Reguladores financeiros dos EUA devem se reunir para discutir coronavírus
Fontes disseram à agência Reuters que reunião do Conselho de Supervisão de Estabilidade Financeira, já marcada, deve incluir discussão sobre coronavírus
Carolina Riveira
Publicado em 29 de fevereiro de 2020 às 09h46.
As principais autoridades regulatórias dos Estados Unidos devem discutir as implicações econômicas e o impacto no mercado financeiro de uma possível pandemia de coronavírus em uma reunião de seu painel de ameaças sistêmicas, na próxima quarta-feira, disseram três fontes à Reuters.
É provável que o impacto em torno da rápida disseminação do coronavírus esteja na agenda da reunião de nível adjunto do Conselho de Supervisão de Estabilidade Financeira, que havia sido marcada antes da recente expressiva liquidação nas bolsas de valores, disseram as fontes.
O conselho, liderado pelo Departamento do Tesouro e composto por importantes reguladores financeiros, incluindo o Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA), tem a tarefa de identificar e monitorar riscos à estabilidade financeira dos EUA.
O conselho tem reuniões regulares para garantir que as agências encarregadas da supervisão dos diferentes mercados permaneçam em contato.
Nesta sexta-feira, 28, o presidente do conselho do Fed, Jerome Powell, disse que o banco "agirá conforme apropriado" para apoiar a economia diante dos riscos da epidemia de coronavírus, embora tenha ressalvado que a economia continua em boa forma.
"Os fundamentos da economia norte-americana permanecem fortes", disse Powell em comunicado divulgado em meio a uma contínua onda de vendas nas bolsas de valores globais.
O banco Goldman Sachs prevê que o Fed faça três cortes na taxa de juros americana até junho para conter os estragos do coronavírus, totalizando 0,75 ponto percentual. A taxa americana está atualmente entre 1,5% e 1,75%, e sofreu altas sucessivas nos últimos anos. O primeiro potencial corte, na projeção do Sachs, aconteceria já no mês de março, na reunião de cúpula do Fed nos dias 17 e 18 de março.
Mercados em queda
Os mercados globais tiveram a pior semana desde a crise financeira de 2008, em meio à preocupação de que o coronavírus atinja em massa países fora da China. Já são mais de 4.000 casos registrados fora de território chinês.
O cenário instaurou volatilidade no setor financeiro e mais de 5 trilhões de dólares foram perdidos nos mercados mundo afora -- o equivalente ao Produto Interno Bruto (PIB) do Japão, a terceira maior economia do mundo.
Na prática, os índices entraram no território da chamada correção, quando há uma queda de 10% em relação à máxima do último ano. O índice MSCI de ações em todo o mundo caiu 0,76%, com uma queda semanal superior a 10%, a segunda maior já registrada.
O índice VIX, chamado de "índice do medo" e que dá o tom da instabilidade nos mercados globais, encerrou a semana em alta de mais de 67% desde a última segunda-feira, 24.