Saída de CEO piora drama de detentores de bonds da Oi
Na semana passada, a companhia telefônica com a dívida mais elevada do Brasil anunciou a saída de seu CEO de forma inesperada
Da Redação
Publicado em 13 de outubro de 2014 às 21h25.
São Paulo - Os detentores de títulos de dívida externa da Oi , os chamados bonds, têm acompanhado de perto um enrosco corporativo com traços dramáticos nos últimos três meses.
Na semana passada, a companhia telefônica com a dívida mais elevada do Brasil anunciou a saída de seu CEO de forma inesperada.
Três semanas antes, contratou um banco para trabalhar na aquisição da participação majoritária da Telecom Italia em sua unidade brasileira, a TIM Participações, o que tenderia a ampliar os níveis de alavancagem da Oi, que já atingem nível recorde de alta.
Em julho, a Oi disse que não havia sido informada a respeito de um investimento de US$ 1,2 bilhão de sua parceira em uma empresa que depois deu um calote.
“A saída do CEO em um momento difícil para a empresa não é uma boa notícia”, disse Robert Jaeger, analista de crédito do Société Générale em Londres, por e-mail. “A história de recuperação é mais difícil com a liderança agora em transição. Não será fácil”.
O montante de US$ 1,5 bilhão da empresa em notas com vencimento em 2022 perdeu 3,5 por cento desde que o CEO Zeinal Bava se demitiu, no dia 7 de outubro, criando um vazio de liderança em um momento em que os concorrentes estão adotando medidas para aumentar a participação de mercado na maior economia da América Latina.
Essa é a maior queda entre os bonds de 22 empresas de serviços de telecomunicações em mercados emergentes, e faz com que o prejuízo acumulado pelas notas nos últimos três meses atinja 2,6 por cento.
Luisa Guedes, assessora de imprensa da Oi, preferiu não comentar a saída de Bava e o desempenho dos bonds da companhia.
‘Drama’ da Oi
Bava, 48, havia sido anteriormente CEO da Portugal Telecom SGPS SA e ingressou na Oi no ano passado para facilitar a fusão das duas empresas.
O diretor financeiro Bayard Gontijo assumirá até que o conselho nomeie um sucessor, disse a Oi em um documento publicado no dia 7 de outubro.
“Este parece ser outro episódio do drama pelo qual a Oi tem passado nos últimos meses”, disse Karina Freitas, analista da Concórdia SA, em entrevista por telefone, de São Paulo.
“Não está muito claro como as coisas vão evoluir. O novo CEO precisará lidar com uma dívida pesada, e é necessário mostrar ao mercado como isso será feito”.
Os quase US$ 20 bilhões em dívidas da Oi representam mais de quatro vezes seus lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização, segundo Luísa Vilhena, analista da Standard Poor’s.
Reduções de rating
A Oi teve sua nota de crédito reduzida pela S&P e pela Fitch Ratings para BB+, um nível abaixo do grau de investimento, depois que a Rioforte Investments, uma subsidiária da Espírito Santo International, com sede em Lisboa, não pagou 897 milhões de euros em notas devidas à Portugal Telecom em julho.
Em entrevista para o jornal Valor Econômico, publicada no dia 10 de outubro, o CEO interino Gontijo disse que reduzir os níveis de dívida é uma prioridade e que a empresa pretende ser um grande player na consolidação do mercado de telecomunicação do Brasil.
Três dias antes, em um documento, a Oi reiterou que está buscando melhorar a flexibilidade financeira vendendo ativos não estratégicos e participações em empresas como a Africatel Holdings BV.
‘Muito desconfortável’
A Oi e a Portugal Telecom fecharam um acordo de fusão um ano atrás para criar uma operadora com 100 milhões de clientes e cujo objetivo era competir com a Telefónica e a América Móvil, de Carlos Slim.
Contudo, com uma participação de mercado de 18,5 por cento em julho, a Oi era a menor operadora de telefonia celular do Brasil, segundo dados da agência reguladora do setor de telecomunicações.
No dia 12 de setembro, a Oi disse que contratou o Banco BTG Pactual para trabalhar na aquisição da participação da Telecom Italia na TIM Participações SA, o que levou a uma queda nos bonds da companhia. A assessoria de imprensa da Oi preferiu não comentar os planos.
