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Redução de expectativa: Uber murcha avaliação em IPO e divulga mais perdas

Gigante de mobilidade urbana projeta ser avaliada em até 90 bilhões de dólares. Há poucas semanas, seu valuation era de 120 bilhões de dólares

Motorista de Uber: apenas a Uber tem cerca de 600 mil motoristas brasileiros cadastrados (Germano Lüders/Exame)

Motorista de Uber: apenas a Uber tem cerca de 600 mil motoristas brasileiros cadastrados (Germano Lüders/Exame)

Mariana Fonseca

Mariana Fonseca

Publicado em 26 de abril de 2019 às 11h32.

Última atualização em 26 de abril de 2019 às 11h44.

A gigante de mobilidade urbana Uber atualizou hoje seus documentos para a oferta pública inicial de ações (na sigla original, IPO) e indicou uma redução de sua avaliação de mercado.

A Uber comercializará 180 milhões de ações na New York Stock Exchange (NYSE), a um preço unitário entre 44 e 50 dólares. Desse montante, a empresa de pagamentos PayPal já fechou uma compra de 500 milhões de dólares nos preços demarcados pela Uber.

Se outros investidores seguirem a toada, a Uber levantará até 9 bilhões de dólares com suas ações. Outras 27 milhões de ações virão de investidores secundários, totalizando até 10,35 bilhões de dólares em vendas de papéis.

O jornal The New York Times estima que a Uber poderá ser avaliada entre 81 e 90 bilhões de dólares em seu IPO. Apesar de impressionante e provavelmente significar a oferta pública inicial do ano para o mercado acionário americano, o valuation é significativamente menor dos vistos há algumas semanas.

A Uber começou se avaliando em 120 bilhões de dólares. O valuation seguiu assim por meses, mas foi reduzido para 100 bilhões de dólares com a aproximação do IPO. Agora, o aplicativo de mobilidade urbana diminuiu novamente a estimativa de valor de mercado.

Concorrência e balanços financeiros

Uma primeira explicação para as expectativas reduzidas da Uber é o desempenho na bolsa de sua maior concorrente americana, a Lyft.

A empresa está hoje avaliada em 15,8 bilhões de dólares, mesmo colocando seu valuation em 24 bilhões de dólares na época de seu IPO. No primeiro dia de negociação, as ações chegaram a ser negociadas a 88,6 dólares a unidade. Agora, cada papel da Lyft ronda os 55 dólares.

A mudança na avaliação da Uber também vem acompanhada da divulgação de novos números. No primeiro trimestre de 2019, a empresa estima receitas entre 3,04 e 3,10 bilhões de dólares. É uma alta de 17,8 a 20,1% sobre o mesmo trimestre de 2018, mas um salto de apenas 2,2 a 4,2% sobre o último trimestre de 2018.

Enquanto isso, o prejuízo deve ficar entre 1 e 1,11 bilhão de dólares. Se continuar no mesmo ritmo, a Uber deve perder mais dinheiro neste ano do que em 2018.

No último ano, a Uber gerou 49,8 bilhões de dólares em corridas, o que lhe rendeu uma receita de 11,3 bilhões de dólares. A receita foi 42% superior à de 2017, de 7,9 bilhões de dólares. Com despesas totais de 14,3 bilhões de dólares em 2018, a Uber supostamente teria um prejuízo operacional de 3 bilhões de dólares. Mas colocou em seu prospecto receitas líquidas de 997 milhões de dólares, em grande parte graças a um desinvestimento de 3,2 bilhões de dólares em operações na Rússia e em Singapura.

A Uber avisa que pode “não atingir a lucratividade” no futuro próximo. Dependendo de quão arriscada e inovadora for alguma nova vertical que a Uber desejar criar, os ganhos podem não chegar nunca.

Vale lembrar que outros unicórnios, ou startups avaliadas em um bilhão de dólares ou mais, enfrentam problemas financeiros apesar de altos valuations. A Lyft e a imobiliária tecnológica WeWork valem, respectivamente, 20 bilhões de dólares e 47 bilhões de dólares. Mas apresentaram perdas de 911 milhões de dólares e 1,9 bilhão de dólares no último ano.

Pelo que a Lyft já mostrou, a vida para unicórnios sem lucros não está nada fácil no mercado acionário -- e a Uber já está se preparando.

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