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Merrill Lynch vê Ibovespa a caminho de 70 mil pontos em 2014

Relatório do banco mostra que ações parecem atrativas, com um potencial de crescimento do lucro por ação de 18% em 2015

Bovespa: relatório do Merrill Lynch mostra que índice da bolsa não reflete a economia do país (Paulo Whitaker/Reuters)
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Da Redação

Publicado em 28 de outubro de 2013 às 15h34.

São Paulo - As ações brasileiras parecem atrativas, negociadas por um preço equivalente a 10,5 vezes seu lucro anual projetado e com um potencial de crescimento do lucro por ação de 18% em 2015. Esses fatores podem levar o Índice Bovespa de volta aos 70 mil pontos no ano que vem, acredita o banco de investimento Bank of America Merrill Lynch .

Conforme relatório enviado aos clientes, assinado pelos analistas Felipe Hirai e Marina Valle, o Ibovespa não reflete a economia do país, que caminha perto dos modestos 2,5% de crescimento ao ano. Enquanto isso, os lucros das empresas podem crescer entre 15% e 20% em 2014 e 2015.

A inflação alta, o mercado de trabalho apertado, a desvalorização do real perante o dólar e a intervenção do governo reduziram as margens das empresas, de 18% para 8% nos últimos seis a sete anos, o que pode ser um piso, acredita o banco. Isso singificaria que, se as empresas conseguirem manter seus múltiplos em suas médias históricas com essa margem, elas já serão atrativas.

A Merrill Lynch acredita ainda que o custo de uma intervenção adicional na economia seria muito alto.

No relatório, o banco de investimento afirma que, se as margens das empresas se expandirem, o Ibovespa poderá atingir os 70 mil pontos em 18 a 14 meses, o que significaria um ganho potencial de 28%, quase três vezes a atual taxa de juros, de 9,5% ao ano.

O relatório alerta que investidores que usarem como referencial os dados históricos de preço em relação ao lucro (P/E, indicador do tempo de retorno do investimento, portanto quanto menor, melhor) podem perder o ciclo de recuperação uma vez que a redução das margens das companhias pode estar perto do seu fim após cinco a seis anos de aperto.


O custo de capital subiu, mas o impacto deverá ser maior nas empresas mais dependentes de crédito, e mesmo assim a maior parte do ajuste dos juros já ocorreu. E o novo cálculo do Índice Bovespa, que começa parcialmente em janeiro, tende a reduzir a volatilidade e ajudar a atrair investidores.

Instabilidade no curto prazo

No curto prazo, porém, a Merrill Lynch alerta que a bolsa brasileira seguirá bastante instável, por conta do fim dos subsídios ao mercado nos EUA, o crescimento fraco da economia, a alta inflação e os juros maiores. Também a baixa credibilidade do governo, preocupações sobre novas intervenções e políticas econômicas contraditórias ainda vão exigir um desconto nos preços.

A eleição presidencial do ano que vem acrescentará um ruído extra, mas o cenário mais provável, segundo a Merrill Lynch, é a vitória da presidente Dilma Roussef. Um dos pontos-chave, segundo o relatório, é que o que é ruim para a economia (consumo representando 60% do PIB) não é necessariamente mau para o mercado (20% relacionados ao consumo), já que os outros 80% podem recuperar margens. “Mas nós admitimos que esta visão tem muitos riscos e ainda está longe de um consenso”, destaca o relatório.

O banco estima que, enquanto as margens das empresas caíam de 18% para 8%, as receitas das empresas e o PIB brasileiro dobraram em termos nominais em reais nos últimos seis a sete anos. Porém, diz o relatório da Merrill Lynch, um ponto de inflexão das margens está próximo.


A taxa de desemprego deve parar de cair, a moeda brasileira vai se desvalorizar e muitas das margens que foram comprimidas pelo governo no ano passado e neste ano devem se normalizar em 2014 e 2015, caso da gasolina, eletricidade, câmbio e crédito.

Para a Merrill Lynch, o crescimento do PIB tem sido um bom indicador de receitas das empresas, mas um mau sinalizador do crescimento dos lucros. Muitos investidores não esperam um crescimento de 15% a 20% nos lucros no Brasil nos próximos 3 a 4 anos, basicamente por causa das significantes revisões para baixo de lucros nos últimos 6 a 7 anos e pelas perspectivas negativas para o PIB.

No relatório, o banco de investimentos estima que o lucro das empresas do Índice Brasil (IBrX) 100 teria um potencial de crescimento de 18% se fossem retirados os componentes que pressionaram os ganhos das companhias como a intervenção do governo e a valorização do real diante do dólar. Nesse número estaria um crescimento de 15% dos lucros dos bancos privados, em comparação ao ritmo atual de 5%, a alta do dólar para R$ 2,45, beneficiando exportadores como mineradoras e papel e celulose, o fim do desconto no preço da gasolina e do diesel pela Petrobras e o desconto das tarifas de energia elétrica na renovação das concessões. “Não esperamos que as empresas recuperem esse lucro perdido, mas as taxas de crescimento devem se normalizar”, diz o banco de investimentos. Nesse caso, o crescimento de 15% no lucro seria possível.

Chega de consumo

Sobre os setores, o banco de investimentos vê discrepâncias entre os setores cíclicos, que acompanham a economia local e internacional, e os voltados ao mercado interno. “Na nossa visão, os papéis baratos do setor de cíclicos oferecem melhores oportunidades, com uma tendência de recuperação para os níveis históricos”, diz o relatório.

