Petrobras pode captar no exterior em reais após emissão recorde
A captação recorde de US$ 6 bilhões em janeiro limitou sua capacidade de vender dívida em dólares
Da Redação
Publicado em 16 de setembro de 2011 às 09h22.
Rio de Janeiro e São Paulo - A Petróleo Brasileiro SA pode realizar sua primeira emissão externa em reais depois que a captação recorde de US$ 6 bilhões em janeiro limitou sua capacidade de vender dívida em dólares.
A estatal quer aproveitar a demanda por títulos em reais, que levaram os juros dos papéis do governo brasileiro com vencimento em 2016 a cair 48 pontos-base desde o ano passado, para o menor nível histórico, em 6,79 por cento, em 6 de setembro, segundo dados compilados pela Bloomberg. A Brasil Telecom SA, controlada pelo grupo Oi, vendeu um recorde de R$ 1,1 bilhão em dívida com vencimento em cinco anos e taxa de 9,875 por cento na semana passada.
Empresas e governos de mercados emergentes estão aumentando as vendas de dívida em moeda local no exterior, porque os investidores estão diversificando suas aplicações com o aprofundamento da crise da dívida europeia e o desaceleramento do crescimento mundial. A Petrobras, que pretende explorar as maiores descobertas de petróleo das últimas três décadas no ocidente, disse em 14 de setembro que evitaria novas ofertas em dólar após a de janeiro, para evitar uma enxurrada de papéis no mercado.
“A mensagem que vem sendo passada é que a Petrobras não vai emitir mais dólares”, disse Rosa Velasquez, estrategista de dívida de mercados emergentes do Morgan Stanley, em Nova York, em uma entrevista por telefone. “Haverá muito da credibilidade em jogo se eles venderem mais dívida em dólar. O Brasil ainda é um dos favoritos do mercado e ainda existe demanda por sua moeda”.
Queda nas taxas
A Petrobras precisa levantar até US$ 91 bilhões via emissão de dívida e empréstimos para ajudar a financiar o maior plano de investimento da indústria petrolífera, de US$ 224,7 bilhões nos cinco anos até 2015.
A estatal vendeu US$ 6 bilhões em bônus em dólar com prazo de 5, 10 e 30 anos em janeiro na maior oferta corporativa brasileira até hoje. O rendimento dos papéis com vencimento em 2016 caiu 37 pontos-base este ano para 3,42 por cento, comparado a uma queda média de 11 pontos para a dívida corporativa brasileira, segundo o JPMorgan Chase & Co.
O diretor financeiro, Almir Barbassa, disse em março que a Petrobras emitiria títulos em outras moedas que não o dólar para diversificar suas fontes de financiamento após a captação de janeiro. Em agosto, Barbassa disse que a empresa estava estudando vender dívida em euros ou libras esterlinas.
“O real está forte e o dólar fraco”, tornando uma emissão em moeda local mais atraente, o presidente José Sergio Gabrielli disse ontem a repórteres no Rio de Janeiro.
A assessoria de imprensa da Petrobras disse em comunicado enviado por e-mail em resposta a perguntas da reportagem que está constantemente avaliando novas alternativas de captação para financiar seu plano de negócios para o período 2011-2025.
‘Faz sentido’
Um venda de títulos em reais no mercado internacional pode ajudar a reduzir o risco cambial para a Petrobras, que gera 75 por cento do faturamento no mercado interno, disse Ana Paula Ares, analista da Fitch Ratings.
“Grande parte das vendas é no Brasil em reais, então pode fazer sentido vender em reais”, Ares afirmou em entrevista por telefone de Buenos Aires. “No momento que eles pagarem a dívida, estarão pagando com reais.”
A capacidade da Petrobras de captar recursos em reais no exterior pode ser limitada porque o mercado consiste principalmente de investidores individuais de alto patrimônio, e não de grandes fundos de investimento, disse Alfredo Viegas, diretor de estratégia para mercados emergentes da corretora de corretoras Knight Libertas em Greenwich, no estado americano de Connecticut.
“Existe um mercado, eu só não acho que seja um mercado muito grande”, Viegas disse em entrevista por telefone. Grandes investidores institucionais “não vão se importar muito com 10 ou 20 ou 50 pontos-base adicionais em termos do que a Petrobras pode pagar para comprar esse título, porque será muito menos líquido e não vai ser tão bem negociado ou com um spread tão apertado” quanto os títulos soberanos em reais, ele disse.
A Petrobras pode encontrar demanda para seus títulos no mercado doméstico brasileiro, disse Ares, da Fitch.
As empresas brasileiras emitiram R$ 44,9 bilhões entre janeiro e agosto, de acordo com a Comissão de Valores Mobiliários.
