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Juros sobem após Copom reconhecer piora da inflação

Após movimentação dos juros perto da estabilidade, as taxas subiram em meio a temores sobre a inflação

Bovespa: a taxa do DI para julho deste ano era de 7,07% ao fim das negociações, ante 7,06% no ajuste (Nacho Doce/Reuters)
DR

Da Redação

Publicado em 17 de janeiro de 2013 às 16h51.

São Paulo - As mudanças no comunicado da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgado na noite passada, motivaram os ajustes em alta das taxas dos contratos futuros de juros nesta quinta-feira, em especial nos vencimentos com prazos mais longos.

O documento do Banco Central citou a "piora no curto prazo" para a inflação e, ao mesmo tempo, a recuperação da atividade doméstica "menos intensa do que o esperado". Em meio a estes estímulos divergentes para as taxas, os investidores deram mais ênfase às preocupações com a inflação, o que se traduziu no aumento dos juros.

Ao fim da sessão regular da BM&F, a taxa do contrato futuro para abril de 2013 (15.890 contratos) marcou 7,021%, ante 7,04% do ajuste de quarta-feira. Já a taxa do DI para julho de 2013 (72.560 contratos) estava em 7,07%, ante 7,06%. O contrato para janeiro de 2014 (339.065 contratos) marcava 7,19%, ante 7,16%, e o DI para janeiro de 2015 (309.015 contratos) estava em 7,87%, ante 7,76%. Na ponta mais longa da curva a termo, o contrato para janeiro de 2017 (179.550 contratos) tinha taxa de 8,66%, ante 8,53%, e o DI para janeiro de 2021 (12.655 contratos) estava em 9,37%, ante 9,22%.

Pela manhã, as taxas dos DIs chegaram a oscilar muito perto da estabilidade mas, à tarde, os ganhos se ampliaram. Por trás do movimento está a leitura de que o BC, por meio do comunicado, deixou claro que a inflação é monitorada com atenção, a despeito de a atividade ainda não ter deslanchado. A alta também foi intensificada, segundo alguns operadores, por movimentos técnicos, quando o avanço disparou novas operações de tomada de taxas.

"Alguns analistas continuavam esperando corte de juros, mas com a citação da inflação no comunicado, isso vai sendo corrigido", disse Maurício Nakahodo, consultor de pesquisas econômicas do Banco de Tokyo-Mitsubishi UFJ. Segundo ele, o comunicado foi "realista" ao reconhecer "a piora da inflação de curto prazo". "Até por isso o governo vem tentando postergar alguns aumentos, como os das tarifas de ônibus."


Apesar do movimento desta sessão, a curva a termo alterou de forma marginal a perspectiva para a Selic em 2013. O economista sênior do Besi Brasil, Flávio Serrano, lembra que a curva havia eliminado, em sua precificação, a perspectiva de corte dos juros básicos este ano. Agora, com o novo comunicado do Copom, elevou-se um pouco a probabilidade de alta da Selic no fim do ano. "Grosso modo, temos 3 pontos de alta precificados por reunião do Copom até agosto. Em outubro, temos 10 pontos e, em novembro, 15 pontos. Na prática, há uma probabilidade de a Selic subir 0,25 ponto porcentual em uma das duas últimas reuniões", comentou.

Serrano lembra, porém, que antes mesmo da reunião do Copom a curva já precificava probabilidade parecida de alta da Selic no fim de 2013. Esta também é a percepção do estrategista-chefe do Banco WestLB do Brasil, Luciano Rostagno, que, ao avaliar a curva, enxerga duas altas de 0,25 ponto porcentual da Selic, uma em outubro e outra em novembro. Leituras da curva costumam variar conforme o vértice utilizado e a forma de cálculo.

Seja como for, os profissionais destacaram a preocupação do BC com a inflação, embora o comunicado deixe margens - como é de costume - para interpretações variadas.

A pressão de alta nas taxas neste pregão, conforme Rostagno, foi reforçada pelos números positivos da economia dos Estados Unidos divulgados mais cedo. Por lá, os pedidos de auxílio-desemprego caíram mais que o esperado na última semana e as construções de moradias iniciadas em dezembro ficaram acima das expectativas.