Em outras palavras, o que valeu para o Brasil nos últimos seis anos, a preferência pelas empresas voltadas ao consumo interno, não vale mais. Esses papéis seguem caros e devem perder para o restante do mercado (como commodities, bancos, setores industriais e de serviços públicos) nos próximos dois anos.

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Conforme relatório enviado aos clientes, assinado pelos analistas Felipe Hirai e Marina Valle, o Ibovespa não reflete a economia do país, que caminha perto dos modestos 2,5% de crescimento ao ano. Enquanto isso, os lucros das empresas podem crescer entre 15% e 20% em 2014 e 2015.

A inflação alta, o mercado de trabalho apertado, a desvalorização do real perante o dólar e a intervenção do governo reduziram as margens das empresas, de 18% para 8% nos últimos seis a sete anos, o que pode ser um piso, acredita o banco. Isso singificaria que, se as empresas conseguirem manter seus múltiplos em suas médias históricas com essa margem, elas já serão atrativas.

A Merrill Lynch acredita ainda que o custo de uma intervenção adicional na economia seria muito alto.

No relatório, o banco de investimento afirma que, se as margens das empresas se expandirem, o Ibovespa poderá atingir os 70 mil pontos em 18 a 14 meses, o que significaria um ganho potencial de 28%, quase três vezes a atual taxa de juros, de 9,5% ao ano.

O relatório alerta que investidores que usarem como referencial os dados históricos de preço em relação ao lucro (P/E, indicador do tempo de retorno do investimento, portanto quanto menor, melhor) podem perder o ciclo de recuperação uma vez que a redução das margens das companhias pode estar perto do seu fim após cinco a seis anos de aperto.


O custo de capital subiu, mas o impacto deverá ser maior nas empresas mais dependentes de crédito, e mesmo assim a maior parte do ajuste dos juros já ocorreu. E o novo cálculo do Índice Bovespa, que começa parcialmente em janeiro, tende a reduzir a volatilidade e ajudar a atrair investidores.

Instabilidade no curto prazo

No curto prazo, porém, a Merrill Lynch alerta que a bolsa brasileira seguirá bastante instável, por conta do fim dos subsídios ao mercado nos EUA, o crescimento fraco da economia, a alta inflação e os juros maiores. Também a baixa credibilidade do governo, preocupações sobre novas intervenções e políticas econômicas contraditórias ainda vão exigir um desconto nos preços.

A eleição presidencial do ano que vem acrescentará um ruído extra, mas o cenário mais provável, segundo a Merrill Lynch, é a vitória da presidente Dilma Roussef. Um dos pontos-chave, segundo o relatório, é que o que é ruim para a economia (consumo representando 60% do PIB) não é necessariamente mau para o mercado (20% relacionados ao consumo), já que os outros 80% podem recuperar margens. “Mas nós admitimos que esta visão tem muitos riscos e ainda está longe de um consenso”, destaca o relatório.

O banco estima que, enquanto as margens das empresas caíam de 18% para 8%, as receitas das empresas e o PIB brasileiro dobraram em termos nominais em reais nos últimos seis a sete anos. Porém, diz o relatório da Merrill Lynch, um ponto de inflexão das margens está próximo.


A taxa de desemprego deve parar de cair, a moeda brasileira vai se desvalorizar e muitas das margens que foram comprimidas pelo governo no ano passado e neste ano devem se normalizar em 2014 e 2015, caso da gasolina, eletricidade, câmbio e crédito.

Para a Merrill Lynch, o crescimento do PIB tem sido um bom indicador de receitas das empresas, mas um mau sinalizador do crescimento dos lucros. Muitos investidores não esperam um crescimento de 15% a 20% nos lucros no Brasil nos próximos 3 a 4 anos, basicamente por causa das significantes revisões para baixo de lucros nos últimos 6 a 7 anos e pelas perspectivas negativas para o PIB.

No relatório, o banco de investimentos estima que o lucro das empresas do Índice Brasil (IBrX) 100 teria um potencial de crescimento de 18% se fossem retirados os componentes que pressionaram os ganhos das companhias como a intervenção do governo e a valorização do real diante do dólar. Nesse número estaria um crescimento de 15% dos lucros dos bancos privados, em comparação ao ritmo atual de 5%, a alta do dólar para R$ 2,45, beneficiando exportadores como mineradoras e papel e celulose, o fim do desconto no preço da gasolina e do diesel pela Petrobras e o desconto das tarifas de energia elétrica na renovação das concessões. “Não esperamos que as empresas recuperem esse lucro perdido, mas as taxas de crescimento devem se normalizar”, diz o banco de investimentos. Nesse caso, o crescimento de 15% no lucro seria possível.

Chega de consumo

Sobre os setores, o banco de investimentos vê discrepâncias entre os setores cíclicos, que acompanham a economia local e internacional, e os voltados ao mercado interno. “Na nossa visão, os papéis baratos do setor de cíclicos oferecem melhores oportunidades, com uma tendência de recuperação para os níveis históricos”, diz o relatório.

Em outras palavras, o que valeu para o Brasil nos últimos seis anos, a preferência pelas empresas voltadas ao consumo interno, não vale mais. Esses papéis seguem caros e devem perder para o restante do mercado (como commodities, bancos, setores industriais e de serviços públicos) nos próximos dois anos.

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