Mercados

Na crise do Bankia, Espanha vive novo drama nos mercados

Os bônus espanhóis a dez anos fechavam a 6,45% de juros, abaixo dos 6,47% de ontem

A Espanha realiza uma nova reforma financeira com a exigência de maiores provisões às entidades bancárias para respaldar seus créditos ligados ao setor imobiliário (Pierre-Philippe Marcou/AFP)

A Espanha realiza uma nova reforma financeira com a exigência de maiores provisões às entidades bancárias para respaldar seus créditos ligados ao setor imobiliário (Pierre-Philippe Marcou/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 29 de maio de 2012 às 15h57.

Madri - A Espanha viveu nesta terça-feira uma nova jornada dramática nos mercados, no mesmo dia em que o Banco Central da Espanha anunciou que a economia do país seguirá em recessão no segundo trimestre do ano.

No meio dos últimos eventos ligados ao Bankia, cuja matriz reconheceu ontem perdas em 2011 de mais de 3 bilhões de euros - cem vezes mais do que informado anteriormente -, o governador do Banco Central da Espanha, Miguel Ángel Fernández Ordóñez, afirmou que abandonará seu cargo no dia 10 de junho, um mês antes do fim de seu mandato.

Pressionado pelos mercados, o prêmio de risco espanhol - que mede a diferença entre a rentabilidade do bônus alemão a dez anos e seu equivalente nacional - que ontem fechou em um recorde histórico de 511 pontos básicos, concluiu hoje em 509, após ter superado todos os recordes desde a entrada no euro ao escalar até 515 pontos básicos.

Os bônus espanhóis a dez anos fechavam a 6,45% de juros, abaixo dos 6,47% de ontem.

Já Bolsa de Valores de Madri sofreu uma queda de 2,34% no indicador IBEX 35, até 6.251,70 pontos, liderada pelas perdas do Bankia, que caiu 16,25%.

As dúvidas sobre a situação econômica na Espanha, e especialmente de seu sistema bancário, aumentaram nas últimas semanas após a nacionalização do Bankia, quarto grupo bancário espanhol, a aprovação da nova reforma financeira e os rebaixamentos de nota por parte da agência de medição de riscos Standard & Poor"s.

Nesse sentido, a Comissão Europeia considerou hoje "compreensíveis" as reações dos mercados e a alta do prêmio de risco da Espanha após ter sido divulgada a situação do Bankia, e pediu "esforços" para "esclarecer" a realidade de todo o setor bancário espanhol.

O próprio presidente do governo, Mariano Rajoy, reconhecia ontem que "é muito difícil financiar-se" com um prêmio de risco acima dos 500 pontos básicos.


A situação do Bankia se transformou em um grande motivo de preocupação tanto para os cidadãos como para as forças políticas, sobretudo depois que na sexta-feira passada, a entidade solicitasse 19 bilhões de euros adicionais ao Estado para sanear-se, além dos mais de 4 bilhões já injetados.

O incidente com o Bankia pouco mais de um ano após transformar-se em banco após a fusão de várias caixas econômicas, e menos de um ano após entrar na Bolsa, foi hoje alvo de disputa no Congresso dos Deputados, com o pedido da oposição para que se deem explicações claras.

Em plena crise do Bankia, o governador do Banco da Espanha, Miguel Fernández Ordóñez, comunicou hoje a Mariano Rajoy sua intenção de abandonar o cargo no próximo dia 10 de junho.

O mandato de Fernández Ordóñez termina apenas em 12 de julho, mas ele decidiu antecipar a cessação para que seu sucessor "possa incorporar-se no dia 11 de junho", data na qual os bancos devem remeter seus planos sobre o saneamento imobiliário aprovado na última reforma financeira.

"O presidente do governo entendeu que esta decisão favorece uma transição ágil e eficiente no posto de governador e servirá para que o Banco da Espanha siga fornecendo seu conhecimento e profissionalismo na resolução dos problemas de nossa economia e seu sistema bancário", assinalou em comunicado.

O governamental Partido Popular rejeitou hoje que o ainda governador do Banco da Espanha compareça ao Congresso para explicar o sucedido com o Bankia, e seu porta-voz parlamentar, Alfonso Alonso, considerou "contraproducente" o comparecimento agora, como pede a oposição, já que isso só encorajaria o "confronto político".

Enquanto isso, outras três caixas econômicas espanholas, Ibercaja, Liberbank, e Caja3 analisaram hoje uma eventual fusão que criaria o sétimo grupo bancário do país, com ativos de 116 bilhões de euros.

A Espanha realiza uma nova reforma financeira com a exigência de maiores provisões às entidades bancárias para respaldar seus créditos ligados ao setor imobiliário. 

http://d1nfmblh2wz0fd.cloudfront.net/items/loaders/loader_1063.js?aoi=1311798366&pid=1063&zoneid=14729&cid=&rid=&ccid=&ip=

Acompanhe tudo sobre:AçõesBancosbolsas-de-valoresEspanhaEuropaFinançasPiigs

Mais de Mercados

Goldman Sachs vê cenário favorável para emergentes, mas deixa Brasil de fora de recomendações

Empresa responsável por pane global de tecnologia perde R$ 65 bi e CEO pede "profundas desculpas"

Bolsa brasileira comunica que não foi afetada por apagão global de tecnologia

Ibovespa fecha perto da estabilidade após corte de gastos e apagão global

Mais na Exame