O que fazer com as ações da OGX após o relatório da D&M
Enquanto Eike diz que análise é velha como o filme “Benjamin Button”, mercado desconfia e papéis despencam; a opinião de 10 analistas
Da Redação
Publicado em 19 de abril de 2011 às 13h54.
São Paulo – A queda superlativa das ações da OGX Petróleo ( OGXP3 ) assustou os investidores nesta segunda-feira (18). Os papéis terminaram o dia com uma desvalorização de 17,25%, negociados a 16,26 reais. O desempenho foi motivado pela percepção negativa do mercado sobre um relatório que atualizou as reservas da empresa de Eike Batista.
O documento, produzido pela certificadora D&M (DeGolyer & MacNaughton), elevou as reservas da OGX de 6,8 bilhões para 10,8 bilhões de barris de óleo equivalente (boe). O problema é que parte do mercado esperava um número maior, enquanto outra conseguiu enxergar na análise motivos para continuar otimista.
“A empresa não chegou nem perto do que esperávamos em recursos contingentes”, afirmou o analista do BTG Pactual, Gustavo Gattass em relatório. O banco esperava recursos contingentes de 4 bilhões de barris, enquanto a D&M apresentou 3 bi de barris e outros 6,5 bi de barris prospectivos. O restante foi classificado como de “delineação”.
Um dos principais pontos observados foi a avaliação dos recursos contingentes e o nível de incertezas atribuído para eles. A D&M utiliza uma escala que vai de 1C (maior probabilidade) até 3C. Além disso, a certificadora conferiu o nome de “delineação” aos recursos entre os considerados contingentes e prospectivos. Os resultados trouxeram mais recursos 3C do que 2C, como era o esperado.
Números velhos
Em defesa, Eike Batista disse em teleconferência que a D&M é uma das certificadoras mais conservadoras do mercado e que o relatório apresentando poderia ser comparado ao filme “Benjamin Button", pois já nasce “velho” ao não considerar os 15 poços perfurados entre a data do relatório (31/12/2010) e hoje. Para a próxima certificação, a OGX prometeu contratar mais de uma certificadora.
Para Rodolfo Amstalden, analista da Empiricus, a OGX optou até agora pela estratégia de mapear as suas reservas, ao contrário de perfurar mais poços para converter os recursos de prospectivos para de contingência.
“Não tem como exigir tudo apenas um ano depois da última análise. É uma questão de foco da empresa. Depois (de 2011 a 2013) a ideia é concentrar maiores esforços em um poço específico no sentido de converter para contingentes. Para ter os dois é preciso tempo, coisa que a OGX não teve considerando o intervalo de um ano”, destaca.
Além disso, os investidores reduziram o entusiasmo com a possibilidade iminente da venda de uma participação de 10% da Bacia de Campos para financiar a exploração da companhia. A outra possibilidade, uma oferta de ações, poderia ser vista como ruim porque diluiria o capital atual dos acionistas. A seguir, opiniões de 10 analistas do mercado para o relatório:
Ativa – “O resultado frustra as expectativas e, adicionalmente, agrega um componente de risco relacionado ao disclosure de dados por parte da OGX, que apresentou inicialmente números do potencial de reservas de Delineação que pode levar a uma percepção incorreta a respeito do verdadeiro resultado do relatório”, analisa Ricardo Corrêa.
BB Investimentos – Para o analista Nelson Rodrigues de Matos, embora os riscos ainda não estejam totalmente mitigados, “entendemos que se trata de uma excelente oportunidade de investimento, notadamente se considerarmos que se trata de uma empresa de petróleo em fase de pré-operacional”, afirma. Segundo ele, “se por um lado os riscos não tenham sido eliminados, por outro os prêmios não foram todos precificados pelo mercado”. A recomendação é de compra, com um preço-alvo de 30,60 reais para o final do ano.
BMO Capital Markets - “As expectativas dos investidores eram muito altas e o relatório da D&M é realístico”, aponta o analista Christopher Brown. “Definitivamente acho que os investidores devem comprar nessa fraqueza. Acho que alguns analistas também estão reagindo de uma forma exagerada”, ressaltou. O analista manteve a recomendação de desempenho acima da média de mercado (outperform) para os papéis da OGX, com um preço-alvo de 23 reais.
BTG Pactual - “A empresa não chegou nem perto do que esperávamos em recursos contingentes”, disse o analista Gustavo Gattass. A recomendação foi rebaixada de compra para neutra. A estimativa para o preço-alvo em 12 meses caiu de 27,63 reais para 21,63 de reais, segundo relatório obtido pela Bloomberg.
