Questionamento pode dar fôlego a minoritários da Oi
Pronunciamento público da Amec questionando bases da reestruturação societária promete dar fôlego ao ativismo de acionistas minoritários
Da Redação
Publicado em 13 de dezembro de 2013 às 20h35.
Rio - O pronunciamento público da Associação de Investidores no Mercado de Capitais (Amec) questionando as bases da reestruturação societária anunciada por Oi e Portugal Telecom em outubro promete dar fôlego ao ativismo de acionistas minoritários da companhia. A expectativa é que novas consultas sejam encaminhadas à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), levando a autarquia a se pronunciar sobre pontos considerados controversos na transação.
Uma das dez maiores minoritárias ordinaristas da Oi, a gestora Tempo Capital foi a primeira a buscar respostas junto à CVM. Logo após o anúncio da operação encaminhou consulta em que pede que a autarquia esclareça sua avaliação sobre cinco pontos. Entre eles estão o direito de recesso dos acionistas dissidentes e o conflito de interesse dos controladores e da Portugal Telecom nas deliberações sobre o laudo de avaliação dos bens da portuguesa, que integralizarão o aumento de capital de até R$ 14,1 bilhões proposto.
Tanto os acionistas representados pela Amec - 62 investidores institucionais com mandatos de R$ 500 bilhões - quanto a Tempo afirmam que a fusão entre Oi e PT foi desenhada de forma a equacionar a dívida de R$ 4,5 bilhões dos controladores Andrade Gutierrez, La Fonte e Telemar Participações, que será assumida pela companhia e sua base de acionistas.
Para compensar isso, os ativos da portuguesa que entrarão no aumento de capital estariam sobreavaliados. Também argumentam que, na prática, a Portugal Telecom passará a ter o controle minoritário da empresa, configurando uma alienação de controle. Procurada, a Oi preferiu não comentar o assunto.
Em geral discreta em sua atuação, a Tempo optou por se manifestar abertamente nesse caso por considerar que um posicionamento da CVM nessa nova etapa do caso Oi é crucial para o avanço da governança corporativa no Brasil. A gestora é uma investidora de longo prazo e enxerga valor futuro na companhia e até boas mudanças operacionais vindas com o novo presidente, Zeinal Bava.
A análise, entretanto, é que a operação cria insegurança e abre um precedente gravíssimo para o mercado brasileiro, no momento em que a própria CVM, BNDES e outros órgãos públicos se empenham em atrair o investidor pessoa física e viabilizar o acesso de pequenas e médias empresas à bolsa.
"Nos termos em que está sendo proposta a operação é muito prejudicial aos minoritários da Oi. Vão acabar com a alavancagem (dos controladores) tirando valor de outros acionistas", diz Paulo Bodin de Moraes, gestor da Tempo Capital. O temor é que a transação da Oi, uma empresa de peso na bolsa, abra uma janela para transferências de dívidas de controladores para suas companhias.
O papel do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) também é posto em xeque pelos minoritários da companhia. O banco é ao mesmo tempo o maior credor e também acionista do bloco de controle da Oi via BNDESPar. Pelo acordo de acionistas, deve dar o seu aval ao negócio. "Um dos papéis do banco é desenvolver o mercado de ações. Precisa ter coerência e mostrar que governança corporativa é importante. Se a Oi dá esse tratamento aos seus acionistas, qual a mensagem deixada ao futuro investidor?", diz uma fonte que preferiu não se identificar.
A aprovação do negócio entre Oi e PT também pode passar pelo crivo da SEC, a CVM americana, já que a Oi está listada também na Bolsa de Nova York. É possível que acionistas estrangeiros também se manifestem no caso. Outro ponto é que a movimentação dos minoritários sugere que pode haver pouco interesse de investidores e fundos locais em se engajarem no aumento de capital da companhia. A Oi pretende captar pelo menos R$ 5 bilhões no mercado.
Rio - O pronunciamento público da Associação de Investidores no Mercado de Capitais (Amec) questionando as bases da reestruturação societária anunciada por Oi e Portugal Telecom em outubro promete dar fôlego ao ativismo de acionistas minoritários da companhia. A expectativa é que novas consultas sejam encaminhadas à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), levando a autarquia a se pronunciar sobre pontos considerados controversos na transação.
Uma das dez maiores minoritárias ordinaristas da Oi, a gestora Tempo Capital foi a primeira a buscar respostas junto à CVM. Logo após o anúncio da operação encaminhou consulta em que pede que a autarquia esclareça sua avaliação sobre cinco pontos. Entre eles estão o direito de recesso dos acionistas dissidentes e o conflito de interesse dos controladores e da Portugal Telecom nas deliberações sobre o laudo de avaliação dos bens da portuguesa, que integralizarão o aumento de capital de até R$ 14,1 bilhões proposto.
Tanto os acionistas representados pela Amec - 62 investidores institucionais com mandatos de R$ 500 bilhões - quanto a Tempo afirmam que a fusão entre Oi e PT foi desenhada de forma a equacionar a dívida de R$ 4,5 bilhões dos controladores Andrade Gutierrez, La Fonte e Telemar Participações, que será assumida pela companhia e sua base de acionistas.
Para compensar isso, os ativos da portuguesa que entrarão no aumento de capital estariam sobreavaliados. Também argumentam que, na prática, a Portugal Telecom passará a ter o controle minoritário da empresa, configurando uma alienação de controle. Procurada, a Oi preferiu não comentar o assunto.
Em geral discreta em sua atuação, a Tempo optou por se manifestar abertamente nesse caso por considerar que um posicionamento da CVM nessa nova etapa do caso Oi é crucial para o avanço da governança corporativa no Brasil. A gestora é uma investidora de longo prazo e enxerga valor futuro na companhia e até boas mudanças operacionais vindas com o novo presidente, Zeinal Bava.
A análise, entretanto, é que a operação cria insegurança e abre um precedente gravíssimo para o mercado brasileiro, no momento em que a própria CVM, BNDES e outros órgãos públicos se empenham em atrair o investidor pessoa física e viabilizar o acesso de pequenas e médias empresas à bolsa.
"Nos termos em que está sendo proposta a operação é muito prejudicial aos minoritários da Oi. Vão acabar com a alavancagem (dos controladores) tirando valor de outros acionistas", diz Paulo Bodin de Moraes, gestor da Tempo Capital. O temor é que a transação da Oi, uma empresa de peso na bolsa, abra uma janela para transferências de dívidas de controladores para suas companhias.
O papel do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) também é posto em xeque pelos minoritários da companhia. O banco é ao mesmo tempo o maior credor e também acionista do bloco de controle da Oi via BNDESPar. Pelo acordo de acionistas, deve dar o seu aval ao negócio. "Um dos papéis do banco é desenvolver o mercado de ações. Precisa ter coerência e mostrar que governança corporativa é importante. Se a Oi dá esse tratamento aos seus acionistas, qual a mensagem deixada ao futuro investidor?", diz uma fonte que preferiu não se identificar.
A aprovação do negócio entre Oi e PT também pode passar pelo crivo da SEC, a CVM americana, já que a Oi está listada também na Bolsa de Nova York. É possível que acionistas estrangeiros também se manifestem no caso. Outro ponto é que a movimentação dos minoritários sugere que pode haver pouco interesse de investidores e fundos locais em se engajarem no aumento de capital da companhia. A Oi pretende captar pelo menos R$ 5 bilhões no mercado.