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Más notícias se tornam boas para os operadores anti-Dilma

Enquanto as pesquisas eleitorais mostram a queda de Dilma, a fiabilidade creditícia do Brasil para os próximos cinco anos melhorou no mercado de derivativos


	Sede da Bovespa: o índice Ibovespa da bolsa de São Paulo subiu 3,5 por cento após a publicação da pesquisa, marcando a maior alta em um dia no que vai do ano
 (Yasuyoshi/AFP Photo)

Sede da Bovespa: o índice Ibovespa da bolsa de São Paulo subiu 3,5 por cento após a publicação da pesquisa, marcando a maior alta em um dia no que vai do ano (Yasuyoshi/AFP Photo)

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Da Redação

Publicado em 5 de maio de 2014 às 14h58.

A decrescente sorte eleitoral da presidente Dilma Rousseff, provocada pelo cambaleio da economia do Brasil, está tornando os operadores mais altistas em relação ao País.

Enquanto as pesquisas de opinião pública publicadas desde o final de março mostram que ela está perdendo apoio entre os brasileiros pela primeira vez desde os protestos que ocorreram no ano passado, a fiabilidade creditícia do Brasil para os próximos cinco anos melhorou no mercado de derivativos.

A última pesquisa mostra que Dilma poderia não contar com suficiente apoio para ganhar as eleições no primeiro turno.

Com base nos swaps de risco de incumprimento (“credit default swaps”, CDS), o custo para proteger a dívida do Brasil contra inadimplência teve a maior queda entre os países com notas de crédito similares nos últimos trinta dias.

A popularidade de Dilma caiu porque as medidas de maior gasto público e reduções impositivas da sua administração não conseguem acelerar o crescimento econômico e alimentam uma inflação superior à meta.

Mesmo depois de os decisores políticos terem se comprometido a controlar os gastos neste ano, Dilma anunciou ajudas financeiras e reduções impositivas no valor de bilhões de dólares na semana passada.

Donato Guarino, estrategista da Barclays Plc, diz que os operadores são estimulados pelos sinais de que os brasileiros estejam exigindo uma mudança nas políticas e pareçam cada vez mais dispostos a removê-la da presidência nas eleições de outubro.

“O fator mais importante é político”, disse ele em entrevista por telefone, de Nova York, quando consultado sobre a queda nos preços dos CDS do Brasil. “A Dilma tem sido muito intervencionista”.

Protestos nas ruas

Os CDS a cinco anos caíram 19 pontos-base e atingiram o menor nível em mais de sete meses na semana passada, a partir do dia 27 de março, quando uma pesquisa publicada pela Confederação Nacional da Indústria mostrou que o índice de aprovação de Dilma caiu pela primeira vez desde que os protestos que tomaram as ruas em junho contra as prioridades de gasto do Estado, a inflação e a corrupção levaram sua popularidade para uma baixa recorde.

O índice Ibovespa da bolsa de São Paulo subiu 3,5 por cento após a publicação da pesquisa, marcando a maior alta em um dia no que vai do ano.

“Tudo o que for ruim para a Dilma é bom para o mercado”, disse Klaus Spielkamp, diretor de vendas de renda fixa na Bulltick LLC, em entrevista por telefone de Miami.

“A notícia mais importante para o Brasil é a possibilidade de que Dilma não seja reeleita. É a coisa mais positiva para o Brasil hoje”.

Pesquisas de opinião

Nos 33 dias seguintes à publicação da pesquisa, outras três mostraram uma queda no apoio ao governo de Dilma.

O crescente custo de vida ajudou a diminuir o apoio a presidente brasileira de 44 por cento em fevereiro para 37 por cento no mês passado, segundo uma sondagem realizada pela empresa de pesquisa de opinião pública MDA.

O questionário a enfrentou com Aécio Neves e Eduardo Campos, e deu à Dilma uma vantagem de mais de 15 pontos porcentuais e 25 pontos-base em relação a ambos os candidatos potenciais, respectivamente.

A pesquisa, encarregada pela Confederação Nacional do Transporte, entrevistou 2.002 pessoas entre os dias 20 e 25 de abril e possui uma margem de erro de 2,2 pontos porcentuais.

Em 29 de abril, o senador Neves disse em uma reunião de líderes empresariais em São Paulo que sua administração enfatizaria políticas projetadas para desacelerar a inflação.

O ex-governador Campos está fazendo campanha com uma plataforma que inclui oferecer maior autonomia a um Banco Central cujo líder pode ser demitido pelo presidente e reduzir quase pela metade os 39 ministérios federais para diminuir gastos.

Na semana passada, Dilma disse que seu governo reduziria o imposto sobre a renda e aumentaria a assistência financeira aos pobres como parte de uma estratégia para sustentar o crescimento.

Com as medidas, a receita fiscal do Brasil cairia R$ 5,3 bilhões em 2015 e os gastos aumentariam R$ 1,7 bilhão neste ano e R$ 2,7 bilhões no seguinte, conforme o governo.

“A alta da inflação, os gastos públicos e o medo dos protestos nas ruas passaram de serem ruins para o Brasil a serem ruins para Dilma”, disse Spielkamp da Bulltick. “O que o investidor médio costumava ver como um problema para o Brasil era, na verdade, uma coisa boa”.

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