cenário em que a reforma da Previdência seja focada apenas nos funcionários públicos e que ainda ocorra impasse político em relação a outras medidas necessárias para o ajuste fiscal, como as privatizações.
Além dos problemas relacionados à reforma da Previdência, os analistas consideraram ainda neste cenário que o spread de risco do Brasil, medido pelo CDS (Credit Default Swap) - um indicador de seguro contra a inadimplência - subiria para 400 pontos em 2019 e 2020. No começo de novembro, CDS estava em 278 pontos. Além disso, os títulos do Tesouro Americano (Treasuries) de 10 anos e 2 anos estariam em 4% e 3,75% em 2019 e em 4,50% e 4,25% em 2020.
Outros dois cenários
A equipe econômica do BTG Pactual traçou ainda mais dois cenários para projeção de dólar. No cenário-base, considerado mais provável, a moeda americana seria negociada em R$ 3,90.
Nesta projeção, o CDS de 10 anos terminaria em 225 pontos-base, abaixo do nível dos 300 pontos estimado para este ano e os títulos do Tesouro americano para 10 anos encerrariam o ano em 3,50%.
Segundo o relatório, esse cenário é compatível com a aprovação de uma reforma da Previdência moderada e com a adoção de outras medidas que possam limitar o gasto público.
Já em um cenário mais otimista, o BTG Pactual projeta o dólar em R$ 3,40. Nesse cenário, é considerada a aprovação de uma reforma da Previdência semelhante a que foi proposta pelo governo Temer (que prevê uma economia de 800 bilhões de reais nas contas públicas em 10 anos).
Para que a moeda alcance esse valor, o banco aponta ainda que seriam necessárias outras medidas como redução de despesas, além de privatizações e outras reformas. Nesse cenário, os títulos do Tesouro americano de 10 anos e 2 anos ficariam estáveis em 3% e 2,75%, respectivamente, e cairiam para 2,50% e 2,25% no final de 2020.