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Notícias repetidas no Twitter aumentam volatilidade de ações

Um estudo da Universidade de Oxford sugere que o fenômeno é predominante e cria fonte de volatilidade excessiva

Twitter: a enxurrada de notícias nas mídias sociais faz com que algumas ações apanhem durante semanas por causa dos mesmos fatos (Damien Meyer/AFP)
DR

Da Redação

Publicado em 13 de abril de 2016 às 16h06.

Todo mundo que acompanha o mercado acionário vê isso: surge uma publicação no Twitter com notícia já conhecida e os investidores reagem como se fosse novidade.

Um estudo da Universidade de Oxford sugere que o fenômeno é predominante e cria fonte de volatilidade excessiva.

Foram encontradas evidências de que a enxurrada de notícias e opiniões sem mediação nas mídias sociais faz com que algumas ações apanhem durante semanas por causa dos mesmos fatos.

Como muitos estudos acadêmicos sobre o mercado acionário, este de Oxford examinou teorias que questionam a capacidade do mercado de processar informações com perfeita eficiência – neste caso, envolvendo a chamada hipótese da “notícia velha”.

A conclusão é que os investidores dificilmente se comportam como máquinas de racionalidade como rezam os modelos clássicos quando sequer conseguem reconhecer se uma novidade já foi relevada.

“O Twitter, quase que por definição, incentiva a repetição”, disse Ansgar Walther, pesquisador do pós-doutorado que foi coautor do estudo, em entrevista por telefone.

“As pessoas interpretam informação velha como nova. Se todo mundo soubesse que era repetição, o mercado não reagiria tanto.”

A volatilidade aumenta significativamente quando uma ação é citada com mais frequência no Twitter – e não somente por um dia. Os pesquisadores notaram que o efeito pode ser detectado um mês depois.

As ações mais comentadas nas mídias sociais registraram volatilidade 50 por cento maior do que a média, além de aumento no volume médio de negócios de 25 por cento nos 30 dias seguintes, de acordo com dados compilados no estudo.

Intitulado “Mídias sociais, noticiário e o mercado acionário”, o estudo -- elaborado por Walther e os colegas Peiran Jiao e André Veiga -- usa uma métrica para quantificar a cobertura do noticiário de determinadas ações, ao calcular o número de reportagens nos veículos de mídia convencionais ou publicações nas mídias sociais dedicadas a determinada ação, em comparação com outras empresas.

O papel das mídias sociais no mercado acionário está crescendo. Os autores estimaram que Twitter e Facebook têm cerca de 1,8 bilhão de usuários ativos e que 500 milhões de tweets são enviados todo dia.

Dezenas de empresas, incluindo a Bloomberg LP, controladora da Bloomberg News, oferecem produtos que analisam o sentimento nas mídias sociais em relação às ações.

Como conceito teórico, a notícia velha foi abordada em um estudo de 2007 por Paul C. Tetlock, que encontrou evidências de que a reação exagerada dos investidores a informações antigas colocava pressão temporária sobre os preços dos ativos.

“O efeito da notícia velha é um ótimo exemplo de mercados que não processam informação com perfeita eficiência”, disse Juhani Linnainmaa, professor associado de Finanças da Escola de Negócios Booth da Universidade de Chicago, em entrevista por telefone.

“Seria muito difícil encontrar qualquer explicação racional para o que está acontecendo aqui.”

Não é só a repetição que aumenta a volatilidade observada no estudo de Oxford. Os autores dizem que as conclusões são consistentes com a teoria de que os investidores simplesmente entendem os fatos de maneira errada quando os leem nas mídias sociais.

“Um modelo de sentimentos aleatórios fortes pode explicar nossos resultados ao presumir que a interpretação que os investidores fazem dos conteúdos nas mídias sociais é sujeita a erros de percepção significativos e voláteis”, escreveram os autores.

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Todo mundo que acompanha o mercado acionário vê isso: surge uma publicação no Twitter com notícia já conhecida e os investidores reagem como se fosse novidade.

Um estudo da Universidade de Oxford sugere que o fenômeno é predominante e cria fonte de volatilidade excessiva.

Foram encontradas evidências de que a enxurrada de notícias e opiniões sem mediação nas mídias sociais faz com que algumas ações apanhem durante semanas por causa dos mesmos fatos.

Como muitos estudos acadêmicos sobre o mercado acionário, este de Oxford examinou teorias que questionam a capacidade do mercado de processar informações com perfeita eficiência – neste caso, envolvendo a chamada hipótese da “notícia velha”.

A conclusão é que os investidores dificilmente se comportam como máquinas de racionalidade como rezam os modelos clássicos quando sequer conseguem reconhecer se uma novidade já foi relevada.

“O Twitter, quase que por definição, incentiva a repetição”, disse Ansgar Walther, pesquisador do pós-doutorado que foi coautor do estudo, em entrevista por telefone.

“As pessoas interpretam informação velha como nova. Se todo mundo soubesse que era repetição, o mercado não reagiria tanto.”

A volatilidade aumenta significativamente quando uma ação é citada com mais frequência no Twitter – e não somente por um dia. Os pesquisadores notaram que o efeito pode ser detectado um mês depois.

As ações mais comentadas nas mídias sociais registraram volatilidade 50 por cento maior do que a média, além de aumento no volume médio de negócios de 25 por cento nos 30 dias seguintes, de acordo com dados compilados no estudo.

Intitulado “Mídias sociais, noticiário e o mercado acionário”, o estudo -- elaborado por Walther e os colegas Peiran Jiao e André Veiga -- usa uma métrica para quantificar a cobertura do noticiário de determinadas ações, ao calcular o número de reportagens nos veículos de mídia convencionais ou publicações nas mídias sociais dedicadas a determinada ação, em comparação com outras empresas.

O papel das mídias sociais no mercado acionário está crescendo. Os autores estimaram que Twitter e Facebook têm cerca de 1,8 bilhão de usuários ativos e que 500 milhões de tweets são enviados todo dia.

Dezenas de empresas, incluindo a Bloomberg LP, controladora da Bloomberg News, oferecem produtos que analisam o sentimento nas mídias sociais em relação às ações.

Como conceito teórico, a notícia velha foi abordada em um estudo de 2007 por Paul C. Tetlock, que encontrou evidências de que a reação exagerada dos investidores a informações antigas colocava pressão temporária sobre os preços dos ativos.

“O efeito da notícia velha é um ótimo exemplo de mercados que não processam informação com perfeita eficiência”, disse Juhani Linnainmaa, professor associado de Finanças da Escola de Negócios Booth da Universidade de Chicago, em entrevista por telefone.

“Seria muito difícil encontrar qualquer explicação racional para o que está acontecendo aqui.”

Não é só a repetição que aumenta a volatilidade observada no estudo de Oxford. Os autores dizem que as conclusões são consistentes com a teoria de que os investidores simplesmente entendem os fatos de maneira errada quando os leem nas mídias sociais.

“Um modelo de sentimentos aleatórios fortes pode explicar nossos resultados ao presumir que a interpretação que os investidores fazem dos conteúdos nas mídias sociais é sujeita a erros de percepção significativos e voláteis”, escreveram os autores.

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