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Por que € 100 bilhões não acalmaram os mercados financeiros

Bolsas não sustentaram os ganhos e a preocupação com os títulos da Espanha voltou a crescer

Espanha pode continuar a sangrar, apesar da ajuda aos bancos (Getty Images)
DR

Da Redação

Publicado em 11 de junho de 2012 às 18h13.

São Paulo – Os 100 bilhões de euros colocadas à disposição da Espanha no final de semana para salvar o seu combalido sistema bancário parecem bastante para algum desavisado. A reação dos mercados financeiros nesta segunda-feira, contudo, deixa claro que ninguém no mundo está desavisado. Dez entre dez economistas e analistas acham que o pacotão não vai resolver os problemas da zona do euro.

Que os bancos espanhóis precisam de ajuda ninguém dúvida. O problema é que o resgate por si só não irá reativar a economia do país e, pior, pode até o tornar ainda mais endividado. O resultado disso seria que o próprio governo, que hoje lida com uma elevada taxa de desemprego de 25%, precisaria solicitar também uma ajuda financeira. O desempenho dos títulos da dívida do país é o reflexo mais visível desse temor.

O rendimento dos títulos de dez anos do país subiu 0,29 ponto percentual de sexta-feira para hoje e chegou a 6,50%. Isso indica que os investidores estão pedindo mais para aceitar os papéis. Os títulos da Itália com o mesmo prazo avançaram 0,26 ponto percentual e atingiram 6,03%. Nas bolsas de valores, o otimismo com o pacote se arrefeceu ao longo do dia e os principais mercados da Europa terminaram perto da estabilidade. O IBEX 35, índice da bolsa da Espanha, encerrou o dia em baixa de 0,54%. No ano, a queda já é de 24%. No Brasil, o Ibovespa terminou em queda de 0,79%.

Sem alívio

“Olhando a frente, os desafios continuam para a Espanha com a sua economia em uma profunda recessão, o mercado imobiliário ainda deprimido e o desemprego elevado. Isso mantém o sistema do euro frágil e os surtos de altas incertezas irão continuar, em nossa opinião”, ressalta Allan von Mehren, analista-chefe do dinamarquês Danske Bank. E como lembra von Mehren, as incertezas são crescentes. O próximo evento de impacto será as eleições gregas que acontecem neste domingo.


Segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE) da Espanha, a venda de imóveis no país caiu 9,9% em abril na comparação com o mesmo período do ano passado e agora chega a 14 meses seguidos de queda. “Isso (o pacote) será suficiente para imunizar a Espanha durante as eleições gregas e afastar mais rebaixamentos dos ratings e ainda sob uma maior subordinação e risco moral? Provavelmente não”, explica Ciaran O'Hagan, do banco francês Société Générale, em relatório.

Segundo Paul Donovan, economista global do suíço UBS, o tamanho da ajuda foi definido com o objetivo de impressionar, mas a estrutura parece com a do resgate dos bancos gregos e, portanto, não amplia a integração econômica do euro. “A intervenção europeia não é uma flexibilização da Europa, mas um passo claro em sua inflexibilidade”, destaca Pedro Paulo Silveira, economista-chefe da Tov Corretora.

“Mas independentemente da distribuição de sacrifícios nesse programa, o fato é que ele prepara outro grande problema mais para frente. Ao injetar recursos nos bancos quebrados, o governo espanhol não estará, necessariamente, disponibilizando recursos para as atividades produtivas. Ao contrário, é de se esperar que, em função de suas enormes perdas e da contração econômica, os bancos se tornem mais seletivos na concessão de novos créditos”, explica Silveira.

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Que os bancos espanhóis precisam de ajuda ninguém dúvida. O problema é que o resgate por si só não irá reativar a economia do país e, pior, pode até o tornar ainda mais endividado. O resultado disso seria que o próprio governo, que hoje lida com uma elevada taxa de desemprego de 25%, precisaria solicitar também uma ajuda financeira. O desempenho dos títulos da dívida do país é o reflexo mais visível desse temor.

O rendimento dos títulos de dez anos do país subiu 0,29 ponto percentual de sexta-feira para hoje e chegou a 6,50%. Isso indica que os investidores estão pedindo mais para aceitar os papéis. Os títulos da Itália com o mesmo prazo avançaram 0,26 ponto percentual e atingiram 6,03%. Nas bolsas de valores, o otimismo com o pacote se arrefeceu ao longo do dia e os principais mercados da Europa terminaram perto da estabilidade. O IBEX 35, índice da bolsa da Espanha, encerrou o dia em baixa de 0,54%. No ano, a queda já é de 24%. No Brasil, o Ibovespa terminou em queda de 0,79%.

Sem alívio

“Olhando a frente, os desafios continuam para a Espanha com a sua economia em uma profunda recessão, o mercado imobiliário ainda deprimido e o desemprego elevado. Isso mantém o sistema do euro frágil e os surtos de altas incertezas irão continuar, em nossa opinião”, ressalta Allan von Mehren, analista-chefe do dinamarquês Danske Bank. E como lembra von Mehren, as incertezas são crescentes. O próximo evento de impacto será as eleições gregas que acontecem neste domingo.


Segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE) da Espanha, a venda de imóveis no país caiu 9,9% em abril na comparação com o mesmo período do ano passado e agora chega a 14 meses seguidos de queda. “Isso (o pacote) será suficiente para imunizar a Espanha durante as eleições gregas e afastar mais rebaixamentos dos ratings e ainda sob uma maior subordinação e risco moral? Provavelmente não”, explica Ciaran O'Hagan, do banco francês Société Générale, em relatório.

Segundo Paul Donovan, economista global do suíço UBS, o tamanho da ajuda foi definido com o objetivo de impressionar, mas a estrutura parece com a do resgate dos bancos gregos e, portanto, não amplia a integração econômica do euro. “A intervenção europeia não é uma flexibilização da Europa, mas um passo claro em sua inflexibilidade”, destaca Pedro Paulo Silveira, economista-chefe da Tov Corretora.

“Mas independentemente da distribuição de sacrifícios nesse programa, o fato é que ele prepara outro grande problema mais para frente. Ao injetar recursos nos bancos quebrados, o governo espanhol não estará, necessariamente, disponibilizando recursos para as atividades produtivas. Ao contrário, é de se esperar que, em função de suas enormes perdas e da contração econômica, os bancos se tornem mais seletivos na concessão de novos créditos”, explica Silveira.

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