Morte por covid na China, PEC alternativa e o que mais move o mercado
Bolsas recuam no exterior após primeira morte por coronavírus na China em seis meses
Guilherme Guilherme
Publicado em 21 de novembro de 2022 às 08h05.
Última atualização em 21 de novembro de 2022 às 08h34.
Bolsas internacionais iniciaram a semana em queda, com investidores projetando um cenário mais desafiador para a economia chinesa, após o país registrar sua primeira morte por covid-19 desde maio.
China tem primeira morte por covid em 6 meses
O óbito ocorreu em meio ao aumento do número de casos na China, que chegou a bater 24.000 em apenas 24h no fim de semana.
O medo de investidores é de que a primeira morte em seis meses e a nova onda de coronavírus na China atrasem os planos de reabertura, que até dias atrás vinham gerando otimismo no mercado.
A bolsa de Hong Kong fechou em queda de 1,87% nesta madrugada. O minério de ferro, que tem a China como sua principal fonte de demanda, caiu 1,6% em Dalian e mais de 3% em Singapura. Preocupações sobre o ritmo da atividade econômica chinesa também aflingem o mercado ocidental, com as principais bolsas da Europa e os índices futuros americanos operando no vermelho nesta manhã.
Inflação ao produtor desaba na Alemanha
O que ajuda a aliviar parte das tensões são novos dados abaixo do esperado para a inflação.
Desta vez, a surpresa positiva veio da Alemanha, onde o Índice de Preço ao Produtor (IPP) de outubro apresentou retração de 4,2% ante consenso de 0,9% de alta. No acumulado de 12 meses, a queda foi de mais de 10 pontos percentuais, com redução de 45,8% para 34,5%. A expectativa era de desaceleração para 41,5%. Os dados desta manhã vão em linha com os divulgados pelas principais economias ocidentais nas últimas semanas, que saíram abaixo das projeções.
Desempenho dos indicadores às 7h40 (de Brasília):
- Dow Jones futuro (Nova York): - 0,23%
- S&P 500 futuro (Nova York): - 0,45%
- Nasdaq futuro (Nova York): - 0,69%
- DAX (Frankfurt): - 0,57%
- CAC 40 (Paris): - 0,19%
- FTSE 100 (Londres): - 0,05%
- Stoxx 600 (Europa): - 0,18%
- Hang Seng (Hong Kong): - 1,87%
Holofotes em Brasília
Apesar da melhora de cenário para a inflação internacional, no Brasil, é a política que tem feito preço. O Ibovespa vem de duas semanas de queda, com o mercado reagindo negativamente à PEC da Transição e às sinalizações de quem deverá ser o novo ministro da Fazenda. No último pregão, o mercado, mais uma vez, deu o recado de que a indicação de Fernando Haddad para o cargo não será bem-aceita.
Mas discussões sobre a PEC da Transição e até mesmo a apresentação de uma PEC alternativa, mais palpável ao mercado, podem gerar doses de alívio no mercado brasileiro.
Do lado das negociações, o centrão busca um prazo de validade curto para os gatos extra-tetos propostos pela equipe de transição. Segundo fontes da Veja, a PEC terá mais cara de Ciro Nogueira (PP-PI), um dos líderes do centrão, que defende que a medida dure apenas em 2023.
Mas se por um lado a definição de uma data para o fim do extra-teto tende a ser uma sinalização positiva ao mercado, por outro lado, abre espaço para novas rodadas de negociação no Congresso nos anos seguintes -- sendo mais um ponto de incerteza no horizonte.
PEC alternativa
Uma alternativa seria a PEC apresentada neste fim de semana pelo senador Alessandro Vieira (PSDB-SE), que reduz para R$ 70 bilhões o gasto extra-teto (contra cerca de R$ 200 bilhões da PEC da Transição), estabelecendo um limite de quatro anos, e ainda propõe uma data para que uma nova âncora fiscal seja apresentada. Pela nova proposta, estariam cobertos os gastos de R$ 600 por família do Bolsa Família e os R$ 150 por criança até seis anos.