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Queda de ações faz fluxo para renda fixa ser o maior desde junho

Segundo analistas, preocupação com o impacto do desaquecimento econômico nos lucros das empresas tem mais peso do que a redução na rentabilidade dos títulos em dólares

Investidores estrangeiros têm receio que a inflação afete os lucros das empresas (Antonio Milena/EXAME)
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Da Redação

Publicado em 17 de fevereiro de 2011 às 08h55.

Nova York - Os títulos de renda fixa brasileiros estão atraindo a maior quantidade de capital em relação ao mercado acionário desde junho. A preocupação com o impacto do desaquecimento econômico nos lucros das empresas tem mais peso do que a redução na rentabilidade dos títulos em dólares.

Fundos que investem em títulos locais e internacionais emitidos pelo Brasil receberam mais investimentos do que carteiras de ações em janeiro. É a primeira vez que isso acontece em sete meses, com a atração de US$ 356 milhões, contra US$ 104 milhões para as aplicações em ações, de acordo com a EPFR Global, de Boston.

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A dívida em dólar de empresas brasileiras oferece rentabilidade média de 6,24 por cento, segundo o JPMorgan Chase & Co. O rendimento dos lucros do Ibovespa, ou as estimativas de lucros divididas pelos preços das ações, é de 7,44 por cento.

A economia brasileira pode reduzir seu crescimento para 4,5 por cento este ano, depois dos 7,5 por cento de 2010. A freada na expansão é parte do desaquecimento que afeta economias da China ao Peru, com os bancos centrais elevando juros para conter a inflação.

Os títulos corporativos denominados em dólar caíram 0,6 por cento nos 30 dias até ontem, segundo o JPMorgan, enquanto o Ibovespa caiu 4,7 por cento no período. É a maior vantagem para mercado de renda fixa em termos de desempenho sobre as ações desde junho.

“Os títulos em dólares têm menos exposição a mudanças no cenário macro”, disse Enrique Alvarez, chefe de pesquisa de renda fixa para América Latina na IDEAglobal em Nova York. “O crescimento no Brasil, mesmo sendo uma história válida, é bem menor e isso está ligado diretamente a ações”.

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A economia do País cresceu em dezembro no ritmo mais fraco em seis meses, disse ontem o Banco Central com a divulgação de seu Índice de Atividade Econômica. O desaquecimento é um sinal de que as medidas adotadas para limitar a expansão do crédito e o aumento de juros no ano passado já reduziram a demanda.

Receio com a inflação

O receio de que a inflação eleve os custos de financiamento e afete os lucros das empresas está derrubando o mercado de ações emergentes. O Ibovespa acumula queda de 2,5 por cento este ano, enquanto o índice IPSA do Chile caiu 7,9 por cento e o Sensex, da Índia, já perdeu 11 por cento.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo teve alta de 5,99 por cento nos 12 meses até janeiro, a maior inflação desde novembro de 2008, disse o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística em 8 de fevereiro. O IPCA subiu 0,83 por cento no mês passado, mesma alta de novembro de 2010, que foi a maior desde abril de 2005.

“Os investidores estão num ponto de inflexão”, disse Alvarez. “Eles veem todos os elementos para uma disparada mais séria e sustentada da inflação no Brasil e na região”.

A meta de inflação do País é de 4,5 por cento ao ano, com tolerância de 2 pontos percentuais para mais ou para menos.

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