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REPERCUSSÃO-Mercado quer mais clareza sobre economia em 2o turno

SÃO PAULO, 3 de outubro (Reuters) - A disputa pela Presidência da República terá segundo turno entre Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB), indicam os números do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) depois de mais de 90 por cento de votos apurados. A seguir comentários de economistas de mercado sobre esse resultado. ARTHUR CARVALHO FILHO, […]

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Da Redação

Publicado em 3 de outubro de 2010 às 18h16.

SÃO PAULO, 3 de outubro (Reuters) - A disputa pela
Presidência da República terá segundo turno entre Dilma
Rousseff (PT) e José Serra (PSDB), indicam os números do
Tribunal Superior Eleitoral (TSE) depois de mais de 90 por
cento de votos apurados.

A seguir comentários de economistas de mercado sobre esse
resultado.

ARTHUR CARVALHO FILHO, ECONOMISTA-CHEFE, ATIVA CORRETORA:

"Serra não avançou muito, quem avançou foi Marina, de forma
impressionante. A dúvida que fica é se esse eleitor estava na
dúvida entre Dilma e Marina. Se for isso, o que eu acredito,
não muda o resultado final da eleição. A menos que Marina faça
campanha para Serra.

No mercado, o resultado apontando segundo turno pode
provocar reação principalmente na curva de juros, que mostrou
alívio conforme Dilma avançou nas pesquisas, uma vez que havia
temores de Serra mudar política monetária etc. Desse modo, o
investidor estrangeiro que está entrando em uma velocidade
impressionante pode reduzir o ritmo um pouco. No segmento
cambial, a apreciação do real também pode sofrer uma pausa
justamente se esse estrangeiro segurar o passo, embora não seja
suficiente para mudar a tendência."

CLODOIR VIEIRA, ECONOMISTA-CHEFE, CORRETORA SOUZA BARROS:

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"Do lado financeiro não espero volatilidade com o segundo
turno, porque o mercado não acredita que haverá grandes
mudanças. Acho que o mercado vê da seguinte forma: Dilma sendo
eleita, daria continuidade às políticas de Lula, enquanto a
visão para o caso de Serra vencer não é muito diferente, ao
menos na área econômica. O mercado não está esperando uma
ruptura, independentemente de qual dos dois será eleito.

É fato que nenhum dos dois candidatos possui um programa de
governo claro para a área financeira, e isso é um pouco ruim.
Mas o pessoal deve olhar o segundo turno como prova da
consolidação da política brasileira. Não vai ser como nas
outras eleições, quando o mercado oscilava forte a cada ponto
(percentual) que se apurava para um lado ou para outro.

Com o segundo turno, o Banco Central deverá adiar algumas
dessas medidas (esperados pelo mercado, como mais IOF sobre
aplicações estrangeiras, por exemplo) para conter o real."

CRISTIANO OLIVEIRA, ECONOMISTA-CHEFE, BANCO SAFRA DE
INVESTIMENTO:

"Com a decisão sendo postergada para o segundo turno,
começa a importar para os mercados o nome dos prováveis
ministeriáveis não só de Dilma, mas também de Serra. Havia
também certa expectativa de que o governo, logo após as
eleições no primeiro turno, poderia tomar uma medida um pouco
mais forte em relação ao câmbio. Com a postergação da decisão,
é evidente que o governo tende a ser mais cauteloso.

Essa campanha do segundo turno é interessante. Ambos os
candidatos terão que ser mais explícitos em seus programas de
governo, e também no campo econômico. O debate que não ocorreu
no primeiro turno vai ter que haver no segundo. Acho que para
juros não (haverá impacto). No Brasil, a gente tem um Banco
Central que é autônomo e, portanto, o mercado vai continuar
olhando para os dados de atividade, de economia internacional.
E acredito que os analistas de bolsa tendem a olhar tanto Dilma
quanto Serra como dois governos desenvolvimentistas."

TONY VOLPON, CHEFE DE PESQUISA PARA MERCADOS EMERGENTES NAS
AMÉRICAS, NOMURA SECURITIES:

"A tendência é o mercado acreditar que Dilma ganhe no
segundo turno. Os números dela caíram, mas os que subiram foram
os de Marina. E, sem que haja uma real união entre Serra e
Marina, isso não deve mudar.

Nesse contexto, há duas hipóteses para a reação no mercado.
Nos últimos dias, houve entradas (de dólares) antecipando uma
eventual medida relacionada ao IOF, que o mercado estava na
expectativa de ser anunciada passada a eleição. Esse fluxo já
foi. Dado isso, não me surpreenderia que o dólar voltasse a se
apreciar. Por outro lado, os investidores devem entender que a
probabilidade de um eventual IOF no intervalo dos próximos 30
dias é muito baixa. Mas, na minha opinião, a tendência de
apreciação do real não muda."

LUIZ GUILHERME PIVA, DIRETOR, ECONOMISTA E CIENTISTA
POLÍTICO, LCA CONSULTORES:

"Acho (a realização de segundo turno) perfeitamente
tranquila. Nós não vivemos nenhum momento de turbulência,
nenhuma ameaça de corrida especulativa. Ao contrário, estamos
longe disso. Na minha análise, parece certo que ela (Dilma)
teve um desgaste pelos boatos (sobre aborto), e acho isso
lamentável. Isso me dá um certo temor de que sejam temas que
venham a ser explorados no segundo turno.

Vai ser muito importante a posição de Marina.
Aparentemente, ela não tem um alinhamento automático entre o
que pode ser a posição partidária do PV e o que pode ser a
posição da Marina e do núcleo mais próximo dela."

PAULO PETRASSI, SÓCIO-GESTOR, LEME INVESTIMENTOS:

"Essa ida ao segundo turno traz algumas mudanças para o
mercado, principalmente no de câmbio. A gente sabe que Serra é
defensor de uma política cambial mais firme, embora ele ainda
não tenha mostrado o que pretende fazer caso eleito.

Dado que o câmbio já vem bem baixo, pode ser que nesta
semana a gente observe uma correção. Não será nada demais, mas
talvez a taxa chegue a 1,75 (real), até mesmo 1,80 (real).

Nos outros mercados, acho que a influência será mínima.
Talvez a bolsa até veja o segundo turno como positivo, com
alguns investidores achando que Serra possui uma política mais
expansionista. No (mercado) de juros, o impacto será bem
pequeno."

(Por Paula Laier, Silvio Cascione e José de Castro; Edição
de Daniela Machado e Cesar Bianconi)

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