Empiricus – Rodolfo Amstalden lembra que o preço atual da ação considera um valor de apenas 3 dólares por barril riscado, enquanto negociações em geologia semelhante são realizadas a 8 dólares. “Recomendamos compra para quem tem estômago para volatilidade”.
Itaú BBA - Os analistas Diego Mendes e Paula Kovarsky do Itaú BBA reiteraram a recomendação outperform (performance acima da média do mercado) para as ações da companhia, mantendo o preço-alvo de 33,30 reais até o final do ano. Segundo eles, os números divulgados pela OGX vieram em linha com as estimativas e “não trouxeram surpresas”.
Link Investimentos – “Nossa visão é de que a princípio não deverão existir custos adicionais, fora do programado no seu plano de negócios, para a OGX conseguir certificar os atuais recursos contingentes de 3C em 2C/2P nos próximos meses”, escreveu o analista Andrés Kikuchi, em relatório no qual colocou a recomendação e preço-alvo para as ações em revisão. “Acreditamos que em um primeiro momento, o mercado esteja penalizando demasiadamente as ações”, afirma.
Planner – “Nossa avaliação é de que o relatório da DeGolyer & MacNaughton tenha um impacto negativo nas ações da OGX, devido às incertezas relativas aos reservatórios, falta de planos para desenvolver volumes de hidrocarbonetos na área e a incerteza quanto à viabilidade econômica de tais desenvolvimentos”, afirmou Henrique Ribas.
Santander – Para os analistas Christian Audi e Vicente Falanga Neto, a venda de uma fatia na Bacia de Campos era o principal evento de curto prazo que poderia impulsionar as ações da OGX. “Dado ao aumento do foco da administração em produção e na estratégia de migrar recursos para reservas para maximizar os preços, a nossa convicção de uma venda no curto prazo foi reduzida”, dizem. O preço-alvo de 33 reais caiu para 25 reais até o final de 2011. A recomendação caiu de compra para manutenção.
Socopa – “Como parte do mercado trabalhava com estimativas de 4 bilhões de boe contingentes, o número desagradou. No entanto, o aumento dos recursos potenciais é bastante relevante e novas classificações de contingência devem acontecer durante o ano”, ressalta o analista Osmar Cesar Camilo.
São Paulo – A queda superlativa das ações da OGX Petróleo ( OGXP3 ) assustou os investidores nesta segunda-feira (18). Os papéis terminaram o dia com uma desvalorização de 17,25%, negociados a 16,26 reais. O desempenho foi motivado pela percepção negativa do mercado sobre um relatório que atualizou as reservas da empresa de Eike Batista.
O documento, produzido pela certificadora D&M (DeGolyer & MacNaughton), elevou as reservas da OGX de 6,8 bilhões para 10,8 bilhões de barris de óleo equivalente (boe). O problema é que parte do mercado esperava um número maior, enquanto outra conseguiu enxergar na análise motivos para continuar otimista.
“A empresa não chegou nem perto do que esperávamos em recursos contingentes”, afirmou o analista do BTG Pactual, Gustavo Gattass em relatório. O banco esperava recursos contingentes de 4 bilhões de barris, enquanto a D&M apresentou 3 bi de barris e outros 6,5 bi de barris prospectivos. O restante foi classificado como de “delineação”.
Um dos principais pontos observados foi a avaliação dos recursos contingentes e o nível de incertezas atribuído para eles. A D&M utiliza uma escala que vai de 1C (maior probabilidade) até 3C. Além disso, a certificadora conferiu o nome de “delineação” aos recursos entre os considerados contingentes e prospectivos. Os resultados trouxeram mais recursos 3C do que 2C, como era o esperado.
Números velhos
Em defesa, Eike Batista disse em teleconferência que a D&M é uma das certificadoras mais conservadoras do mercado e que o relatório apresentando poderia ser comparado ao filme “Benjamin Button", pois já nasce “velho” ao não considerar os 15 poços perfurados entre a data do relatório (31/12/2010) e hoje. Para a próxima certificação, a OGX prometeu contratar mais de uma certificadora.
Para Rodolfo Amstalden, analista da Empiricus, a OGX optou até agora pela estratégia de mapear as suas reservas, ao contrário de perfurar mais poços para converter os recursos de prospectivos para de contingência.