Pela manhã, a Fundação Getulio Vargas (FGV) anunciou alta de 0,42% do IGP-10 em janeiro, o que indica desaceleração ante a taxa de dezembro, enquanto a Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgou dados positivos da indústria em novembro.

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São Paulo - As mudanças no comunicado da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgado na noite passada, motivaram os ajustes em alta das taxas dos contratos futuros de juros nesta quinta-feira, em especial nos vencimentos com prazos mais longos.

O documento do Banco Central citou a "piora no curto prazo" para a inflação e, ao mesmo tempo, a recuperação da atividade doméstica "menos intensa do que o esperado". Em meio a estes estímulos divergentes para as taxas, os investidores deram mais ênfase às preocupações com a inflação, o que se traduziu no aumento dos juros.

Ao fim da sessão regular da BM&F, a taxa do contrato futuro para abril de 2013 (15.890 contratos) marcou 7,021%, ante 7,04% do ajuste de quarta-feira. Já a taxa do DI para julho de 2013 (72.560 contratos) estava em 7,07%, ante 7,06%. O contrato para janeiro de 2014 (339.065 contratos) marcava 7,19%, ante 7,16%, e o DI para janeiro de 2015 (309.015 contratos) estava em 7,87%, ante 7,76%. Na ponta mais longa da curva a termo, o contrato para janeiro de 2017 (179.550 contratos) tinha taxa de 8,66%, ante 8,53%, e o DI para janeiro de 2021 (12.655 contratos) estava em 9,37%, ante 9,22%.

Pela manhã, as taxas dos DIs chegaram a oscilar muito perto da estabilidade mas, à tarde, os ganhos se ampliaram. Por trás do movimento está a leitura de que o BC, por meio do comunicado, deixou claro que a inflação é monitorada com atenção, a despeito de a atividade ainda não ter deslanchado. A alta também foi intensificada, segundo alguns operadores, por movimentos técnicos, quando o avanço disparou novas operações de tomada de taxas.

"Alguns analistas continuavam esperando corte de juros, mas com a citação da inflação no comunicado, isso vai sendo corrigido", disse Maurício Nakahodo, consultor de pesquisas econômicas do Banco de Tokyo-Mitsubishi UFJ. Segundo ele, o comunicado foi "realista" ao reconhecer "a piora da inflação de curto prazo". "Até por isso o governo vem tentando postergar alguns aumentos, como os das tarifas de ônibus."


Apesar do movimento desta sessão, a curva a termo alterou de forma marginal a perspectiva para a Selic em 2013. O economista sênior do Besi Brasil, Flávio Serrano, lembra que a curva havia eliminado, em sua precificação, a perspectiva de corte dos juros básicos este ano. Agora, com o novo comunicado do Copom, elevou-se um pouco a probabilidade de alta da Selic no fim do ano. "Grosso modo, temos 3 pontos de alta precificados por reunião do Copom até agosto. Em outubro, temos 10 pontos e, em novembro, 15 pontos. Na prática, há uma probabilidade de a Selic subir 0,25 ponto porcentual em uma das duas últimas reuniões", comentou.

Serrano lembra, porém, que antes mesmo da reunião do Copom a curva já precificava probabilidade parecida de alta da Selic no fim de 2013. Esta também é a percepção do estrategista-chefe do Banco WestLB do Brasil, Luciano Rostagno, que, ao avaliar a curva, enxerga duas altas de 0,25 ponto porcentual da Selic, uma em outubro e outra em novembro. Leituras da curva costumam variar conforme o vértice utilizado e a forma de cálculo.

Seja como for, os profissionais destacaram a preocupação do BC com a inflação, embora o comunicado deixe margens - como é de costume - para interpretações variadas.

A pressão de alta nas taxas neste pregão, conforme Rostagno, foi reforçada pelos números positivos da economia dos Estados Unidos divulgados mais cedo. Por lá, os pedidos de auxílio-desemprego caíram mais que o esperado na última semana e as construções de moradias iniciadas em dezembro ficaram acima das expectativas.

Pela manhã, a Fundação Getulio Vargas (FGV) anunciou alta de 0,42% do IGP-10 em janeiro, o que indica desaceleração ante a taxa de dezembro, enquanto a Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgou dados positivos da indústria em novembro.

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