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Rali dos mercados emergentes pode estar próximo do fim. Entenda

Alta no rendimento dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos reduz prêmio de risco de ativos de emergentes, o que pode sinalizar início de onda vendedora

Depois de subir 33% desde o fim de outubro, o Ibovespa abriu a segunda semana do ano em forte queda; analistas alertam para possível onda vendedora (Germano Lüders/Exame)
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Bloomberg

Publicado em 11 de janeiro de 2021 às 18h16.

Depois de se esquivarem do impacto do aumento dos rendimentos dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos por cinco meses, ações de mercados emergentes parecem vulneráveis a uma onda vendedora se os juros livres de risco continuarem a subir.

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Ações de países em desenvolvimento se valorizaram em 4,8 trilhões de dólares e o índice de referência subiu 24%, para o maior nível desde 4 de agosto, quando o rendimento dos títulos de 10 anos dos EUA começou a trajetória de alta e mais do que dobrou para 1,1%. Mas o ponto em que as oscilações dos Treasuries podem impactar o apetite por risco está cada vez mais próximo.

Sinais de cautela do mercado de títulos do Tesouro dos EUA aumentam as preocupações de investidores sobre a valorização exagerada de ativos emergentes, em que valuations, preços de índices e capitalização de mercado estão em níveis recordes.

Enquanto as estimativas de lucro continuam a aumentar, a propagação do novo coronavírus e a recuperação desigual em economias emergentes sugerem que os preços atuais são insustentáveis. Com todas as boas notícias precificadas, o rali parece sobrevalorizado.

“Embora nossa análise anterior mostre que um aumento dos rendimentos dos Treasuries dos EUA liderado pelo ponto de equilíbrio seja, na verdade, favorável aos ativos de mercados emergentes, notamos que, nos últimos dias, a participação dos rendimentos reais na onda vendedora tem aumentado, o que sugere um caminho menos suave à frente para mercados emergentes”, disseram estrategistas do Morgan Stanley em Nova York, incluindo Ioana Zamfir, em relatório.

Prêmio de risco cai

O rendimento extra que investidores demandam para deter ações de mercados emergentes em vez de títulos de 10 anos do Tesouro dos EUA encolheu para o menor nível desde janeiro de 2018, quando o início da guerra comercial Estados Unidos-China levou ao aumento desse prêmio.

O chamado earnings yield no índice MSCI Emerging Markets -- estimativas de lucro calculadas como percentual dos preços atuais -- está apenas 520 pontos-base acima da taxa dos Treasuries, em comparação com 948 pontos-base em março e até 1.146 pontos-base em outubro de 2011.

Se a história servir de guia, sempre que o spread cai para esse nível, abre espaço para uma onda vendedora.

Investidores já começam a aumentar as apostas de queda do ETF iShares MSCI Emerging Markets, com 30 bilhões de dólares em ativos. O movimento reflete o alta dos rendimentos dos títulos de 10 anos, ao contrário do primeiro trimestre de 2020, quando as apostas na baixa aumentaram quando os rendimentos do Treasuries caíram como resultado da aversão ao risco. Agora, a preocupação é que a alta pode ter ido longe demais.

Gráfico que mostra a queda no prêmio de risco de ativos emergentes em relação ao rendimento de títulos de 10 anos do Tesouro americano (./Bloomberg)

Movimentos dos títulos do Tesouro dos EUA normalmente não se refletem nos mercados emergentes diretamente, mas por meio de oscilações no dólar. Em épocas em que a alta dos rendimentos coincide com um dólar mais forte, os ativos de mercados emergentes registram perdas.

Sempre que o dólar se enfraquece quando os juros do Treasuries sobem, mercados emergentes ignoram os títulos do Tesouro e embarcam em uma trajetória altista, o que tem prevalecido nos últimos cinco meses.

No entanto a correlação negativa entre os rendimentos dos Treasuries e o dólar desapareceu. Isso significa que o apetite por risco nos mercados globais pode estar perdendo fôlego. Se a relação se tornar positiva e os rendimentos continuarem a subir, isso poderá significar o fim do rali das ações de mercados emergentes.

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