Exame Logo

Juros futuros saltam após denúncias envolvendo Temer

Após escândalos envolvendo o presidente, investidores já apostam que o Banco Central vai desacelerar o ritmo de cortes da Selic agora

Bolsa brasileira: às 9:31, as taxas dos contratos com vencimento para janeiro de 2021 e janeiro de 2023 saltavam 1,35 ponto percentual (Germano Luders/Exame)
R

Reuters

Publicado em 18 de maio de 2017 às 09h53.

Última atualização em 18 de maio de 2017 às 11h19.

São Paulo - As taxas dos contratos futuros de juros disparavam nesta quinta-feira e foram para os limites máximos, repercutindo a aversão ao risco depois que denúncias atingiram o presidente Michel Temer e com os investidores já apostando que o Banco Central vai desacelerar o ritmo de cortes da Selic agora.

A curva de juros precificava cerca de 90 por cento de chances de redução de 0,50 ponto percentual da Selic no encontro do Comitê de Política Monetária (Copom) no final do mês e o restante era de apostas de 0,25 ponto, segundo dados da Reuters Na véspera, a maioria das apostas indicava corte de 1,25 ponto agora.

Veja também

Profissionais ponderaram, entretanto, que devido ao nervosismo do negócios e a paralisia após as taxas terem atingido os limites de máxima, a precificação dos DIs nesta sessão ainda deveria sofrer ajustes.

A Selic está hoje em 11,25 por cento ao ano, após dois cortes de 0,25 ponto cada, dois de 0,75 ponto e um de 1 ponto.

"O mercado agora tem certeza de que a reforma (da Previdência) vai atrasar. É um cenário péssimo, abala a confiança no país e interrompe a caminhada do Brasil de volta ao grau de investimento", afirmou o diretor da corretora Mirae Asset, Pablo Spyer.

O CDS de 5 anos do Brasil, por exemplo, disparou 68 pontos-base nesta sessão e foi a 274 pontos-base, o maior nível desde janeiro.

Na véspera, notícias informaram que o empresário Joesley Batista, do frigorífico JBS, gravou o presidente Temer dando aval à compra do silêncio do ex-deputado federal Eduardo Cunha. O temor era de que as reformas, em especial da Previdência, sejam deixadas de lado neste momento de forte turbulência política.

Segundo fontes, o presidente Michel Temer deve fazer um pronunciamento ainda nesta quinta-feira para tentar explicar as acusações.

Como a maioria dos ativos operava nos limites máximos de negociação, a B3 divulgou comunicado elevando esses percentuais e os DIs os atingiram em seguida.

"É uma situação de pânico geral, com incerteza total em relação aos desdobramentos", afirmou o estrategista da Fator Administração de Recursos, Paulo Gala.

Mais cedo, o Tesouro Nacional e o BC publicaram notas afirmando que estão atentos ao mercado e que atuarão para manter sua plena funcionalidade.

O Tesouro suspendeu o leilão de venda de LTN e LFT programado para esta sessão, enquanto que o BC ampliou a atuação no mercado de câmbio.

Até então, os mercados financeiros estavam vivendo uma espécies de lua-de-mel com o governo Temer, apostando que ele conseguiria angariar votos suficientes para aprovar as reformas no Congresso Nacional. O dólar, nesta semana, chegou a fechar abaixo do patamar de 3,10 reais.

Além disso, a economia vinha dando alguns sinais de recuperação, depois de dois anos seguidos de forte recessão. A inflação também vinha perdendo fôlego e possibilitando que o BC fizesse reduções importantes na taxa básica de juros, o que tem potencial para estimular o consumo.

Às 11:11, as taxas dos DIs com vencimento em janeiro de 2021 e janeiro de 2023 subiam 1,8 ponto percentual.

Acompanhe tudo sobre:JurosMercado financeiroMichel Temer

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Mercados

Mais na Exame