André Ribeiro, sócio e gestor da Brasil Capital, que tem mais de 8 bilhões de reais em recursos sob administração. (Divulgação/Divulgação)
Paula Barra
Publicado em 30 de outubro de 2020 às 16h54.
Para André Ribeiro, sócio e gestor da Brasil Capital, que tem mais de 8 bilhões de reais em recursos sob administração, a parte fiscal do país traz mais preocupação do que uma segunda onda de coronavírus.
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“A segunda onda me preocupa bem menos do que a questão fiscal do ano que vem. O coronavírus infelizmente foi uma tragédia, mas isso [o fiscal] tem que seguir, com o respeito ao teto dos gastos e o encaminhamento das reformas. E isso me preocupa porque está vindo em um momento em que a inflação no curto prazo está subindo, os juros longos indo a 8% e a Selic a 2%”, diz o gestor em entrevista à Exame.
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Apesar do receio do mercado com a segunda onda de coronavírus, ele comenta que, quando o olha para Ásia não vê sinalização de uma segunda onda, que foi onde tudo começou, e em relação à Europa, onde a situação parece mais crítica, os lockdowns têm sido mais brando do que os primeiros, acrescenta. No caso do Brasil, “estamos caminhamos para temperaturas cada vez mais altas e, embora o número de casos ainda seja alto, também estamos realizando mais testes”.
Segundo o gestor, “os países aprenderam de certa forma a lidar com o vírus”. Ele comenta ainda que tem falado com as empresas de saúde aqui no Brasil e não tem visto nenhuma sinalização disso acontecer. “Então, não vejo de uma maneira muito negativa”, diz, reforçando que o preocupa muito mais é parte fiscal do país e questão inflacionária, embora acredite que esteja até certo ponto precificada nos ativos.
Apesar do temor com a lado fiscal, ele comenta ao menos parece estar claro para o ministro da Economia, Paulo Guedes, e sua equipe, assim como para a classe política, que o teto dos gastos tem que ser mantido. “Agora, isso não significa que será fácil chegar a um consenso”, pontua.
Além disso, ele ressalta que o Brasil gastou muito mais do que devia para ajudar a conter a crise e isso está gerando pressão inflacionária. "O BC entende que a alta de preços é um choque e que vai passar, com a utilização da capacidade ainda muito baixa, mas o mercado está nervoso, com a curva de juros incluindo para cima", comenta, sem deixar de lembrar que tem eleição americana na semana que vem, o que ajuda a trazer ainda mais volatilidade.
Ainda assim, ele diz que segue com uma visão construtiva para o mercado acionário, apontando que há boas empresas, entregando resultados muito fortes. Para ele, a crise aumentou a desigualdade corporativa. “Os grandes passaram a ficar ainda mais dominantes e estão com balanços muito líquidos. Os resultados do terceiro trimestre até agora têm surpreendido positivamente”, comenta.
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