“Não tem como exigir tudo apenas um ano depois da última análise. É uma questão de foco da empresa. Depois (de 2011 a 2013) a ideia é concentrar maiores esforços em um poço específico no sentido de converter para contingentes. Para ter os dois é preciso tempo, coisa que a OGX não teve considerando o intervalo de um ano”, destaca.
Além disso, os investidores reduziram o entusiasmo com a possibilidade iminente da venda de uma participação de 10% da Bacia de Campos para financiar a exploração da companhia. A outra possibilidade, uma oferta de ações, poderia ser vista como ruim porque diluiria o capital atual dos acionistas. A seguir, opiniões de 10 analistas do mercado para o relatório:
Ativa – “O resultado frustra as expectativas e, adicionalmente, agrega um componente de risco relacionado ao disclosure de dados por parte da OGX, que apresentou inicialmente números do potencial de reservas de Delineação que pode levar a uma percepção incorreta a respeito do verdadeiro resultado do relatório”, analisa Ricardo Corrêa.
BB Investimentos – Para o analista Nelson Rodrigues de Matos, embora os riscos ainda não estejam totalmente mitigados, “entendemos que se trata de uma excelente oportunidade de investimento, notadamente se considerarmos que se trata de uma empresa de petróleo em fase de pré-operacional”, afirma. Segundo ele, “se por um lado os riscos não tenham sido eliminados, por outro os prêmios não foram todos precificados pelo mercado”. A recomendação é de compra, com um preço-alvo de 30,60 reais para o final do ano.
BMO Capital Markets - “As expectativas dos investidores eram muito altas e o relatório da D&M é realístico”, aponta o analista Christopher Brown. “Definitivamente acho que os investidores devem comprar nessa fraqueza. Acho que alguns analistas também estão reagindo de uma forma exagerada”, ressaltou. O analista manteve a recomendação de desempenho acima da média de mercado (outperform) para os papéis da OGX, com um preço-alvo de 23 reais.
BTG Pactual - “A empresa não chegou nem perto do que esperávamos em recursos contingentes”, disse o analista Gustavo Gattass. A recomendação foi rebaixada de compra para neutra. A estimativa para o preço-alvo em 12 meses caiu de 27,63 reais para 21,63 de reais, segundo relatório obtido pela Bloomberg.
Empiricus – Rodolfo Amstalden lembra que o preço atual da ação considera um valor de apenas 3 dólares por barril riscado, enquanto negociações em geologia semelhante são realizadas a 8 dólares. “Recomendamos compra para quem tem estômago para volatilidade”.
Itaú BBA - Os analistas Diego Mendes e Paula Kovarsky do Itaú BBA reiteraram a recomendação outperform (performance acima da média do mercado) para as ações da companhia, mantendo o preço-alvo de 33,30 reais até o final do ano. Segundo eles, os números divulgados pela OGX vieram em linha com as estimativas e “não trouxeram surpresas”.
Link Investimentos – “Nossa visão é de que a princípio não deverão existir custos adicionais, fora do programado no seu plano de negócios, para a OGX conseguir certificar os atuais recursos contingentes de 3C em 2C/2P nos próximos meses”, escreveu o analista Andrés Kikuchi, em relatório no qual colocou a recomendação e preço-alvo para as ações em revisão. “Acreditamos que em um primeiro momento, o mercado esteja penalizando demasiadamente as ações”, afirma.
Planner – “Nossa avaliação é de que o relatório da DeGolyer & MacNaughton tenha um impacto negativo nas ações da OGX, devido às incertezas relativas aos reservatórios, falta de planos para desenvolver volumes de hidrocarbonetos na área e a incerteza quanto à viabilidade econômica de tais desenvolvimentos”, afirmou Henrique Ribas.
Santander – Para os analistas Christian Audi e Vicente Falanga Neto, a venda de uma fatia na Bacia de Campos era o principal evento de curto prazo que poderia impulsionar as ações da OGX. “Dado ao aumento do foco da administração em produção e na estratégia de migrar recursos para reservas para maximizar os preços, a nossa convicção de uma venda no curto prazo foi reduzida”, dizem. O preço-alvo de 33 reais caiu para 25 reais até o final de 2011. A recomendação caiu de compra para manutenção.
Socopa – “Como parte do mercado trabalhava com estimativas de 4 bilhões de boe contingentes, o número desagradou. No entanto, o aumento dos recursos potenciais é bastante relevante e novas classificações de contingência devem acontecer durante o ano”, ressalta o analista Osmar Cesar Camilo.