Rali global nas bolsas desafia caos em Washington de olho em mais estímulo
Ataque armado à sede do governo sem precedentes na história não deixou nenhuma marca na maioria dos ativos
Marília Almeida
Publicado em 7 de janeiro de 2021 às 15h15.
A insurreição no centro da democracia dos Estados Unidos foi mais um choque que não conseguiu interromper o rali do mercado global.
O ataque armado à sede do governo - sem precedentes na história moderna - não deixou nenhuma marca na maioria dos ativos, o que destaca a convicção nas apostas de reflação após o segundo turno das eleições do Senado na Geórgia e a posição privilegiada dos EUA nas finanças globais.
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Enquanto centenas de pessoas invadiam o prédio do Capitólio na quarta-feira em meio a bombas de fumaça, o que obrigou parlamentares a se esconderem por segurança, o S&P 500 perdia força em relação às máximas. Ainda assim, o Dow Jones Industrial Average fechou em nível recorde e o índice Russell 2000 subiu quase 4% no dia.
Joe Biden foi formalmente reconhecido pelo Congresso como o próximo presidente dos EUA na manhã de quinta-feira, enquanto Donald Trump prometeu “uma transição ordeira”.
Na sessão de quinta-feira, os futuros de índices acionários dos EUA avançavam, as ações da Ásia-Pacífico encostaram em um recorde, enquanto moedas de mercados emergentes eram negociadas perto do maior nível já registrado.
“É decepcionante testemunhar tal comportamento no Capitólio, na verdade, é uma vergonha”, disse Gregory Perdon, codiretor de investimentos da Arbuthnot Latham, em Londres. “Mas as ações estão apenas fazendo o que fazem de melhor: olhar além de mais algumas semanas de ruído.”
Para gestores de ativos, a eleição na Geórgia teve um significado maior do que a invasão do Capitólio, onde a ordem foi finalmente restaurada. Com a perspectiva de controle democrata do Senado, políticas econômicas mais expansivas estão a caminho, segundo Julian Rimmer, operador do Investec Bank, em Londres. Isso poderia dar continuidade à fraqueza do dólar e apoiar ativos de maior risco no mundo todo, disse.
O ETF iShares Russell 2000, com forte peso entre investidores de varejo, recebeu US$ 1,4 bilhão na quarta-feira, o maior valor em quase dois meses. O SPDR S&P 500 ETF Trust, ou SPY, registrou entradas de US$ 2,4 bilhões. Investidores também apostaram em ações financeiras, injetando US$ 1,6 bilhão ao ETF Financial Select Sector SPDR, o maior volume desde 2016.
“Os mercados olham para frente, além do que vemos agora, que é o caos e a pandemia”, disse Trinh Nguyen, economista sênior do Natixis, em Hong Kong. “No curto prazo, o Fed manterá os juros baixos e a flexibilização quantitativa para ajudar a recuperação e provavelmente obteremos mais estímulo e certeza, sem mencionar a distribuição de vacinas.”