“O mercado doméstico brasileiro tem bastante liquidez”, Ares disse. “A Petrobras poderia fazer uma colocação.”
Rio de Janeiro e São Paulo - A Petróleo Brasileiro SA pode realizar sua primeira emissão externa em reais depois que a captação recorde de US$ 6 bilhões em janeiro limitou sua capacidade de vender dívida em dólares.
A estatal quer aproveitar a demanda por títulos em reais, que levaram os juros dos papéis do governo brasileiro com vencimento em 2016 a cair 48 pontos-base desde o ano passado, para o menor nível histórico, em 6,79 por cento, em 6 de setembro, segundo dados compilados pela Bloomberg. A Brasil Telecom SA, controlada pelo grupo Oi, vendeu um recorde de R$ 1,1 bilhão em dívida com vencimento em cinco anos e taxa de 9,875 por cento na semana passada.
Empresas e governos de mercados emergentes estão aumentando as vendas de dívida em moeda local no exterior, porque os investidores estão diversificando suas aplicações com o aprofundamento da crise da dívida europeia e o desaceleramento do crescimento mundial. A Petrobras, que pretende explorar as maiores descobertas de petróleo das últimas três décadas no ocidente, disse em 14 de setembro que evitaria novas ofertas em dólar após a de janeiro, para evitar uma enxurrada de papéis no mercado.
“A mensagem que vem sendo passada é que a Petrobras não vai emitir mais dólares”, disse Rosa Velasquez, estrategista de dívida de mercados emergentes do Morgan Stanley, em Nova York, em uma entrevista por telefone. “Haverá muito da credibilidade em jogo se eles venderem mais dívida em dólar. O Brasil ainda é um dos favoritos do mercado e ainda existe demanda por sua moeda”.
Queda nas taxas
A Petrobras precisa levantar até US$ 91 bilhões via emissão de dívida e empréstimos para ajudar a financiar o maior plano de investimento da indústria petrolífera, de US$ 224,7 bilhões nos cinco anos até 2015.
A estatal vendeu US$ 6 bilhões em bônus em dólar com prazo de 5, 10 e 30 anos em janeiro na maior oferta corporativa brasileira até hoje. O rendimento dos papéis com vencimento em 2016 caiu 37 pontos-base este ano para 3,42 por cento, comparado a uma queda média de 11 pontos para a dívida corporativa brasileira, segundo o JPMorgan Chase & Co.
O diretor financeiro, Almir Barbassa, disse em março que a Petrobras emitiria títulos em outras moedas que não o dólar para diversificar suas fontes de financiamento após a captação de janeiro. Em agosto, Barbassa disse que a empresa estava estudando vender dívida em euros ou libras esterlinas.
“O real está forte e o dólar fraco”, tornando uma emissão em moeda local mais atraente, o presidente José Sergio Gabrielli disse ontem a repórteres no Rio de Janeiro.
A assessoria de imprensa da Petrobras disse em comunicado enviado por e-mail em resposta a perguntas da reportagem que está constantemente avaliando novas alternativas de captação para financiar seu plano de negócios para o período 2011-2025.
‘Faz sentido’
Um venda de títulos em reais no mercado internacional pode ajudar a reduzir o risco cambial para a Petrobras, que gera 75 por cento do faturamento no mercado interno, disse Ana Paula Ares, analista da Fitch Ratings.
“Grande parte das vendas é no Brasil em reais, então pode fazer sentido vender em reais”, Ares afirmou em entrevista por telefone de Buenos Aires. “No momento que eles pagarem a dívida, estarão pagando com reais.”
A capacidade da Petrobras de captar recursos em reais no exterior pode ser limitada porque o mercado consiste principalmente de investidores individuais de alto patrimônio, e não de grandes fundos de investimento, disse Alfredo Viegas, diretor de estratégia para mercados emergentes da corretora de corretoras Knight Libertas em Greenwich, no estado americano de Connecticut.
“Existe um mercado, eu só não acho que seja um mercado muito grande”, Viegas disse em entrevista por telefone. Grandes investidores institucionais “não vão se importar muito com 10 ou 20 ou 50 pontos-base adicionais em termos do que a Petrobras pode pagar para comprar esse título, porque será muito menos líquido e não vai ser tão bem negociado ou com um spread tão apertado” quanto os títulos soberanos em reais, ele disse.
A Petrobras pode encontrar demanda para seus títulos no mercado doméstico brasileiro, disse Ares, da Fitch.
As empresas brasileiras emitiram R$ 44,9 bilhões entre janeiro e agosto, de acordo com a Comissão de Valores Mobiliários.
“O mercado doméstico brasileiro tem bastante liquidez”, Ares disse. “A Petrobras poderia fazer uma colocação.”