“O mercado está claramente muito desconfortável com essas constantes mudanças,” disse Freitas, da Concórdia.
São Paulo - Os detentores de títulos de dívida externa da Oi , os chamados bonds, têm acompanhado de perto um enrosco corporativo com traços dramáticos nos últimos três meses.
Na semana passada, a companhia telefônica com a dívida mais elevada do Brasil anunciou a saída de seu CEO de forma inesperada.
Três semanas antes, contratou um banco para trabalhar na aquisição da participação majoritária da Telecom Italia em sua unidade brasileira, a TIM Participações, o que tenderia a ampliar os níveis de alavancagem da Oi, que já atingem nível recorde de alta.
Em julho, a Oi disse que não havia sido informada a respeito de um investimento de US$ 1,2 bilhão de sua parceira em uma empresa que depois deu um calote.
“A saída do CEO em um momento difícil para a empresa não é uma boa notícia”, disse Robert Jaeger, analista de crédito do Société Générale em Londres, por e-mail. “A história de recuperação é mais difícil com a liderança agora em transição. Não será fácil”.
O montante de US$ 1,5 bilhão da empresa em notas com vencimento em 2022 perdeu 3,5 por cento desde que o CEO Zeinal Bava se demitiu, no dia 7 de outubro, criando um vazio de liderança em um momento em que os concorrentes estão adotando medidas para aumentar a participação de mercado na maior economia da América Latina.
Essa é a maior queda entre os bonds de 22 empresas de serviços de telecomunicações em mercados emergentes, e faz com que o prejuízo acumulado pelas notas nos últimos três meses atinja 2,6 por cento.
Luisa Guedes, assessora de imprensa da Oi, preferiu não comentar a saída de Bava e o desempenho dos bonds da companhia.
‘Drama’ da Oi
Bava, 48, havia sido anteriormente CEO da Portugal Telecom SGPS SA e ingressou na Oi no ano passado para facilitar a fusão das duas empresas.
O diretor financeiro Bayard Gontijo assumirá até que o conselho nomeie um sucessor, disse a Oi em um documento publicado no dia 7 de outubro.
“Este parece ser outro episódio do drama pelo qual a Oi tem passado nos últimos meses”, disse Karina Freitas, analista da Concórdia SA, em entrevista por telefone, de São Paulo.
“Não está muito claro como as coisas vão evoluir. O novo CEO precisará lidar com uma dívida pesada, e é necessário mostrar ao mercado como isso será feito”.
Os quase US$ 20 bilhões em dívidas da Oi representam mais de quatro vezes seus lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização, segundo Luísa Vilhena, analista da Standard Poor’s.
Reduções de rating
A Oi teve sua nota de crédito reduzida pela S&P e pela Fitch Ratings para BB+, um nível abaixo do grau de investimento, depois que a Rioforte Investments, uma subsidiária da Espírito Santo International, com sede em Lisboa, não pagou 897 milhões de euros em notas devidas à Portugal Telecom em julho.
Em entrevista para o jornal Valor Econômico, publicada no dia 10 de outubro, o CEO interino Gontijo disse que reduzir os níveis de dívida é uma prioridade e que a empresa pretende ser um grande player na consolidação do mercado de telecomunicação do Brasil.
Três dias antes, em um documento, a Oi reiterou que está buscando melhorar a flexibilidade financeira vendendo ativos não estratégicos e participações em empresas como a Africatel Holdings BV.
‘Muito desconfortável’
A Oi e a Portugal Telecom fecharam um acordo de fusão um ano atrás para criar uma operadora com 100 milhões de clientes e cujo objetivo era competir com a Telefónica e a América Móvil, de Carlos Slim.
Contudo, com uma participação de mercado de 18,5 por cento em julho, a Oi era a menor operadora de telefonia celular do Brasil, segundo dados da agência reguladora do setor de telecomunicações.
No dia 12 de setembro, a Oi disse que contratou o Banco BTG Pactual para trabalhar na aquisição da participação da Telecom Italia na TIM Participações SA, o que levou a uma queda nos bonds da companhia. A assessoria de imprensa da Oi preferiu não comentar os planos.
“O mercado está claramente muito desconfortável com essas constantes mudanças,” disse Freitas, da Concórdia.