O que ainda esperar das ações X de Eike Batista na bolsa
Analistas da Empiricus buscam os fundamentos que ainda estão nas empresas do empresário
Da Redação
Publicado em 26 de junho de 2013 às 15h39.
Última atualização em 13 de setembro de 2016 às 15h33.
São Paulo – O inferno astral do grupo EBX tem sido acompanhado de perto pelos investidores, a imprensa nacional e estrangeira e pelos analistas. O estresse financeiro vivido pelas empresas de Eike Batista forçou o empresário a procurar assessores e bancos com o objetivo de conseguir mais recursos para tocar os projetos gigantes em andamento, como o Superporto do Açú, da LLX, e o Superporto Sudeste, da MMX. Enquanto o mercado especula os possíveis interessados em fatias nas empresas colocadas à venda – CCX ( CCXC3 ), AUX , MMX ( MMXM3 ) e LLX ( LLXL3 ) –, os analistas da Empiricus Research investigaram o que as empresas da EBX valem a partir dos fundamentos. Ou seja, desconsiderando a possibilidade de alianças estratégias ou vendas de participações. “Não adianta apostar em quem será vendido ou naquele que tem mais chances de ser resgatado. O exercício pode até ser bem sucedido, mas não possui lastro algum. É atirar no escuro”, ressalta a Empiricus. Veja, a seguir, o que ainda esperar das ações X de Eike Batista na bolsa:
A principal aposta da Empiricus não é uma ação, mas sim um título de royalties ( MMXM11 ) ligados ao desempenho do Superporto Sudeste, que é o principal projeto da MMX ( MMXM3 ). O empreendimento, que fica na Baía de Sepetiba (RJ), é um terminal que se destinará exclusivamente para a movimentação de minério de ferro. Quando entrar em operação, os títulos MMXM11 irão pagar 5 dólares por tonelada embarcada no porto com o valor corrigido pela inflação americana ao produtos (PPI). “O projeto está em fase muito mais avançada do que o porto do Açu ( LLX ), por exemplo, com construção do túnel e toda infraestrutura offshore terminada - o cronograma de obras dá algum conforto para a projeção de início da operação até o final do ano”, ressaltam os analistas da Empiricus. Eles explicam que toda a primeira fase da obra está contratada não somente pela MMX, com 27 milhões de toneladas por ano, mas por Usiminas (8 milhões de toneladas por ano) e Minerinvest (10 milhões de toneladas por ano). “No limite (low case scenario), uma quebra de MMX acarretaria a perda em primeiro momento da capacidade já contratada do porto pela empresa (os 27 Mtpa) e a inevitável venda do projeto. Por sua vez, o estágio de execução da obra e seu posicionamento estratégico minimizam o risco do Superporto quanto à dificuldade em se encontrar comprador e atender à capacidade de embarque eventualmente aberta”, afirma a Empiricus. Os analistas calculam que, assumindo o início da operação em dezembro e o atingimento do fluxo anual das 45 milhões de toneladas de minério de ferro por ano até a metade de 2015, os títulos teriam um yield superior a 20% daqui dois anos (considerando o preço de 2,45 reais por papel e o câmbio a 2 dólares). Num cenário conservador, em que considera um fluxo de 15 milhões de toneladas por ano em 2014, o yield chegaria a próximo de 7% em 2014.
Essa é para ficar de fora, dispara a Empiricus em sua análise. “Claramente, o viés negativo à recomendação desta se dá pelo pacote de riscos bem mais agudo do que o título de royalty, embora seja um dos projetos mais avançados do grupo em termos de resultados operacionais, junto a MPX”, afirma a casa de análise. A MMX ( MMXM3 ) se divide em dois grandes projetos. O primeiro é a expansão da mina Serra Azul em Minas Gerais, que consta na construção de uma nova usina de beneficiamento, um mineroduto, linhas de transmissão de energia, pátio e terminal ferroviários e prédios administrativos. O segundo grande empreendimento é o Superporto Sudeste em Itaguaí (RJ). O porto irá funcionar exclusivamente para o embarque de minério de ferro e terá capacidade de movimentação de até 50 milhões de toneladas da commodity na primeira fase. A entrada em operação está marcada para o final de 2013. A ideia é exportar a produção de Serra Azul por meio desse porto. “Na atual conjuntura, as ações de MMX estão a mercê de eventuais movimentos societários ”, lembra a Empiricus. A empresa divulgou ontem que avalia oportunidades de negócio, incluindo a venda de ações detidas pelo seu acionista controlador, assim como a de ativos.
A LLX ( LLXL3 ) se assemelha bastante à MMX por conta da sua enorme exposição a um projeto, o Superporto Açú. O empreendimento, em construção em São João da Barra (RJ), poderá movimentar até 350 milhões de toneladas por ano entre exportações e importações, com destaque para o petróleo, em dois terminais (um onshore e outro offshore). “Por mais megalomaníaco que possa parecer, o Superporto do Açu é um ativo de valor e considerado estratégico, por isso torna-se o atrator de fluxo de notícias mais positivo dentre as companhias do grupo, por conta da dinâmica de contratos com terceiros e possibilidade (iminente) de negociação para estabelecimento de uma unidade da Petrobras na área do porto”, destaca a Empiricus. Os analistas lembram do impacto que os contratos na chamada “retroárea” anexa ao porto e que é alugada para empresas que pretendem ter um acesso rápido ao porto. “Independente dos motivos, as perdas de contratos anteriormente firmados para a retroárea costumam ter impactos traumáticos sobre as ações: é mais fácil destruir do que construir credibilidade”, ponderam os analistas. A recomendação às ações é neutra.
A mais famosa das empresas X de Eike Batista tem a recomendação neutra pela equipe da Empiricus Research. O fluxo de notícias às vezes joga a favor da OGX ( OGXP3 ) e outras contra. A venda de 40% em alguns blocos para a Petronas por 850 milhões de dólares foi visto majoritariamente como um fator positivo. Nesta semana, entretanto, três conselheiros independentes deixaram a empresa. Além disso, a falta de certeza sobre a decisão de exercer a put de 1 bilhão de dólares contra Eike Batista também pesa sobre o desempenho das ações na bolsa. A agência de classificação de risco reduziu o rating da empresa para o nível considera “lixo” em junho. “Nos preços atuais, OGXP3 é um caso gritante de assimetria de retornos potenciais, de forma que você sabe quanto pode perder comprando as ações, mas não sabe quanto pode ganhar caso a empresa recupere seus níveis de produção, consiga se capitalizar ou realize um farm out a termos extremamente favoráveis, de forma a marcar para cima o valor da base de ativos”, ressalta a Empiricus. Eles lembram, contudo, que as últimas sinalizações têm sido extremamente negativas e os papéis seguem sob baixíssima visibilidade quanto a potenciais movimentos societários e a posição vendida sobre os papéis mantém um componente adicional de volatilidade sobre os títulos, conferindo um curto e médio prazo bastante complicado para as ações.
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