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Máfia italiana está por trás de títulos vendidos a investidores

Títulos foram vinculados a ativos criados por empresas de fachada para a máfia, que atua na região da Calábria

Calábria, na Itália: 'Ndrangheta não é tão conhecido internacionalmente como a máfia siciliana, mas tem crescido nas últimas décadas (nata_rass/Getty Images)
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Da Redação

Publicado em 7 de julho de 2020 às 17h36.

Última atualização em 7 de julho de 2020 às 18h06.

A máfia italiana ‘Ndrangheta, que está envolvida com tráfico de drogas, extorsão e contrabando de armas, estava por trás de diversos títulos emitidos no mercado internacional a investidores, por meio de empresas de fachada italianas.

Estima-se que 1 bilhão de euros desses títulos privados foram vendidos a investidores internacionais entre 2015 e 2019, de acordo com o jornal americanoFinancial Times.

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Alguns dos títulos foram vinculados a ativos que tinham sido criados por empresas de fachada para a máfia, que atua na região da Calábria.

O 'Ndrangheta não é tão conhecido internacionalmente como a máfia siciliana, mas tem crescido nas últimas décadas e se tornou um dos grupos mais ricos e temidos. O grupo tem um faturamente anual de 44 bilhões de euros.

Os títulos eram criados por essas empresas de fachada a partir de faturas não pagas às autoridades de saúde italianas.

Na União Europeia, faturas em atraso devidas por entidades ligadas ao estado têm uma taxa de juro garantida. Assim, elas são colocadas em um grande conjunto de ativos, lastreados pelos fluxos de caixa esperados da futura liquidação das faturas.

A maioria dos ativos securitizados nos negócios era legítima, mas alguns eram de empresas mais tarde reveladas como controladas por certos clãs 'Ndrangheta.

Outros investidores incluem fundos de pensão, hedge funds e family offices, que procuravam formas exóticas de obter retornos altos, ainda segundo o jornal Financial Times.

Os títulos chegaram a ser comprados por um dos maiores bancos da Europa, o Banca Generali, com transação feita pela consultoria de contabilidade EY.

O banco foi contactado pelo jornal Financial Times e disse que não tinha conhecimento de quaisquer problemas com os ativos.

Os títulos tinham sua venda operacionalizada pelo CFE, um banco de investimento butique de Genebra. Em resposta à reportagem do Financial Time s, o CFE disse que nunca havia adquirido intencionalmente ativos ligados a atividades criminosas.

As empresas também disseram que se surgirem questões legais futuras, elas serão relatadas às autoridades italianas.

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