Presidente do Banco Mundial surpreende com ideia de padrão-ouro
Zoellick defendeu a criação de um sistema "Bretton Woods II" de moedas flutuantes, como sucessor do regime de taxas de câmbio fixas
Da Redação
Publicado em 8 de novembro de 2010 às 16h46.
Londres - As economias avançadas deveriam considerar a adoção de um padrão-ouro modificado para guiar as taxas de câmbio, disse nesta segunda-feira o presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick, em uma proposta inesperada antes da cúpula do G20.
Escrevendo no Financial Times, Zoellick defendeu a criação de um sistema "Bretton Woods II" de moedas flutuantes, como sucessor do regime de taxas de câmbio fixas implementado no início dos anos 1970.
O ex-representante comercial dos Estados Unidos, que participou de alguns governos republicanos no país, disse que uma medida como essa "deve precisar envolver o dólar, o euro, o iene, a libra e (um iuan) que caminhe para a internacionalização e, então, a uma conta capital aberta."
"O sistema também deveria considerar utilizar o ouro como um ponto de referência internacional de expectativas de mercado sobre inflação, deflação e valores cambiais futuros", acrescentou Zoellick.
Analistas mostraram cautela. "Seguir em frente com isso seria algo que nós poderíamos avaliar, mas não vai acontecer num período curto de tempo", disse Ong Yi Ling, analista da Phillip Futures em Cingapura, acrescentando que os preços do ouro mal reagiram aos comentários.
Zoellick disse que um novo sistema monetário levaria tempo para se desenvolver e que deveria ser parte de um pacote com possíveis mudanças nas regras do FMI, para revisar o capital e políticas de conta corrente e ligar as análises monetárias do Fundo Monetário Internacional (FMI) às obrigações da Organização Mundial do Comércio (OMC).
O ouro chegou a atingir a máxima recorde de 1.398,35 dólares a onça nesta segunda-feira, por preocupações com o enfraquecimento do dólar após a atuação do Federal Reserve para voltar a comprar Treasuries.