Prejuízo recorde da AIG e recessão dos EUA derrubam bolsas em todo o mundo
Bovespa fecha em queda de 5,10%; bolsas americanas e européias recuam ao menor nível desde 2003
Da Redação
Publicado em 18 de fevereiro de 2011 às 18h28.
As principais bolsas de valores do mundo fecharam esta segunda-feira (2/3) com forte queda, pressionadas pelo prejuízo recorde da seguradora americana AIG. Nos mercados desenvolvidos, os investidores viram as ações recuarem ao menor nível em seis anos. O recuo foi ilustrado pelo MSCI World Index, composto por indicadores de 23 bolsas dos países desenvolvidos. O MSCI recuou 4,6%, para 716 pontos - o menor patamar desde a invasão do Iraque pelos Estados Unidos, em março de 2003.
Desta vez, porém, a queda foi causada por outro tipo de batalha: a travada pelo governo americano para resgatar o combalido sistema financeiro do país. Nesta segunda, a seguradora americana AIG anunciou um prejuízo de 61,7 bilhões de dólares no quarto trimestre. Este foi o quinto prejuízo trimestral consecutivo da seguradora. No acumulado do ano, as perdas chegaram a 99,29 bilhões de dólares. Trata-se do pior resultado já registrado por uma empresa na história dos Estados Unidos.
Seis anos de recuo
O humor do mercado americano também azedou com as declarações do megainvestidor Warren Buffet, que recorreu à palavra inglesa "shambles" para classificar a situação da economia dos Estados Unidos - um termo que significa tanto estar no matadouro, quanto estar em um campo de batalha. Numa tradução mais livre, significa também bagunça. De qualquer modo, trata-se de uma referência bastante negativa para a situação.
O reflexo nas principais bolsas do mundo foi imediato. O índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, caiu abaixo dos 7.000 pontos pela primeira vez desde 1997. Já na Europa, as bolsas de Londres e de Paris fecharam em seu menor nível desde março de 2003, quando os americanos invadiram o Iraque. O índice FT-100, do pregão londrino, recuou 5,33%, para 3.625 pontos. Já o CAC-40, de Paris, desceu 4,48%, para 2.581 pontos.
As bolsas européias foram pressionadas também pelo banco britânico HSBC. A instituição anunciou uma queda de 62% no lucro antes de impostos, para 9,3 bilhões de dólares. O resultado levou o banco a anunciar um aumento de capital de 12,5 bilhões de libras, cerca de 17,7 bilhões de dólares. Se concluída, esta será a maior emissão de ações já feita por uma companhia britânica. A magnitude da operaçõe surpreendeu o mercado, que passou a desconfiar que o HSBC ainda tem mais perdas a reconhecer em seus balanços. O anúncio derrubou em 18,78% as ações do banco, e arrastou também papéis de outras instituições financeiras européias. Na França, o BNP Paribas recuou 9,3%. Na Alemanha, o Deutsche Bank perdeu 5,1% de seu valor.
Brasil
O Ibovespa, principal indicador da bolsa brasileira, acompanhou o cenário externo e fechou em forte baixa de 5,10%, a 36.234 pontos. É o menor nível da Bovespa desde 5 de dezembro do ano passado, quando fechou em 35.347 pontos. Dos cerca de 60 papéis que compõem o Ibovespa, apenas as ações ordinárias da Natura (NATU3, com direito a voto), escaparam do nervosismo do mercado e fecharam em leve alta de 0,62%, a 21,10 reais por papel. Já a maior queda, 9,18%, coube às ordinárias da Gafisa (GFSA3), negociadas no fechamento a 9 reais por papel.
O aumento da aversão ao risco por parte dos investidores também pressionou o câmbio. O dólar fechou em forte alta de 3,04%, a 2,443 reais para a venda - a maior cotação desde 9 de dezembro.
Com agências internacionais.