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Mercado já precifica calote da Rússia na dívida externa; veja os efeitos

Contratos de swap indicam probabilidades de inadimplência de 71% em um ano e de 81% em cinco anos, segundo a ICE Data Services

Rublo está em queda livre, de mais de 40% neste ano até o dia 10 de março, diante dos efeitos da guerra contra a Ucrânia (Dado Ruvic/Reuters)
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Bloomberg

Publicado em 10 de março de 2022 às 16h16.

Última atualização em 10 de março de 2022 às 16h30.

O mercado de contratos de swap indica que a Rússia vai dar calote na dívida externa e que o seguro vai cobrir o rombo.

A negociação de derivativos de crédito (credit default swaps, conhecidos pela sigla CDS), que são usados como proteção em caso de não pagamento, disparou nesta semana, embora não esteja claro se o plano da Rússia de pagar alguns credores estrangeiros com rublos pode ser considerado um calote. Há temores de que as sanções internacionais e os termos de títulos compliquem a liquidação dos US$ 39,7 bilhões em contratos pendentes.

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Os swaps indicam probabilidades de inadimplência de 71% em um ano e de 81% em cinco anos, segundo a ICE Data Services. O custo para garantir US$ 10 milhões em dívida da Rússia por um ano é de US$ 5,8 milhões adiantados mais US$ 100 mil anualmente.

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Na semana passada, o valor era de US$ 3,8 milhões adiantados. Antes da invasão da Ucrânia, há duas semanas, a quantia total estava em apenas US$ 300 mil anuais — o equivalente a aproximadamente 300 pontos-base. O valor se concentra na parcela adiantada quando a percepção é de inadimplência iminente.

“O mercado agora está sinalizando claramente que acredita que o CDS da Rússia vai funcionar”, disse Jochen Felsenheimer, diretor-gerente da Xaia Investment em Munique. “Vimos grandes volumes de compras de CDS nesta semana e isso é demonstrado pelos níveis crescentes para o valor adiantado.”

Investidores tentam entender se esses derivativos de crédito poderão ser liquidados se a Rússia pagar sua dívida externa com rublos. O presidente Vladimir Putin assinou um decreto no fim de semana permitindo que o governo e as empresas do país façam isso.

Na próxima quarta-feira, dia 16 de março, vencem US$ 117 milhões em cupons de títulos denominados em dólar emitidos pela Rússia, que eventualmente podem acionar os termos dos swaps se o pagamento for efetuado em moeda local.

Caso as obrigações junto a credores estrangeiros não sejam pagas, será a primeira vez que isso acontece desde a Revolução Russa, quando os bolcheviques se recusaram a reconhecer os títulos emitidos sob o regime do czar. Em 1998, a Rússia deu calote na dívida interna, mas a dívida externa foi reestruturada.

Os cupons que vencem na próxima semana têm carência de 30 dias. Se o prazo expirar sem pagamento em moeda aceita, investidores provavelmente solicitarão que o Comitê de Determinação de Derivativos de Crédito declare que os swaps de inadimplência foram acionados e agende um leilão de liquidação.

“Isso acontecerá mais cedo ou mais tarde, a questão é o que pode ser entregue”, disse Felsenheimer. “Todos nós estamos relendo os prospectos e tentando entender os desfechos. A confusão na semana passada mostrou que muita gente no mercado não lê os detalhes dos contratos.”

Mais uma vez, o mercado de derivativos de crédito é posto à prova. Em vários momentos desde a crise financeira de 2008, esse mercado foi criticado por não compensar investidores por perdas em dívidas subjacentes.

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